LUCAS
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
A Bíblia Explicada - S.E. McNair (4ª edição, Rio de Janeiro,1983, CPAD
O prefácio
(1-4). Visto ser este o único evangelho com prefácio, vamos considerar um pouco
esta parte. Vemos: a) que Lucas sabia de várias pessoas que tentaram coordenar
em uma só narrativa os incidentes e ensinos que hoje achamos colecionados no
Novo testamento, mas não sabemos se ele incluía Mateus e Marcos nesse número;
b) que a tradição dos fatos e palavras tinha sido transmitida diretamente das
testemunhas oculares; c) que Lucas tinha o cuidado de investigar tudo
minuciosamente desde o começo; * d) que ele escreveu para informar um amigo
seu, por nome Teófilo; e) que este Teófilo tinha já alguma instrução nas
verdades do cristianismo.
*A palavra grega “anothen”, às vezes significa
do começo e outras do alto (Mt 27.51). Aqui, visto que o verbo “investigar” é
ativo, parece necessário aceitar o sentido como sendo do começo, de acordo com
todos os tradutores. O comentador Bengel diz: “’anothen’, de cima (subindo),
isto é, desde o começo dá a entender que Lucas quis fornecer os pormenores que
Marcos omitira”.
Podemos
acreditar que uma providência divina conservou até nossos dias os quatro
evangelhos que temos hoje, e permitiu o desaparecimento de muitas outras
narrações que se tornaram inúteis ou supérfluas.
“Lucas não
alega qualquer autorização do Senhor para escrever seu evangelho. Ele percebe
uma falta que é competente para suprir, e supre-a. Nem pensa ou fala em
escrever para a igreja toda, ou para suprir uma necessidade geral. Escreve para
Teófilo”.
O amor
divino em seu coração leva-o a fazer o que pode para estabelecer na fé uma
pessoa em quem se interessa, e o resultado é uma obra que a igreja toda tem
reconhecido como sendo de Deus e para todos.
“É um lindo
exemplo de quão naturalmente o Espírito de Deus opera, ou pode operar, naquilo
que nós chamamos de inspiração. O instrumento que ele emprega não é mera pena
na mão de outro, mas um homem agindo livremente – pois ‘onde está o espírito,
aí há liberdade’- como se escrevesse somente do seu próprio coração e da sua
própria inteligência. O escritor faz uso de todos os meios ao seu alcance, e os
emprega diligentemente. Não estranhamos descobrir na obra o caráter do obreiro;
aquele que preparou o instrumento, por que há de emprega-lo de acordo com a
qualidade daquilo que Ele preparou? Por que pôr de parte a mente que Ele
forneceu ou as afeições do coração que Ele deu? Esse que alimentou a multidão
com pães e peixes já fornecidos, por que havia de pôr à parte aquilo que o zelo
e o capricho tinha “diligentemente investigado”? (Grant)
Nascimento
de João Batista predito (5-25). “Das 24 turmas de sacerdotes que serviam no
templo, a oitava era de Abias (1 Cr 24.10); e Zacarias, sendo dessa turma,
estava no seu serviço quando o anjo lhe apareceu” (Goodman).
O anjo
Gabriel aparece quatro vezes na Bíblia (v.9): 1) Em Daniel 8.16 ele explica a
visão do bode. 2) Em Daniel 9.21 dá ao profeta entendimento da visão das 70
semanas. 3) Em Lucas 1.11 anuncia o nascimento de João Batista. 4) No versículo
26 é enviado à virgem Maria para predizer o nascimento de Cristo.
Notemos a
descrença de Zacarias e o castigo de mudez com que Deus o marcou, sem, contudo,
desviar-se do seu propósito.
Lucas neste
capítulo cita muitas coisas que não se leem nos outros evangelhos: 1) Visita do
anjo a Zacarias. 2) Visita do anjo a Maria. 3) Visita de Maria a Isabel. 4)
Profecia de Zacarias. 5) Detalhes do nascimento. 6) Apresentação no Templo. 7)
Jesus na festa da páscoa.
Podemos
estudar este trecho da seguinte maneira:
1) Oração e
incredulidade de Zacarias. Seu pedido de um filho era justo, visto que os
filhos são herança do Senhor (Sl 127.3); era piedoso, porque era um desejo que
podia apresentar a Deus em oração; o pedido era repetido, pelo visto, durante
muitos anos; foi desatendido por todo esse tempo; mas, afinal respondido muito
mais abundantemente do que Zacarias pensara. Havia pedido um filho, mas nunca
sonhara em pedir que esse filho fosse “grande diante do Senhor” (v.15).
2) Profecia
e sentença do anjo Gabriel. Predições sobre João Batista:
a) Haveria
alegria com seu nascimento (v.14).
b) Seria grande
diante do Senhor (v.15).
c) Seria
nazireu, não bebendo vinho (v.15).
d) Seria
cheio do Espírito Santo desde a nascença (v.15).
e) Havia de
converter a muitos (v.16).
f) Teria o
espírito e poder de Elias (v.17).
g) Havia de
converter os corações dos pais aos filhos (v.17). Isto pode significar
converter o exclusivismo dos judeus num zelo pela conversão dos gentios, que
são várias vezes chamados “filhos” (Is 60.4,9, etc.).
h)
Converteria os rebeldes à prudência dos justos (v.17).
i) Havia de
preparar um povo bem disposto ao Senhor (v.17).
A sentença
de Gabriel sobre Zacarias foi que este havia de ficar mudo por muito tempo. Mas
quando recuperou a voz, a primeira coisa que fez foi louvar a Deus.
3)
Significação do incidente para nós:
a) O
nascimento de um filho pode ser assunto de muita oração secreta entre casados
b) A
resposta a tal oração pode ser muito mais abundante do que se espera.
c) A visita
de um anjo de Deus pode verificar-se durante o nosso serviço na Casa de Oração.
d) O crente
piedoso não precisa ter medo ao sentir-se na presença de Deus (v.13).
e) Resposta
demorada nem sempre é resposta negativa.
f) Nosso
prazer espiritual pode resultar em agrado para os outros.
g) A
conversão importa numa mudança radical.
h) Deus procura
instrumentos escolhidos e piedosos para efetuar seus propósitos.
Anúncio do
nascimento de Jesus (26-38). Neste trecho descobrimos: uma visão inesperada
(v.27); uma saudação abençoada (v.28); um sobressalto natural (v.29); uma
animação angélica (v.30), uma promessa misteriosa (v.31); uma profecia
extraordinária 9v.32,33); uma dúvida natural (v.34); uma explicação suficiente
(v.35-37); uma submissão piedosa (v.35).
A visita de
Isabel 39-45 era muito natural, depois da revelação do versículo 36. Da sua
prima Maria ouve as palavras: “Bem aventurada a que creu, pois hão de
cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas”.
O cântico
de Maria (45-56) é o transbordo do seu espírito em adoração e louvor a Deus.
Preocupada com a maravilhosa obra de Deus, ela nem ao menos se lembra da
possível (e muito natural) desconfiança de José (Mt 1.19), nem das conversas da
vizinhança.
Neste
cântico notemos: 1) gozo em Deus e reconhecimento da sua graça; 2) Compreensão
da bem-aventurança de ser o instrumento para conseguir a vontade divina; 3)
reconhecimento do poder, misericórdia e benignidade de Deus; 4) Cumprimento de
profecias.
Vemos que
Maria se ausentou da sua prima logo antes de nascer João Batista.
O
nascimento de João Batista (57-66). A alegria profetizada no versículo 14 é
cumprida em parte no versículo 58. Notemos: que nem sempre convém seguir um
costume (v.59) sem consultar a vontade de Deus; que Deus, às vezes, escolhe o
nome de uma pessoa; que Israel quis obedecer ao mandado do anjo no versículo
13; que empregou a sua voz no louvor de Deus; que o povo achou no ocorrido
assunto para muitos pensamentos.
No fim do
versículo 66 leia-se “está com Ele” (O. 36).
O cântico
de Zacarias (67-80). Este cântico dividiu-se em duas partes: versículos 68-75 –
um louvor a Deus; 76-79 – uma profecia dirigida a João. Algumas verdades
referidas são: uma redenção divina; uma salvação poderosa; liberdade dos
inimigos (nossos pecados?); uma manifestação de misericórdia; um perpétuo
serviço livre, em justiça e santidade; o ofício do Batista; um conhecimento de
Salvação; uma luz para guiar nossos pés.
Podemos
estudar a expressão (v.78) traduzida por Almeida “O oriente do alto nos visitou”,
na V.B. “nos visitará a aurora lá do alto”, e por Figueiredo “lá do alto nos
visitou este sol do oriente”.
A figura é
do nascer do sol, que dissipa as trevas da noite e torna tudo radiante com o
brilho de um novo dia; uma figura expressiva da chegada do Salvador ao mundo,
ou a um coração.
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CAPÍTULO 2
O
nascimento de Jesus. Os dois primeiros versículos determinam a data do
nascimento de Cristo. Cirênio foi duas vezes governador da Síria, e entende-se
que foi no seu primeiro período que se fez o alistamento. Isto põe o nascimento
4 anos antes da data tradicional, ou seja, em 4 a.C. O catedrático Moulton diz
que a data mais provável é 8 a.C.
O imperador
Romano César Augusto é o primeiro dos Césares mencionado no N.T. Eles são
quatro.
Os nomes e
datas dos Césares que reinaram durante o período do N.T. são:
Augusto,
vivo quando Lucas nasceu -27 a.C.
Tibério,
referido em Lucas 3.1 – 14 d.C.
Calígula,
não mencionado na Bíblia – 37 d.C.
Cláudio,
referido em Atos 11.28 – 41 d.C.
Nero,
perante quem Paulo compareceu – 54 d.C. (Goodman).
Os pastores
de Belém (8-20) de repente acharam-se rodeados da “Glória do Senhor”. Esta
Glória visível tinha uma maravilhosa história. Apareceu primeiro quando Israel
foi remido do Egito (Ex 16.10).
Descansava
sobre o propiciatório no Tabernáculo, e, nos dias de Salomão, enchia o templo.
Por último foi vista por Ezequiel, saindo da Cidade Santa e descansando por um
pouco sobre o monte das Oliveiras, e então subindo (Ez 11.23,24) para não ser
mais vista até depois dos 600 anos. Aparece-nos mais uma vez para anunciar a
vinda do Salvador.
Notemos
nestes capítulos as várias visitas de anjos. As palavras do anjo neste trecho
tiram o medo, dão alegres notícias, anunciam o nascimento, apontam o “sinal”.
No fim do
versículo 11 leia-se “que é o único ungido do Senhor” (O.27).
Os pastores
perceberam a visão, temeram, escutaram as palavras, agiram de acordo, sem serem
mandados, não perderam tempo, verificaram o fato, testificaram a visão,
impressionaram seus ouvintes, e voltaram ao seu trabalho glorificando a Deus.
Resumindo, podemos dizer que os pastores viram, ouviram e contaram. Temos feito
o mesmo?
A
circuncisão e apresentação de Jesus (21-24) foram feitas em obediência à Lei.
Parece ter sido um costume judaico dar o nome ao menino na ocasião da sua
circuncisão (Lc 1.59, 2.21). A redenção do primogênito obedecia a lei do Êxodo
13.13. A purificação da mãe obedecia a Levítico 12, 1-6. Vemos, pela sua oferta
de um par de rolas, que o casal era pobre.
Simeão e
Ana (25-38). Vemos um homem idoso, justo, temente a Deus e vigilante, iluminado
(v.25), instruído, esperançoso (v.26), guiado (v.27), satisfeito (v.28-32) e
profeta (v.33-35). Este cântico, o “Nunc dimittis”, vai além do “Magnificat” e
do “Benedictus”, pois revela que a salvação chegara para todos (v.32)
(Scroggie).
Notemos que
Simeão considera Jesus a própria salvação de Deus e não apenas quem nos traz a
salvação. Quanto mais chegamos a Jesus, tanto mais a salvação de Deus será uma
realidade na nossa experiência.
É
interessante ver estas duas pessoas, Simeão e Ana, ambos de idade avançada,
conservadas até poderem, afinal, ver a “salvação de Deus” e testificar aos que
esperavam a redenção em Israel. E foi na casa de oração que constantemente frequentavam
que isso se realizou.
O menino
Jesus (39-52). “Nosso Senhor não se nos apresenta na sua meninice como o menino
Samuel, permanecendo sempre no Templo, longe da vida comum dos homens, mas
vemo-lo em grande humildade, seguindo o curso comum da vida, como outras
crianças, em sujeição à autoridade paterna” (Williams).
Alguém
talvez deseje saber como o menino Jesus havia de crescer em graça para com
Deus. Podemos entender que em cada momento da sua mocidade Ele era
perfeitamente agradável ao Pai, mas na infância sua esfera era limitadíssima:
apenas a esfera da família. Com a passagem dos anos, seus contatos com a
vizinhança aumentavam; ia mais longe, e encontrava outras pessoas, e em cada
nova relação com os homens em redor, podemos acreditar que seu procedimento
ministrou novo agrado ao Pai.
Vemos no
menino Jesus as seguintes características:
a) Respeito
pelos anciãos, e atenção a eles. Ouvir a instrução é a verdadeira sabedoria da
mocidade (Pv 1.7,8).
b) Um
espírito de indagação – fez-lhes perguntas. A lei reconhecia que as crianças
normais haviam de perguntar (Ex 12.26; 13,14; Dt 6.20; Js 4.6).
c)
Respondendo as perguntas (47). E havia inteligência nas suas respostas
d) Habitual
obediência à autoridade dos pais. Nosso Senhor reconheceu que honra, amor e obediência são devidos aos pais.
e) Prazer
nas coisas santas (46). Ele foi achado no templo, o maravilhoso e lindo
santuário. Havendo sido criado no temor de Deus, havia de reverenciar as coisas
sagradas.
f) O desejo
de agradar a Deus, e ocupar-se com os negócios do Pai.
g)
Crescimento: em espírito (favor para com Deus); na mente (sabedoria) no corpo
(estatura) (Goodman).
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CAPÍTULO 3
Desculpe!
Capítulo ainda não digitado.
Salve este blog nos seus Favoritos e retorne que breve estaremos disponibilizando este capítulo.
Estamos postando um capítulo do NT por dia, com previsão de NT completo até março 2014.
A DEUS SEJA A HONRA, A GLÓRIA E O PODER, ETERNAMENTE... AMÉM! GLÓRIA A DEUS.
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CAPÍTULO 4
A tentação
de Jesus (1-13). Vemos uma diferença na ordem das tentações. Lucas fala da
tentação ao corpo (2-4), alma (5-8), e espírito (9-12), que parece ser a ordem
moral. A ordem histórica talvez seja a de Mateus; corpo, espírito, alma.
Só Lucas
tem as palavras “cheio do Espírito Santo” (v.1); “que te guardem”(v.10); “num
momento de tempo”(v.5) e quase todo o versículo 6, e “por algum tempo” no
versículo 13.
“Aqui se
faz o apelo, como a Eva no Éden, ao “desejo da carne, ao desejo dos olhos e à
soberba da vida”( 1 Jo 2.16). Quando chegamos ao coração das coisas achamos que
os males fundamentais são egoísmo, transigência e preocupação; e o Diabo fez
seu apelo a Jesus, no deserto, a todos esses três males. E em cada apelo tentou
derrubar a vida de confiança em Deus, o Pai, para destruir, primeiro, a
simplicidade da confiança; segundo, a estabilidade da confiança, e terceiro, a
pureza da confiança.
“Nota-se
que todas estas tentações têm um aspecto religioso, que as torna mais sutis.
Não somos iludidos quando encontramos um leão no caminho, mas quando vemos uma
luz somos atraídos (2 Co 11.14).
“Em Lucas o
apelo é primeiro ao apetite, o segundo à ambição, e o terceiro à aventura. A
primeira tentação visava a uma necessidade pessoal; a segunda , ao mundo
inteiro; a terceira à nação judaica.
“Como foi
que Cristo venceu? Ele venceu por ter o coração submisso à vontade de Deus e,
nos lábios, a Palavra de Deus. Somente assim podemos nós também vencer”
(Scroggie).
“A
verdadeira vida do homem não é a vida sustentada pelo pão, mas a sustentada
pela Palavra de Deus. Obediência, dependência e comunhão são as suas
características. Contra quem assim andar, todos os esforços do inimigo serão
impotentes” (Grant).
A tentação
de Jesus traz muitos ensinos para nós, mas a lição principal é que uma
constante preocupação com a vontade de Deus nos salvará na hora da tentação.
Devemos
notar; que a tentação é frequente; que ninguém a pode evitar completamente; que
muitas vezes a tentação nos sobrevém por algum descuido ou alguma culpa nossa.
A criança que cheirar os bolos que a mãe mandou-a comprar, será tentada a
comê-los.
Podemos
considerar: 1) O tentador; 2) a tentação; 3) o recurso dos filhos de Deus.
1) O
tentador. Sabemos que em nós mesmos existe a concupiscência, essa tendência
para o mal, mas fora de nós há um tentador – Satanás, ou algum servo seu. De
nosso trecho aprendemos que o tentador:
a)
observa-nos, conhece-nos (em parte), e quer prejudicar-nos; b) procura
servir-se dos nossos apetites para nosso prejuízo; c) faz seu apelo com astúcia – até mesmo citando a
Escritura.
2) A
tentação pode vir mediante os desejos da carne, os desejos dos olhos ou a soberba da vida.
A proposta
do tentador foi que Jesus se valesse dos seus poderes sem consultar a vontade
de Deus, ou que Ele contasse com a proteção divina mesmo fazendo a sua vontade
própria. Nunca devemos pedir a Deus um milagre desnecessário.
3) O
recurso dos filhos de Deus. Jesus é nosso exemplo na hora da tentação.
Aprendemos dele que:
a) a
Palavra de Deus nos instrui, e nos guarda do mal; b) devemos julgar que a
energia espiritual (prazer na Palavra de Deus) nos guardará quando um desejo
natural nos tentar, pois muitos tem sido derrotados até pela sede; c) um
propósito singelo, que procura glória para Deus e não para si, é uma proteção
contra o pecado.
Jesus prega
na sinagoga de Nazaré (14-32). Este discurso não é o primeiro sermão de Jesus
(v.15), mas pode bem ser seu primeiro discurso público em Nazaré. “Entre os
versículos 13 e 14, Lucas omite um período de 14 meses relatado em João 1.39 a
5.47”.
Tomando
este como um sermão modelo, podemos estudar o pregador, o discurso, e o efeito
nos ouvintes (Scroggie).
No
Pregador, notamos seu preparo (4.1-13), seu recurso (v.14), seu costume (v.16),
sua escolha do trecho (v.17), sua atitude (v.16), sua cortesia (v.22), e sua
coragem e prudência (v.30). No discurso descobrimos que era bíblico, oportuno,
adequado, evangelístico, pessoal.
O efeito
nos ouvintes foi primeiro agradável (v.22) e depois, quando ouviram a
aplicação, tornou-se o meio de descobrir a hostilidade deles a Jesus.
O leitor
estudioso terá o cuidado de verificar, em Isaías 61.1,2, a parte não lida da
profecia, e pensar porque Jesus “cerrou o livro”.
Também há
de notar que a razão da raiva do povo (v.28) foi que Jesus mostrou como os
gentios alcançariam as bênçãos que Israel desprezara.
Não podemos
refutar as palavras, os ouvintes trataram de perseguir o pregador. Ainda hoje
alguns discutem com pedras, confessando, assim, que não podem apresentar
razões.
A cura de
um endemoninhado (33-36) é relatada por Marcos e Lucas quase nas mesmas
palavras. Alguns entendem que Lucas tinha consigo o livro de Marcos, copiando
vários trechos e acrescentando outros, mas esta teoria não está provada, e não
explica a omissão por Lucas de muito que está em Marcos, especialmente em
Marcos 4.45 até 8.26.
A possessão
de espíritos imundos era comum nos tempos do N.T. Hoje é um mal mais conhecido nos meios
espíritas do que no mundo em geral. Segundo o ensino da Bíblia, há um só Diabo,
mas muitos demônios – espíritos malignos. Este demônio imundo: 1) reconheceu o
Senhor; 2) confessou a divindade de Jesus; 3) sabia que Ele seria Juiz; 4)
clamou, não para pedir misericórdia, mas para ser deixado; 5) sendo
repreendido, lançou sua vítima no meio do povo (Goodman).
A sogra de
Pedro (37-44). “Aprendemos que Pedro era casado e que sua sogra (provavelmente)
morava com ele. Ela estava com febre tifo – é isso que Lucas, o médico, quer
dizer por ‘uma grande febre’ – e Jesus curou-a imediatamente. As doenças, e
também os demônios, tinham de obedecer-lhe. Isto é demonstrado no próximo
parágrafo (40,41). Havia sido um dia de muita ocupação, e depois de um breve
repouso, Jesus foi para um lugar tranquilo a fim de orar (42-44, compare-se com
Marcos 1. 35-39). O maior argumento para a oração é que Jesus orou.
Mas Ele
nunca ficou sozinho por muito tempo, e nunca se queixou das interrupções. O seu
poder não dependia de atos de devoção, mas de uma atitude da alma” (Scroggie).
“Neste
trecho vemos Jesus como sendo: o vencedor de demônios (33-37); o adversário da
doença (39); o curador de enfermidades (40,41), e o missionário divino
(42,43)”. E ainda hoje Ele é o mesmo para nós?
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CAPÍTULO 5
A pesca
maravilhosa (1-11). Notemos o interesse de Jesus em conhecer a vida diária dos
discípulos. Há duas verdades diferentes, mas igualmente preciosas: que Deus se
interessa em toda a nossa vida, e que Ele nos convida a nos interessarmos no
progresso do seu reino.
O dr.
Scroggie faz as seguintes divisões: o mandato estranho (v.4); a obediência
imediata (v.5); o resultado surpreendente (v.6.7). Notemos a seguir: a
consequente confissão do pecado (v.8); a compreensão da personalidade de Cristo
(vv.8,9); a chamada ao serviço (vv. 10,11).
No
versículo 8 Pedro fez uma oração ignorante, que não foi respondida. Foi o
reconhecimento da presença divina, revelada pelo milagre, que impressionou
Pedro e o levou ao reconhecimento da sua condição. Aproxima-se de Jesus ao
mesmo tempo em que pede que Jesus se ausente dele: a consciência e o coração
lutam nele, mas ele não foge. Como fugir de quem vencera o mar e o seu coração
também? ( Grant).
A cura de
um leproso (12-16) é relatada pelos três evangelistas. Lucas, o médico, observa
que o doente estava cheio de lepra, e que “prostrou-se sobre o rosto”. (Alguém
já orou tanto, para ser purificado da lepra do pecado, quanto o leproso rogou
pela sua cura?)
Notemos a
confiança e a dúvida do leproso.
No fato de
Jesus tocar o morfético, descobrimos compaixão, simpatia, pureza, poder – e em
rudo, Deus revelado.
No caso do
leproso, vamos notar:
a) Seu
estado: imundo, enfraquecido, sem esperança de cura, contaminado, isolado – e
vemos todos estes males desfeitos por seu contato com Jesus. Porventura tem
havido coisa semelhante em vossa experiência?
b) Sua
oportunidade: Jesus ia passando, mas o homem não hesitou: agiu imediata e
energicamente.
c) Sua
atitude: prostrado sobre o rosto, demonstrando, assim, o seu profundo
abatimento e seu reconhecimento da dignidade de Jesus.
d) Sua
dúvida: desconfiou da boa vontade de Jesus. Assim é o pensamento dos nossos
vizinhos que recorrem à virgem e aos santos porque desconfiam da boa vontade do
Salvador. (Contrastar isto com o “se tu podes fazer alguma coisa” de Marcos
9.22).
e) Seu
pedido: purificação. É isso o que nós temos pedido ao Salvador?
f) Sua
cura: imediata, completa, permanente.
Uma revelação do poder, da bondade e da misericórdia de Cristo.
g) A ordem
que recebeu: para não fazer uma coisa, e para fazer outra (Mt 8.4).
h) Sua
desobediência (Mc 1.45): uma desobediência muito natural, considerando-se todas
as circunstâncias; uma desobediência com consequências imprevistas e
inconvenientes (Mc 1.45); uma desobediência que teria evitado se sempre tivesse
tido o costume de obedecer à voz divina.
Havendo
achado tudo isso no leproso, que descobrimos no Senhor Jesus? Descobrimos:
aproximação, interesse, simpatia, atenção, boa vontade, poder, revelação do
amor de Deus, respeito pela lei de Moisés, o desejpo da solidão, a dependência
que ora.
Temos visto
Jesus ultimamente em quatro localidades diferentes: Nazaré (4.16-30); Cafarnaum
( 31-44); Genesaré (5.1-11); “uma certa cidade”(12,13).
Notemos que
mais uma vez Jesus procura um lugar deserto para ali orar. Hoje em dia essa
medida talvez seja mais necessária que nunca, quando há o rádio em casa, ou na
casa do vizinho, roubando todo o sossego e tranquilidade.
Há anos um
moço crente, morador da roça, convidou-me para ir com ele dar um passeio.
Levou-me para um campo retirado e alto, onde, em lugar meio oculto, vi uma
tosca construção elevada um tanto acima do chão, com uma vara horizontal da
altura de um metro. “Ás vezes venho aqui sozinho para orar”, disse ele. Parece
que ali achava mais sossego do que em casa. Hoje ele é um homem casado.
Porventura ainda goza de semelhante retiro, a sós com Deus?
Um
paralítico é curado (17-26). Este caso é contado pelos três evangelistas, com
diferenças bem pequenas, mas é só Lucas que diz que o curado foi para sua casa
“Glorificano a Deus; e que os assistentes
“ficaram cheios de temor”.
Observemos
os pontos notáveis no caso do paralítico:
a)
Interesse e simpatia dos amigos. Tinham algum conhecimento da graça e poder de
Jesus, e trouxeram seu amigo doente, vencendo todos os obstáculos.
b) O estado
do doente: inutilizado, fraco, dependente, desanimado, com a consciência
acusando-o de pecado carnal que causara sua enfermidade.
c) A
atitude dos escribas e fariseus, mostrando insensibilidade espiritual, e
indiferença ao estado do doente, e a temeridade de acusar o grande Profeta.
d) Em Jesus
vemos: discernimento, que percebeu a origem do mal – o pecado; poder “sobre a
terra” de perdoar: isto significa, talvez, poder de remover aqui as consequências
do pecado, em contraste com o poder de conceder perdão eterno, que ganhou pela
sua morte expiatória; autoridade para ordenar uma cura completa, e determinar
os passos futuros do homem salvo.
Notamos que
nada se diz da fé do paralítico, nem de palavra alguma que tenha falado.
Sobre o
buraco aberto no telhado, consulte-se a exposição de Marcos capítulo 2.
O resultado
final: “Todos ficaram maravilhados, e glorificaram a Deus”. Que maravilhas
espirituais temos nós presenciado, pelas quais glorificamos a Deus?
A vocação
de Levi (27-32) é relatada nos três evangelhos sinóticos, mas em Marcos ele é
chamado de “Levi, de Alfeu” – filho, ou talvez irmão. Mateus deixa de
mencionar, talvez por modéstia, o grande banquete que fez. Só Lucas diz que ele
“deixou tudo” (v.28)
Notemos as
duas perguntas dos fariseus:
1) “Por que
comeis e bebeis com publicanos e pecadores?” (v.39).
2) “Por que
Jejuam os discípulos de João?”(v.33).
Referente à
primeira, devemos compreender que um servo perfeito tem um perfeito contato com
Deus e com os homens. Devemos saber se á assim conosco: se tal é o nosso
desejo. Muitos crentes fervorosos descuidam-se de cultivar um contato social e
santo com seus semelhantes.
Em estudar
esta festa podemos considerar:
1) Seu
motivo. Vemos que o regozijo de Levi foi: por ter se encontrado com Jesus; por
ter ouvido a sua chamada; por ter provado a bem-aventurança da sua companhia.
Por isso
resolveu fazer uma festa a Jesus. O motivo, pois, foi a satisfação que achara
em Cristo.
2) Seu
caráter. Levi não se regozijou sozinho. Sentiu desejo de que outros
participassem da sua alegria. Quis levar seus vizinhos para uma convivência com
Cristo num momento de abundância e satisfação. Pode haver hoje alguma coisa
semelhante a isto?
3) Seu
propósito foi, provavelmente, que alguns dos convidados provassem a influência
da presença de Jesus, mas notamos que o meio que empregou foi uma festa.
Poderia sem dúvida tê-los convidado para ouvirem um sermão, mas julgou haver
mais probabilidade de êxito através de uma festa.
4) Seu
resultado foi que alguns dos convidados, talvez pela primeira vez, sentiram-se
na presença de Jesus, e notaram: que Ele não era nenhum solitário; que a sua
presença não ofuscava a alegria e sim a aumentava; que Ele comia e bebia com
serenidade e moderação, apreciando devidamente os bons propósitos do
hospedeiro. E antes de se retirarem ouviram algumas palavras preciosas sobre a
sua missão de chamar os pecadores ao arrependimento.
5) Seu
sentido para nós pode ser: que alegria espiritual se encontra na presença de
Jesus; que não devemos ser egoístas, mas convidar os nossos amigos para se
regozijarem com Cristo; que devemos mostrar-lhes que alegria, satisfação,
abundância e prazer se encontram onde
Cristo está; que quem tudo deixa para seguir a Jesus não é indiferente aos
prazeres lícitos dos seus semelhantes; que, embora para nós os doces não têm a
primeira importância, podemos simpatizar com esses que acham muita satisfação
neles. Por isso os pais brincam com seus filhos, não porque eles próprios
gostam das brincadeiras, mas porque sabem apreciar os prazeres pequenos.
Sobre o
jejum, podemos notar: que tristeza e luto têm seu cabimento em certas ocasiões,
e que, quando reconhecemos que nosso Senhor
é rejeitado e ausente deste mundo, nos sentimos tristes, mas na festa da
Santa Ceia reconhecemos pela fé a sua presença e regozijamo-nos.
Veja-se
também a exposição de Mateus 9.14-17. A expressão em Mateus 9.15: “Podem
porventura andar tristes os filhos das bodas?”, ajuda-nos a compreender o valor
espiritual do jejum no cristianismo.
Tristeza é
incompatível com a presença do Senhor, mas perante o mundo o crente, às vezes,
abstém-se de certos gozos lícitos, devido a ausência do Senhor.
Viajei uma
vez para a Europa, e a bordo houve um baile. No dia seguinte um passageiro
observou:
-Não vi o
senhor no baile ontem à noite.
-Não fui.
-Por que
não?
-Estou de
luto.
-Ah!
Compreendo! Naturalmente achou inconveniente, por isso, assistir ao baile. Foi
algum parente?
- Não.
Estou de luto, não por algum parente, mas porque meu Salvador foi assassinado
aqui neste mundo. Por isso, perante o mundo que ainda não o reconhece como seu
Senhor estou de luto.
A parábola
do “novo” e do “velho” (36-39). “A nova vida que Cristo dá não cabe no velho
judaísmo.
Novo vinho
deve ser posto em odres (vasilhas feitas de couro) novos; um remendo de pano
novo não combina com o vestido velho. O cristianismo não é o judaísmo
remendado, mas vida e liberdade. É uma nova criação que necessita de novas
condições. Paulo repreendia os gálatas que queriam voltar aos “rudimentos
fracos e pobres (Gl 4.9), vivendo como escravos e não como filhos, voltando à
escravidão de formalidades, cerimônias e ordenanças depois de terem gozado
liberdade em Cristo (Gl 5.1). Novidade de vida necessita de liberdade para
desenvolver-se. Sendo presa, ela romperá os velhos odres” (Goodman).
“Os odres
velhos das instituições judaicas não podiam conter o espírito livre e expansivo
do novo concerto que já ia se manifestando, mas a oposição que surgiu mostrava
que a Lei é mais ao gosto do homem natural: quem estava bebendo o vinho velho
não havia de desejar imediatamente o novo” (Grant).
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CAPÍTULO 6
Jesus e o sábado
(1-5). No primeiro versículo achamos (em Almeida) a extraordinária expressão
“sábado segundo-primeiro”, da qual nunca encontrei uma explicação que
satisfizesse. A versão brasileira, de acordo com alguns manuscritos antigos,
evita a dificuldade omitindo a expressão. Na passagem correspondente em Mateus,
a palavra (“deuteroproto”) não se encontra.
Evidentemente, o
ensino principal do trecho é que “o Filho do homem é Senhor do sábado”, tendo o
direito de dispor desse dia (e de todos os dias) como Ele entende.
O zelo dos fariseus
não era pela Lei de Deus, mas das suas próprias tradições. Tinham tornado o dia
de descanso em um dia cheio de preceitos e exigências absurdas. Jesus
deliberadamente piso-as, e estabeleceu o princípio que “ é lícito fazer bem no
sábado” (v.9).
A mão mirrada (6-11).
Lendo em Mateus e Marcos, pensamos que este milagre foi no mesmo sábado
“segundo-primeiro”
, mas Lucas diz que foi em "outro
sábado"(v.6). Só Lucas tem as palavras "Levanta-te"(v.8), e
"uma coisa vos hei de perguntar" (v.9), e "ficaram cheios de
furor" (v.11)
Jesus ensina aqui duas
coisas: a) Que Ele é o Senhor do sábado, assim afirmando a sua divindade, como
se dissesse: "Lembrai-vos de que fui Eu - Jeová - quem vos deu o
mandamento". b) Que Jesus queria que o sábado fosse observado no mesmo
espírito que Ele mostrou, certamente não em preguiça e ociosidade, mas em fazer
bem e salvar os homens. Podemos transferir o mesmo espírito para o Dia do
Senhor e procurar agradar a Deus pela maneira como o empregamos.
Podemos distinguir
entre o sábado dos judeus e o domingo dos cristãos da seguinte maneira:
1) Característica do
sábado:
a) Um dia de descanso,
mas não expressamente um dia de culto religioso.
b) Um dia de guarda
para Israel por mandamento divino.
c) o fim de uma semana
de trabalhos.
d) Um sinal dado a
Israel (Ex 31.13-17)
2) Características do
domingo:
a) Um dia de serviço
espiritual, que os crentes em todos os tempos e lugares têm reservado para o
culto divino.
b) Um dia de descanso
voluntário, assinalado desde os primeiros tempos do cristianismo pela presença
do Senhor no meio do seu povo reunido (Jo 20.19 e 26).
c) Um dia em que se
comemora Cristo ressurgido e sua obra redentora.
d) O começo de uma
nova semana. O israelita trabalhava seis dias para poder descansar no sétimo. O
cristão descansa em Cristo para poder especialmente trabalhar no domingo na
obra de Deus.
3) Pensamentos
diversos:
a) Sem ser mandado, o
israelita aproveitava bem a folga para frequentar a sinagoga (Lc 4.16; At 17.2,
etc.).
b) O sábado foi feito
para o homem. Quem mais trabalha durante a semana, mais aprecia o descanso de
um dia em sete.
c) Ao israelita foi
mandado guardar o sábado; não há nenhum mandamento ou referência no N.T. que
ensine ao cristão guardá-lo.
d) No N.T. vemos os
judeus muitas vezes reunidos nas sinagogas no sábado, e os cristãos quatro
vezes reunidos no Domingo ( Jo 20.19,26; At 2.1 e 20.7).
A escolha dos doze
(12-16). Em Lucas vemos Cristo sete vezes em oração; só Lucas relata que Jesus
passou uma noite em oração antes de escolher os doze discípulos. É bom orar em
todas as ocasiões, mas é necessário orar antes de tomar um passo importante -
como, por exemplo, o matrimônio.
Jesus chamou os doze
de apóstolos porque iam ser seus "enviados". Consideramos hoje
serviço apostólico esse que se aventura a levar, como pioneiro, o Evangelho a
lugares difíceis ou distantes.
O sermão da montanha
(17-49). "Muitos têm procurado identificar este sermão 'num lugar plano'
com o Sermão do Monte (Mt caps. 5 a 7). 'Num lugar plano' seria melhor
traduzido 'num lugar baixo', e por isso sugerem que significa planalto, isto é,
um lugar plano em cima do monte. Entretanto outros gostam de pensar que o
Senhor repetiu aquele gracioso e admirável sermão em diversas ocasiões, e com
variações para diferentes auditórios. O homem bom tira do bom tesouro do seu
coração coisas novas e velhas (Mt 13.52)" (Goodman).
"O sermão está
dividido em três partes: 1) Uma descrição das pessoas a quem é dirigido
(20-26). 2) A proclamação dos princípios fundamentais da Nova Sociedade
(27-45). 3) Uma declaração do julgamento a que os membros do novo reino de Deus
devem submeter-se (46-49). As pessoas que Jesus chamou Ele ensinou. Ele não
pode ensinar-nos antes de chamar-nos, mas é possível receber a sua vida e
rejeitar-lhe a luz" (Scroggie).
Os quatro
"ais" não aparecem em Mateus. Referem-se aos ricos, predicado que, em
si, não é pecado, mas quando a riqueza impede de buscar a Deus, passa a ser um
pecado.
Notemos no versículo
31 a célebre "lei áurea".
"Evidentemente,
tudo que se ensina no versículo 36-38 pode ser mal-entendido. Há ocasiões em
que: o ser misericordioso resultaria em injustiça; o não julgar seria pecado; o
perdoar seria um erro; o dar seria causar prejuízo. Quase toda a verdade é relativa
e não absoluta. Este trecho deve ser considerado com referência aos seus
limites, e também ao seu alcance" (Scroggie).
O versículo 40 deve
ser: "O discípulo não é superior ao seu mestre; mas convém que seja como
seu mestre"(O.85).
Muitas vezes nos
revelamos por nossa atitude perante os erros dos outros (41-42).
Aprendemos de 1
Coríntios 12.3 que "Ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor senão pelo
Espírito Santo", e, em contraste com isso, lemos em Lucas 6.46: "Por
que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?" Mas, embora
haja contraste, não há aqui nenhuma contradição.
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CAPÍTULO 7
Um servo doente e um
filho defunto (1-17). Lemos de vários centuriões (capitães do exército romano)
no N.T. tendo geralmente boas referências (Lc 7.2; 23.47; At 10.22; 22.26;
27.43). O que nos impressiona aqui é o que impressionou o Senhor: a fé do
centurião. Mas o que é fé? Alguém tem dito que fé é aquela atitude da alma em
que há a convicção de que reside em Cristo o poder salvador de Deus; e que não
há limites àquilo que Ele pode fazer.
É notável que este
piedoso soldado romano tinha mais fé do que os israelitas (v.9).
No versículo 3 é
correto ler ''enviou os anciãos", mas no versículo 6 deve ser
"encarregou... uns amigos", indo ele, por suposto, com esses (J.
342).
Muitos tem notado o
contraste no incidente do filho da viúva (11-17). O Senhor da vida, com seus
discípulos, encontra uma desolada viúva junto com seus amigos lamentando o
poder da morte.
Em Cristo notamos sua
compaixão e seu poder. A íntima compaixão de Jesus levou-o a operar um grande
milagre sem ser rogado.
Às vezes nos falta o
ânimo para pedir uma intervenção divina que nos parece impossível, e, contudo,
Deus responde aos nossos desejos quando não ousamos pedir.
O resultado do
encontro é que a vida vence a morte, a alegria a tristeza. Elogo o filho é
restaurado à sua mãe.
João Batista e Jesus(
18-35). João parece abalado na sua fé, não por falta de sinais de Jesus ser o
Cristo, mas por circunstâncias que se sucederam. Na sua resposta, Jesus não se
refere ao fato de João estar na cadeia, mas fala das bênçãos que milhares
provaram pelo contato dele com o Salvador.
Podemos acreditar que
João se sentia um pouco desanimado, porque na sua própria pessoa não estava
provando as bênçãos do reino de Deus.
É sempre fácil
julgarmos o valor dos acontecimentos pelo seu efeito sobre nós mesmos. Quem tem
dor de dentes lembra-se de que o mundo está cheio de aflições, mas quem ganhou
o premio grande na loteria acha que tudo vai muito bem. Quem prega anos
inteiros sem ver resultados começa a duvidar de que o Evangelho de Cristo seja
o poder de Deus para a salvação.
O remédio em qualquer
dos casos é olhar para mais longe, em vez de basear as nossas conclusões em
premissas por demais acanhadas.
Na sua resposta à
indignação, Jesus convida João a esquecer-se das suas penosas circunstâncias e
olhar para mais longe, vendo muita gente abençoada pelo poder divino revelado
em Cristo.
Em relação a este
incidente, podemos considerar os seguintes pensamentos:
1) Que João, embora
abatido, não havia de considerar-se abandonado, porque ainda tinha discípulos
ao seu alcance (v.19).
2) Que, no momento do
seu maior desânimo, ele fez a coisa mais acertada: pôs-se em contato com Cristo
- e, sem dúvida, o desânimo desapareceu.
3) Que ele dirigiu a
sua pergunta ao próprio Jesus e a mais ninguém, porque, decerto, não tinha a
outro a quem se dirigir. E nós, nas nossas horas de tentação, porventura
teremos outro Salvador mais digno da nossa confiança a quem possamos recorrer?
4) Que os discípulos
de João haviam de se reportar não somente a verdades faladas, mas ao poder do
Evangelho de Cristo visto e comprovado.
5) Que com Cristo há
também bênçãos espirituais para diversas classes de necessitados:
a) "Cegos"
vêem valores que outrora ignoravam por completo.
b) "Coxos",
homens que nunca tiveram um andar perfeito, agora andam no bom caminho da
vontade de Deus.
c)
"Leprosos" imundos conhecem uma abençoada purificação pelo poder da
graça de Cristo.
d) "Surdos"
ouvem as verdades de Deus e os cantos de louvor dos remidos.
e) Gente sem vida
espiritual, morta em delitos e pecados, sente o poder de uma nova vida; a vida
eterna, que começa aqui e nunca termina.
f) Os pobres ouvem
falar das riquezas espirituais, comparadas com as quais o ouro nada vale.
g) Há uma especial
bem-aventurança para os que não duvidam ser Jesus o Cristo de Deus (v.23).
O testemunho de Jesus
com respeito a João nada diz do seu desânimo ou desconfiança. Jesus testifica
dele:
a)Não era nenhuma cana
abalada pelo vento.
b) Não era pessoa
acostumada com o luxo.
c) Era profeta, e mais
que profeta: era o "anjo" (mensageiro) de Deus para preparar o
caminho do Senhor.
d) Que era o maior da
velha dispensação - mas o menor do Reino goza maiores vantagens. Ser
"amigos"(Jo 15.14) e "irmãos" (Mt 28.10) de Cristo é maior
coisa do que ser um grande profeta.
Pode-se também
consultar a explicação de Mateus capítulo 11.
A mulher pecadora
(36-50). Cada evangelista relata o caso de uma mulher que ungiu os pés de
Jesus, mas o caso que Lucas conta não é o mesmo que os outros. Mateus, Marcos e
João contam o caso de Maria, e a localidade é Betânia. Lucas fala de uma mulher
pecadora sem mencionar-lhe o nome, e a localidade é Naim. Uma circunstância
curiosa é que em ambos os casos o dono da casa se chamava Simão.
O Dr. Scroggie nota as
seguintes características da mulher anônima: 1) Seu reconhecimento de culpa. 2)
Seu exercício de fé - ela, que necessitava de alívio para sua conciência, cria
que podia alcançá-lo em Jesus. 3) Sua certeza de perdão - não foram as lágrimas
que lavaram os seus pecados, mas o amor de Cristo. 4) Sua experiência de
purificação - coisa que sempre acompanha o perdão. 5) Seu sentimento de amor,
que necessariamente acompanha aquela experiência. 6) Sua expressão de gratidão
- ela deu seu precioso unguento. 7) Sua necessidade de serviço - ela precisava
fazer algo para quem lhe fizera tudo! 8) Sua herança de paz - Jesus lhe disse:
"Vai-te em paz" e foi nessa esfera que, então , viveu.
Nosso amor é a prova,
mas não o motivo do nosso perdão (v.47).
Este versículo deve
ser traduzido: "Ela ... muito amará" (O.98).
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CAPÍTULO 8
Vemos que a parábola
do semeador é relatada neste capítulo e narrada em capítulos bem diversos em
Mateus, Marcos e Lucas, a saber, nos capítulos 13,4 e 8. É geralmente entendido
que Mateus segue a ordem histórica e Lucas um agrupamento de assuntos mais ou
menos relacionados pelo sentido que têm.
Assim podemos
entender, com Mateus, que o incidente da família de Jesus (Lc 8.19-21) se deu
antes da parábola do semeador ; essa parábola do semeador(5-15) é quase
idêntica à versão dada em Mateus, exceto que Lucas menciona ter o povo vindo
"de todas as cidades", e que a semente "foi pisada" que
"não havia umidade" em vez de ser porque "não tinha raiz".
Em Mateus, os que dão
fruto ouvem e entendem; em Marcos ouvem e recebem; em Lucas ouvem e guardam.
Para haver fruto em nossa vida como resultado da Palavra de Deus em nossas
almas, é preciso que seja entendida, recebida e guardada.
A parábola da candeia
(16-18) é relatada por Marcos mas não por Mateus.
As palavras "não
há coisa oculta que não haja de manifestar-se" não se referem à
manifestação do pecado no dia do juízo, mas à manifestação da verdade difundida
como luz. Isto dá sentido à palavra "pois" no versículo 18. Se temos
luz, devemos mostrá-la, e se não a mostrarmos, ela será extinguida.
Tempestade e pânico
(22-25). Os três evangelhos sinóticos contam o incidente. Mateus é o mais
resumido; Lucas o mais amplo.
Uma lição do incidente
é que Cristo nunca ficava perturbado; na tempestade dormia serenamente.
É instrutivo ver como,
no momento de perigo, os discípulos, unânimes, recorreram a Jesus. Milhares
desde então têm feito o mesmo. E nós?
O endemoninhado
gadareno (26-39). Este caso é contado pelos três evangelhos sinóticos, mas mais
resumidamente por Mateus.
É só Lucas que tem
"prostrou-se diante dele" (v.28) e quase todo o versículo 29, e
"porque estavam possuídos de grande temor"(v.37).
Aprendemos aqui lições
sobre a oração:
Há três que rogam: os
demônios, o doente e o povo.
Os demônios obtêm seu
pedido (v.32) e perdem seu desejo (v.31). O doente não obtém seu pedido (37),
mas obtém seu desejo (38,39). O povo obtém seu pedido e seu desejo (37).
Queriam viver sem Cristo e Ele se retirou!
Acontece que, às vezes, é uma tragédia quando certas
orações são respondidas é uma bênção quando não recebem resposta.
Podemos notar a legião
de demônios como figura da multidão de pecados, pois um pecado sempre gera
outros: quem rouba, depois mente, e então jura para reforçar a mentira.
Vemos no endemoninhado
desespero, miséria e vergonha. Às vezes é pelo poder do Maligno que uma pessoa
descobre a sua miséria.
Notemos que o Senhor
Jesus: domina os demônios (v.28); requer do homem uma confissão do seu estado
(v.30); manda sair o espírito imundo (v.29); revela o gozo destruidor do pecado
(32,33); muda o coração do pecador e manda testificar à sua família (Goodman).
A filha de Jairo, e a
mulher com fluxo de sangue (40-56). Estes dois casos são relatados pelos três
evangelhos sinóticos na mesma ordem e quase nas mesmas palavras. Só Lucas dá a
idade da menina. Ele sendo médico, não diz, como Marcos, que a mulher sofrera
muito dos médicos, mas apenas gastara com eles. Também é só Lucas que tem o
versículo 46.
Com respeito à filha
de Jairo, é só Lucas que tem a expressão: "o seu espírito voltou" no
versículo 55.
Aprendemos do
incidente: que nos momentos de maior aperto há recurso em Cristo; que a pessoa,
quando muito comovida, ora prostrada; que Jesus, mesmo sendo nosso último
recurso, é sempre um recurso suficiente (43,44), que o mais ligeiro contato com
Ele importa em bênção; que o Senhor espera uma confissão de benefício recebido;
que Ele fala aos salvos palavras de animação e paz (48); que no momento extremo
Ele não permite o desespero (50); que nem todos os discípulos podem presenciar
as suas obras de poder (51); que a pessoa que recebe novidade de vida precisa
ser alimentada.
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CAPÍTULO 9
A missão dos doze
(1-6). De Mateus 9.36-38 ficamos sabendo a ocasião desta missão, e aprendemos a
orar pelos missionários. Depois os discípulos iam descobrir que eles mesmos
seriam a resposta à oração.
Os três evangelistas
relatam o caso, mas em Mateus há muitos detalhes que os outros não apresentam.
Notemos o preparo de
um missionário: a chamada de Cristo, a obediência á sua vontade, o poder que
Ele dá.
Notemos o serviço da
sua missão: pregar e curar, e atender às necessidades espirituais e materiais
do povo.
Notemos o sustento dos
enviados e a hospitalidade dos "dignos" (ver Mateus 10).
Notemos a diferença
entre a sua mensagem e a nossa. Seu assunto - e bem importante - era o reino.
Nós podemos ir mais adiante e falar de uma explicação consumada; de um perdão
pelo sangue da cruz; de um Salvador á destra de Deus ; de uma vida gloriosa no
porvir.
Devemos perceber que
os poderes sobrenaturais conferidos eram para fazer bem aos outros, não para
prover seu próprio sustento.
"Não devemos
aplicar estas instruções de um modo demasiado literal ao serviço missionário de
homens, senão havemos de limitar nossa pregação às ovelhas perdidas da casa de
Israel (Mt 10.5,6), embora saibamos que a comissão atual é para "ir em
todo o mundo e pregar o Evangelho a toda criatura" (Mt 28.19; Mc 16.15).
Sobre a primeira
multiplicação de pães (10-17) já temos comentado em Mateus e Marcos. É só Lucas
que fala expressamente da localidade "um lugar deserto de uma cidade
chamada Betsaida" (v.10). (Sobre a localidade exata,
consulte-se "The Land and the Book", p. 372).
No versículo 10
devemos ler: "Do distrito de Betsaida"(O.85).
Aprendemos três
lições: que Cristo se interessa por nossas necessidades materiais; que quem
assim cuida do nosso corpo pode também satisfazer nosso espírito; que Cristo
mesmo é o pão que teve de ser partido para suprir a necessidade do mundo.
A confissão de Pedro
(18-27), é também relatada por Mateus e Marcos, mas só Lucas que diz ter estado
Ele sozinho, orando (v.18).
Aprendemos: que o povo
estava preocupado com Jesus, e pensando a seu respeito; que os discípulos
tinham ouvido os diferentes pareceres; que eles (ou ao menos Pedro) já tinham
acertado com a verdade; que não convém anunciar tudo quanto sabemos; que,
apesar da realidade do fato glorioso de ser Ele o Messias, Jesus ia sofrer uma
morte violenta.
Os versículos 23-27
falam da cruz de cada um, trecho relatado também, em linguagem quase idêntica,
pelos três, mas Lucas acrescenta as palavras "cada dia" (v.23). Para
o sentido, veja-se comentário de Mateus e Marcos.
Este trecho ensina a
base e condição para ser discípulo de Cristo: uma dedicação absoluta ao
Salvador. "A vida cristã é uma divina anomalia: para ganhar, devemos
perder; para ter, devemos dar; para viver, devemos morrer".
No fim do versículo 25
leia-se "e perder a sua vida?" (O.31).
Entendemos que o
versículo 27 se refere à transfiguração.
A transfiguração
(28-36), já temos considerado em Mateus e Marcos. Só Lucas (Como em todas as
ocasiões de importância) diz que Jesus subiu ao monte para orar. É uma coisa
preciosa quando, não somente o quarto particular e a casa de oração são
santificados pela oração, mas também lugares mais afastados que visitamos em
nossos passeios.
Conheci um grupo de
rapazes crentes, aprendizes numa fábrica, que, nas horas vagas, passeavam
juntos, e, em algum ponto retirado, oravam de joelhos. Uma vez estavam orando à
beira do caminho quando um homem que passeava pediu que orassem por ele.
Notemos o contraste
entre a cena na montanha e a no vale. A vida é assim mesmo. Há momentos de
exaltação espiritual e momentos de provação ou angústia.
"A visão, ao que
parece, tinha por objetivo fortalecer a fé dos discípulos em vista do próximo
fato da morte de Jesus às mãos iníquas. Eles se lembraram de três coisas: 1)
que Moisés e Elias falaram de sua morte; 2) que o Pai testificou da sua
dignidade; 3) que a glória brilhava dele. Desde então Jesus falou mais
claramente que ele devia morrer antes de entrar na sua glória".
O rapaz endemoninhado
(37-42). Os três evangelistas contam o caso mas só Lucas diz que o rapaz era
filho único. Se pudéssemos saber alguma coisa de origem do mal! Porventura o
pai tinha consentido em haver "sessões espíritas" em sua casa? Tinha
criado seu filho "na admoestação do Senhor?" Tinha-o corrigido de qualquer
manifestação de pecado? (Na china onde parece haver semelhantes casos de possessão
demoníaca, tem-se notado que um espírito maligno muitas vezes entra durante um
acesso de raiva). Porventura o pai tinha ganhado a confiança do menino por uma
constante simpatia com ele nos pequenos interesses da sua infância? Não
sabemos, mas não devemos supor que alguém fique por obra do acaso sob um poder
maligno.
Era um caso
melindroso, desesperador, mas Jesus era suficiente, e mais uma vez sua
presença, seu poder, importaram em bênção, saúde, felicidade.
O maior do reino
(43-50) é o caso do menino no meio ("junto a si", Lucas) é referido
também por Mateus e Marcos, Jesus quer ensinar, por meio de uma criança, que muitas vezes o
menor é o maior (v.48).
O espírito de um
cristão (51-62) é o espírito de graça e verdade, amor e luz, justiça e paz em
perfeito equilíbrio. 1)O espírito de graça (v.50). 2) O espírito de verdade
(11.23). Este em aparente contraste com o outro, é realmente seu complemento. O
primeiro exclui toda a intolerância; o segundo, toda a condescendência para com
o erro. 3) O espírito de tolerância (v.54). 4) O espírito de altruísmo e
sacrifício (v.58) (Goodman).
Devemos ler no
versículo 51: "E aconteceu que, completando-se os dias para ele subir (a
Jerusalém), manifestou-se o firme propósito de ir a Jerusalém"(O.32).
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CAPÍTULO 10
A missão dos setenta
(1-12). Este capítulo todo é dado somente por Lucas. Aprendemos: a) a
conveniência e vantagem de companheiros de serviço; b) a necessidade de oração
pelos obreiros; c) os perigos do serviço; d) que o servo de Deus não deve levar
um saco para angariar contribuições (v.4); e) que o evangelista deve ser um
mensageiro de paz (v.5); f) que ele não deve querer ser festejado (v.8).
No versículo 4
leia-se: "e a ninguém ligai-vos pelo caminho"(O.98).
"Tem-se notado o
contraste entre a missão dos doze (9-1-10) e a dos setenta:
a) O do segundo
incidente é relatado somente por Lucas, que escreveu para os gentios; o dos
doze está em todos os evangelhos sinóticos.
b) A missão dos
setenta foi em Samaria (9.52), uma região onde os doze foram proibidos de ir
(Mt 10.5).
c) Os setenta foram
enviados 'a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir' (v.1), mas os
doze foram somente às ovelhas perdidas da casa de Israel.
Tem sido sugerido que
isto indica que, enquanto a primeira missão era aos judeus (às doze tribos), a
missão dos setenta antecipava a abertura da porta da fé a todas as nações (os
judeus calculavam que havia setenta nações.
d) Os setenta saíram
seis meses depois dos doze, no tempo da festa dos Tabernáculos - o tipo da evangelização
dos gentios; enquanto os doze saíram aproximadamente no tempo da Páscoa"
(Goodman).
Jesus pronuncia
julgamento sobre cidades (13-24). Vemos que a responsabilidade é proporcional à
luz e ao privilégio recebidos.
Satanás cair do céu
(v.18). Jesus percebeu a final derrota de Satanás quando setenta dos seus
servos provaram da graça divina lhes dava poder sobre os demônios.
"Em antecipação,
Jesus vê Satanás cair como um relâmpago da sua posição exaltada; mais tarde Ele
diz-nos que esse será julgado (Jo 16.11) e lançado fora (Jo 12.31). Jesus fora
manifestado precisamente para destruir as obras do Diabo (1 Jo 3.8)"(
Goodman).
No versículo 21 temos
uma pequena oração de Jesus; e no versículo 22 Ele outra vez instrui os
discípulos.
Quase todos os manuscritos
antigos concordam com a V.B. em traduzir o versículo 21 "Naquela hora
exultou Jesus no Espírito Santo", mas F.W. Grant observa que a expressão
"parece estranha".
O doutor da Lei e o
bom samaritano (25-37). Devemos notar que quase nada do que lemos em Lucas 9.51
a 18.14 se encontra nos outros evangelhos.
Notemos que o doutor
fez a sua pergunta tentando Jesus, mas não a fez seriamente, como o moço de
Mateus 10, que fez a mesma pergunta.
No caso do moço, é ele
que pergunta com respeito aos mandamentos, e Jesus que repete alguns deles.
Com o Doutor, Jesus
lhe pergunta como ele lê na Lei, e o doutor dá um resumo, reduzindo todos os
mandamentos ao amor. Jesus usou este mesmo resumo em Mateus 22.37,38 e Marcos
12.30,31. Podemos notar que a Lei do Sábado (que pertence à lei cerimonial e
não à moral) não é repetida em nenhuma das listas.
"Se queremos
viver pelas obras, devemos guardar a Lei, cujo resumo é o perfeito amor a Deus
e ao próximo". Notemos as palavras coração, alma, força, entendimento, e a
palavra 'todo' quatro vezes repetida: "Fazei isso e viverás". Mas
visto que ninguém tem feito assim, nem pode fazê-lo, ninguém deve esperar a
vida eterna por esse meio (isto é, pelo fazer).
"Ele, porém,
querendo justificar-se" (v.29). Nesse ponto há muitos semelhantes ao
doutor da Lei, dizendo: 'Quem é meu próximo?'.
"O viajante era
Judeu, como também eram o sacerdote e o levita, que deviam tê-lo socorrido (Lv
19.18). O fato é que não eles, mas um estrangeiro, um odiado samaritano,
socorreu o homem aflito. A ideia bíblica do vizinho ultrapassa todos os limites
de consanguinidade, espaço, religião e caráter. Conhecemos o nosso próximo pela
sua necessidade, e assim" o próximo é extensivo a toda a raça humana
"(Scroggie).
O Senhor Jesus esboça
o retrato de um verdadeiro "próximo" no Bom Samaritano, e,
incidentemente, nisso se representa a si mesmo.
Maria e Marta (38-42).
Aprendemos de João 11.1 que a aldeia visitada era Betânia, e que Lázaro também
morava ali.
Compreendemos deste
incidente: a) que basta um pouco para suprir as necessidades do corpo; b) que o
serviço nunca deve tomar o lugar de adoração; c) que adoração nunca impede o
serviço necessário.
Porém, a palavra
"mas" no versículo 42 deve ser entendida no sentido de
"contudo" e não de "apenas" ou "somente".
"O ensino
essencial deste incidente é que o serviço nunca deve substituir a adoração, e
que a adoração nunca impede o serviço necessário. Somente a luz dessas verdades
podemos entender o versículo 42. Não temos aqui o caso de ação contra
contemplação. Maria tinha sido ativa, mas sabia quando e onde ficar sentada
" (Scroggie).
"Marta recebera o
Senhor na sua casa e, certamente, no seu coração. Se ela está ocupada, está
ocupada em servi-lo, mas mesmo assim não deixa de estar atarefada com muito
serviço. Ainda mais, ela está preocupada e irritada. Maria sua irmã está
sentada sossegadamente aos pés de Jesus, ouvindo a sua divina palavra, e Marta
censura o Senhor por permitir isso quando ela tanto precisa da ajuda da irmã.
Mas o Senhor assevera que Maria escolheu a boa parte, que é a única coisa
essencial, e isso não lhe será tirado"(Grant).
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CAPÍTULO 11
A oração dominical
(1-4). Notemos que desta vez não é a mesma de Mateus 6.9-13. Em Mateus a oração
é dada durante o sermão da montanha; aqui é dada particularmente aos
discípulos, e omite-se "porque teu é o reino, o poder, e a glória, para
sempre. Amém".
As diferenças devem
ensinar-nos que a oração dominical não é um formulário dado aos discípulos para
constante repetição mecânica, e as semelhanças que na oração devemos
"buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça" e depois lembrar-nos
das nossas necessidades.
Que não era formulário
para os discípulos usarem sempre sem modificação aprendemos de João 16.23,24,
onde Jesus ensina que desde então (depois da sua ascensão) as nossas orações
devem ser feitas em seu nome.
Neste capítulo Jesus
ensina a orar: a) pelo seu exemplo; b) por uma oração modelo; c) por uma
parábola (5-8); d) por uma promessa (9,10); e) por uma ilustração (11-13)
(Goodman).
Da parábola do amigo
importuno (5-13) aprendemos mais alguma coisa referente à oração:
Da parábola do amigo
importuno (5-13) aprendemos mais alguma
coisa referente à oração: a) Depende da amizade - de haver boas relações entre
quem pede e quem dá. b) É ocasionada por uma necessidade, talvez imprevista,
mas sempre além dos nossos poderes - quando podemos não pedimos. c) Expressa um
desejo tão ardente, que a pessoa persiste. Não podemos dizer que Deus precisa
ser muito rogado, embora a continuação na oração pode ser necessária para
podermos receber a bênção. Alguém, por exemplo, no sentido do versículo 13, ora
"Santifica-me, Senhor", e podemos crer que, às vezes, a resposta
seja: "É essa a bênção que almejo dar-te, mas não o posso fazer enquanto
tu não a desejares com mais empenho". d) Se um homem que tem pouca vontade
de nos responder o faz pela nossa importunidade, muito mais Deus, que tem toda
a vontade de dar-nos abundantemente tudo que convém ( 2 Co 9.8) e) Que a
resposta é certa à oração sincera, mas nem sempre será precisamente idêntica ao
pedido. Quem pede paciência pode receber tribulação, porque a tribulação produz
a paciência (Rm 5.3).
Jesus é acusado
(14-23). Mais uma vez o Senhor serve-se das acusações malignas dos adversários
como pretexto para oferecer ensinos importantes. Notemos que Ele leu os
pensamentos dos assistentes. Neste trecho, Satanás é "forte", e Jesus
é "o mais forte".
Devemos aprender do
versículo 15 a não censurar o serviço dos outros, e não atribuir ao inimigo
obras que podem ser de Deus; do versículo 20, que uma operação do poder de Deus
é sinal da proximidade do reino; do versículo 22, que o inimigo é semelhante a
um homem valente; e do versículo 23, que a neutralidade e a indiferença são
inadmissíveis com respeito a Cristo.
A parábola do espírito
imundo (24-26). Aqui vemos o espírito saído ( expulso, talvez, por novo entusiasmo
ou acesso de piedade). Mais tarde volta ao que chama minha casa e a acha,
infelizmente: a) vazia (Mt 12.44) -não entrou um Senhor divino nem tomou posse
um "mais forte": a casa permanece desocupada, o entusiasmo passou, o
esforço esmoreceu. b) Mas a casa está varrida: foi purificada - velhos costumes
abandonados; agora tudo é decente: varrida, mas vazia; Cristo não está presente
como Senhor e Mestre. Por isso o espírito mau volta com outros sete piores que
ele (Goodman).
A interpretação dos
versículos 24-26. Pode ser que se refiram a Israel curado da idolatria, mas não
crente em Cristo; a sua aplicação pode ser a qualquer povo cristão, salvo de
muitos vícios, mas não plenamente abastecido da graça espiritual.
A parte deste capítulo
(do versículo 24 a 36), é muito parecida com Mateus 12 e Marcos 3; e o fim
(37-54), com Mateus 23.
Os versículos 27,28,
ensinam-nos quem é mais bem-aventurado que a bem-aventurada Maria, mãe de
Jesus. Assim este capítulo fala do valente e do mais valente, da bem-aventurada
e do mais bem-aventurado.
O sinal de Jonas
(29-32). Aprendemos deste trecho: o valor de estudos históricos, que podem
iluminar o presente; que pedir um sinal é, às vezes, sintoma de incredulidade;
que facilmente deixamos de compreender a importância de uma pessoa que está
junto de nós; que o arrependimento de um pode salientar a condenação de outro.
A candeia da vida
(33-36): o olho simples. (consulte a explicação de Mateus 6.22).
Notemos a expressão
"não tendo em trevas parte alguma" (v.36). Porventura existe em nossa
vida algum recanto onde não queiramos que penetre a luz divina? É essa parte
"em trevas" que marca o limite na nossa dedicação, e um dia será
capaz de nos trair.
O Senhor censura os
fariseus (37-54). "Este trecho, que faz lembrar Mateus 23.13-35, refere-se
a uma ocasião diferente. Podemos ver isto dos versículos 37-41" (Gray).
Aqui Jesus está jantando com um fariseu. O que o homem estranhou (v.38) não foi
qualquer falta de asseio, mas que Jesus não usava a purificação cerimonial dos
judeus (Jo 2.6) antes de comer. A palavra traduzida por "lavar"é
"batizar".
O mesmo que proferiu
as bem-aventuranças de Mateus 5 pronuncia os "ais" de Lucas 11. São
seis, e são: contra a religiosidade sem piedade (v.42); contra o orgulho (v.43);
contra a hipocrisia (v.44); contra a opressão (v.46); contra a falta de
realidade (v.47), e contra a ignorância e a obstrução (v.52).
O versículo 41 é
difícil de entender na forma em que está nas nossas traduções. Um tradutor
oferece: "Louco! O que fez o exterior, não fez também o interior das
coisas? Melhor purificar o interior, e então nada vos será
imundo"(Moffat). Veja-se também O.101.
No fim do versículo 48
devemos ler: "porque eles os mataram, e vós sois filhos deles"(O.99).
A sabedoria de Deus
(v.49) Godet pensa que isto se refere ao livro de provérbios, e que é citação
de uma paráfrase de provérbios 1.29-31, em que profetas e apóstolos são agentes
do Espírito de Deus, e a perseguição deles é o desprezo da mensagem de Deus.
O Zacarias referido no
versículo 51 é provavelmente o de 2 Crônicas 24.20-22. A diferença de
parentesco (Mt 23.35) não precisa causar dificuldade, visto que "filho
de" na Escritura é equivalente a "descendente de", e às vezes
significa neto ou bisneto.
A interpretação deste
versículo 52 refere-se aos doutores da lei de então. A sua aplicação hoje pode
ser aos que privam o povo da "Chave da ciência",a Bíblia Sagrada.
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CAPÍTULO 12
A primeira parte deste
capítulo (1-12) é muito parecida com Mateus 10; fermento, quando empregado como
figura (v.1), sempre significa uma coisa ruim.
"Apregoado sobre
os telhados". No Oriente os telhados eram planos e neles haviam lugares
próprios para descansar, dormir, tomar o ar e até conversar com os vizinhos ou
fazer proclamações.
Esse que devemos temer
(v.5) é Deus (segundo os melhores comentadores), ou o Senhor Jesus, que é Juiz
(Jo 5.22; At 17.31). Devemos primeiro ter temor do seu poder, e depois confiar
no seu cuidado e misericórdia.
A blasfêmia contra o
Espírito Santo (v.10), como já temos visto, é a última palavra de quem rejeita
definitivamente a salvação de Deus. (Consulte-se sobre Marcos 3.28-30).
A parábola do rico
louco (13-21) ensina-nos: que Jesus não quis ocupar-se demasiadamente com os
interesses materiais dos seus ouvintes; que a "vida" de alguém pouco
tem com a abundância dos seus bens; que a riqueza material pode ser perdida em
uma noite, mas a verdadeira riqueza é o que temos junto a Deus.
O valor de uma vida
não consiste naquilo que esse alguém tem mas naquilo que esse alguém é.
A loucura do homem
rico consistia em duas coisas: presumir que is viver muitos anos, e que comer,
beber e folgar constituíam "viver".
Com este ricaço vemos:
a) O amor ao dinheiro.
O rico mostrou-se agarrado ao seu dinheiro.
b) Falta de
dependência. Ele "arrazoava entre si" em vez de pedir a direção de
Deus em oração.
c) Um plano inútil.
Resolveu construir mais celeiros na mesma noite em que ia morrer!
d) Uma esperança vã.
Sonhava em gozar seus bens durante muitos anos, mas enganou-se.
e) Uma economia
errada. "Ajuntou para si" bens materiais, mas não tinha nenhuma
riqueza "para com Deus".
Solicitude pela vida (22-34).
Este trecho é muito parecido com Mateus 6.25-34, salvo que o ensino referente
ao "tesouro" está aqui no fim do trecho e em Mateus está no começo.
Devemos, porventura, entender que Jesus repetia seus discursos em diversas
ocasiões e lugares, como nós fazemos?
Duas vezes neste
trecho somos convidados a "considerar", primeiro, "os
corvos" (v.24) depois "os lírios". E em Hebreus 12.3 somos
convidados a considerar aquele que deu este conselho.
Muitos sábios tiveram
a sua fé fortalecida e o seu amor aumentado quando "consideraram" as
obras de Deus (Sl 8.3).
Este trecho ensina-nos
os verdadeiros valores da vida, que, afinal, não são os materiais, mas
espirituais.
O versículo 27
provavelmente deve ser traduzido: "Considerai os lírios, como não cardam
nem fiam; contudo vos digo...".
Aprendemos do
versículo 31 que, no caso de cuidados e interesses do reino de Deus, podemos
contar com Deus para cuidar dos nossos interesses.
Desde que este ensino
foi dado, milhares têm provado que realmente acontece assim.
"Vendei o que
tendes, e dai esmolas" (v.33) é uma palavra que poucos comentadores têm
explicado. Mattew Henry diz: "Para não deixar de socorrer os
verdadeiramente necessitados, devemos vender o que nos é supérfluo - tudo que
não é necessário para o sustento de nossa família- e dar aos pobres".
Vendei o que tendes no
caso de se verificar que serve de impedimento no serviço a Cristo. "Não o
vendais para entesourar no banco ou para ganhar mais pelo juro do dinheiro, mas
para dar esmolas, pois o que é dado por caridade, e acertadamente, tem o melhor
juro e a melhor garantia".
O servo vigilante
(35-48). Temos um trecho resumido que parece com este, em Mateus 24.45-51.
Evidentemente, o assunto aqui é a segunda vinda com relação aos servos de
Cristo. Aprendemos: que a atitude do crente deve ser de serviço, testemunho e
vigilância (vv. 35,36); que para os tais há uma especial bem-aventurança agora
e um especial favor depois: os fieis servos de Deus serão servidos pelo seu Senhor!
(v.37); que a vinda se dará "à hora que não imaginais"; que os servos
precisam de sustento - material e espiritual - e que o Senhor nos convida a
considerar quem, como mordomo ou despenseiro, pode prestar tal serviço. Talvez
seja o diretor de algum instituto bíblico; que é possível alguém que figura
como servo de Deus pode ser mau, descrente da vinda do Senhor, e opressor dos
seus conservos. Esse terá, afinal, a sua parte com os infiéis.
O versículo 48 é muito
importante por ensinar que o castigo dos iníquos será de acordo com a culpa de
cada um, e com o seu conhecimento da vontade de Deus. Mas esta diferença de
castigos não aparece em Mateus 25.41 nem em Apocalipse 21.9 que, por isso, se
tornam mais difíceis de compreender. (Veja-se a explicação de Mateus 25).
Fogo e dissensão
(vv.49-59). Vemos que Cristo é a pedra de toque para a humanidade, e durante os
séculos os homens de bem têm-se submetido ao seu domínio, enquanto os maus têm
reagido.
"O fogo que o
Senhor fala (v.49) era esse que seguiu o batismo que Ele havia de consumar,
isto é, sua morte expiatória (v.50). O fogo era também o dom do Espírito Santo,
que veio, como aprendemos em Atos 2.3, como línguas de fogo. Este fogo
pentecostal, o fogo do divino amor que o
Espírito Santo acende nos corações de todos os crentes (Stier), tem, não
somente um poder purificador, separador, vivificador, mas também um efeito
condenatório e discriminador que o leva a um conflito com os poderes das
trevas, do mundo e de um século mau" (Goodman).
O fim do versículo 49
deve ser "e como desejo fosse já aceso!" (O. 31).
Três vezes no
Evangelho de João lemos que havia dissensão por causa de Jesus (7.43; 9.16 e
10.19).
Notemos como Jesus
fala de mais um batismo que Ele ia receber: uma iniciação em uma nova
experiência - sofrimentos expiatórios. O mesmo é referido em Marcos 10.38, e
Jesus pergunta a Tiago e João se poderão participar do mesmo batismo. Um ensino
recente quer provar que este é o "um só batismo" de Efésios 4.5, mas
essa ideia nos parece sem fundamento.
Vemos que os
versículos 58,59 são muito parecidos com Mateus 5.25,26. Desde que o versículo
54 são as palavras dirigidas à multidão, que no versículo 56 Jesus chama de
"hipócritas". O ensino sensato que aconselha um acordo com o
adversário antes que este nos entregue ao magistrado tem levado alguns que
perante Deus também convém ajustar as contas sem demora.
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CAPÍTULO 13
Severidade e
misericórdia (1-5). O versículo 1 refere-se provavelmente aos seguidores de
Judas Galonites, que se opôs ao pagamento do tributo a César e à submissão ao
governo Romano. Um grupo destes galileus tinha vindo a Jerusalém para uma das
grandes festas, e quando apresentavam as suas ofertas no Templo, Pilatos mandou
uma companhia de soldados que os matou, e misturou sangue com o dos
sacrifícios. Alguns julgavam que esses galileus pagaram bem pelos seus pecados,
mas Jesus ensina que nem sempre o sofrimento é uma prova de culpa. Outros, que
não têm sofrido nenhuma calamidade, perecerão afinal, se não se arrependerem
(Mattew Henry).
A lição principal
deste trecho é a necessidade universal de arrependimento para com Deus, como o
apóstolo pregou em Atenas: "Deus... anuncia agora a todos os homens... que
se arrependam" (At 17.30).
Há uma coisa que o
Senhor insistiu em todas as suas pregações: todos são igualmente pecadores
perante Ele, e todos necessitam do arrependimento, pois do contrário perecerão.
Isto ouve-se pouco na pregação moderna, e, consequentemente, há pouca convicção
do pecado e temor do Senhor. Esse arrependimento é descrito como segue:
a) É arrependimento
para com Deus (At 20.21), e deve ser seguido pela "fé para com nosso Senhor
Jesus Cristo".
b) É arrependimento
"para a salvação 2 Co 7.10), pois o verdadeiro julgamento próprio e
tristeza piedosa têm vista o achar a salvação naquele em quem somente se
encontra.
c) É
"arrependimento para a vida" (At 11.18), porque onde o "não quero"
se muda em "quero" o coração está preparado para receber o dom de
Deus, que é vida eterna.
d) É arrependimento
"do qual ninguém se arrepende" (2 Co 7.10), isto é, mudança
permanente concedida por aquele que Deus exaltou com sua destra para ser "
Príncipe e Salvador, para dar arrependimento" (Goodman).
Na parábola da
figueira (6-9), temos evidentemente uma figura de Israel, que foi por três anos
objeto da cultura espiritual de Cristo. Aprendemos que Deus é paciente, e
cultiva, ainda que a esperança de fruto seja pouca.
Curando no sábado
(10-17). Nos Evangelhos há sete milagres de cura no sábado, dos quais Lucas recorda cinco (4.31-37;
4.38,39; 6.6-11; 14.1,6 e este).
Na queixa do príncipe
da sinagoga vemos uma religiosidade acanhada e exigente quanto à observância de
preceitos e cerimônias, mas sem apreciação da graça de Deus, que dera o sábado
aos homens como alívio e não como pesada carga.
Na mulher paralítica
vemos necessidade, sofrimento prolongado, acanhamento (ela não pediu a cura),
aproximação (ao menos ela chegou perto de Jesus, semelhante a alguns descrentes
que frequentam a casa de oração). E vemos que ela afinal "Glorificava a
Deus".
Em Jesus vemos
observação, interesse, compaixão, contato (pôs as mãos sobre ela), e cura.
Sendo arguido pelo seu
feito misericordioso, Ele mostrou discernimento da hipocrisia do adversário,
uma compreensão sã da significado do sábado, um conhecimento do que
"convinha" em semelhante caso. Qual é a nossa atitude para com o
sábado e o primeiro dia da semana? Como foi que os primitivos crentes se
ocupavam no primeiro dia da semana? Veja-se Lucas 24.1,13,33 a 36; João
20.19,26; Atos 20.7; 1 Coríntios 16.2.
No príncipe da
sinagoga vemos insensibilidade espiritual, indignação descabida, conselho
errado, hipocrisia religiosa, e, afinal, vergonha (v.17).
Notemos a diferença
entre os adversários e o povo no versículo 17.
Mostarda e fermento
(18-21) o Dr. Scroggie diz: "Nosso Senhor não hesitou em repetir suas
mensagens, pois isso valia a pena. Estas duas parábolas fazem parte do discurso
que Ele pronunciou perto do mar da Galiléia (Mt 13) e agora Ele o repete na
Peréia". Notemos que a mostarda apresenta o aspecto exterior do Reino, e o
fermento o interior.
Notemos também que
Mateus diz "reino dos céus" e Lucas "reino de Deus"; e que
"é" semelhante e não, "será" semelhante, como em Mateus
25.1.
Não devemos entender
que a mostarda seja a mais pequena semente no mundo, mas é que a menor que o
lavrador costuma semear; e que a "árvore", depois de crescida, era
maior que as outras hortaliças no seu terreno (Thompson).
A porta estreita
(22-30). Parece que a pergunta do versículo 23 foi motivada por curiosidade -
talvez de alguém que se interessava pela estatística. Jesus imediatamente a
transforma em assunto de urgência pessoal, porém se dirige não somente a quem
fez a pergunta, mas a outros também. Aprendemos: que, para entrar na posse de
todo o bem que pode haver para nós em Cristo, é preciso um propósito de
energia; que muitos, futuramente, terão o desejo quando essas bênçãos não mais
serão oferecidas; que o ter comido - talvez até a Santa Ceia - e ter escutado o
ensino de Jesus não garantem uma bênção; que os que "praticam a
iniquidade" devem esperar ficar bem longe de Deus no porvir; e que, pelo
contrário, muitos de lugares remotos entrarão no gozo do reino.
O lamento sobre
Jerusalém (31-35) é um dos trechos mais eloquentes e mais tocantes dos
evangelhos. Notemos as palavras "quis eu" e "não quiseste".
As palavras "a vossa casa" dão-nos a entender que Cristo não mais a
reconhecia como casa de Deus (35).
O fim do versículo 32
deve ser "e no terceiro dia serei entregue" (O.20).
Leia-se no versículo
35: "A vossa casa será abandonada por vós"(O.20).
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CAPÍTULO 14
Um hidrópico curado
(1-6). Outra vez aparece a questão de ser lícito curar no sábado. O silêncio
dos fariseus (v.4) revelava a sua inimizade. No versículo 4 não queriam falar,
e no versículo 6 não podiam.
Um ensino de humildade
(7-14). A chave do ensino é o versículo 11. Todo o trecho de 1 a 24 trata de
festas. Temos ensino para os convidados (7-11) e para os hospedeiros (v.14). A
palavra recompensar, no versículo 14, merece nossa atenção.
"A expressão ' a ressurreição
dos justos' dá a entender uma ressurreição especial, distinta da ressurreição
geral. Esta distinção é desenvolvida nas epístolas."
A parábola da grande
ceia (15-24) faz-nos pensar em Mateus 22.1-4, porém ali é um rei que faz a ceia,
mas aqui 'um certo homem", pai de família.
Notemos aqui: a ceia
preparada, o primeiro convite, as desculpas, o segundo convite (v.21), o
terceiro convite (v.23) e a casa cheia. Entendemos que representa Israel
convidado em primeiro lugar, e depois os gentios.
Vemos que as desculpas
se referiam a coisas muito lícitas: compras, casamentos, etc. Há um ditado que
"o bom é inimigo do melhor". A preocupação do leitor será com as
coisas boas ou com a coisa melhor de tudo: "o reino de Deus e a sua justiça"?
O ensino da parábola é
que a hospitalidade divina é grande (16), a provisão divina é abundante (16), o
convite divino é extensivo (16,21,23), a misericórdia divina é persistente
(17,21,23), o propósito divino é certo (23), e a ira divina é terrível (21)
(Scroggie).
Notemos os seguintes
pensamentos:
1) Foi Deus quem deu a
festa. Ele é representado pelo "certo homem" que fez a grande ceia.
2) Ele proclama uma
obra realizada. Ele preparou a festa. Ele nos reconciliou a si mesmo pela cruz
de Cristo.
3) O convite está
baseado no fato de que tudo está preparado : "Vinde, que já tudo está
preparado".
4) É somente a loucura
dos homens que os priva de gozar a salvação e a vida. Todos começaram a
desculpar-se. A inimizade do coração natural contra Deus é um fato terrível.
5) Contudo, alguns
tomam parte na festa: Os pobres (que não podem pagá-la); os aleijados (que não
podem trabalhar por ela); os coxos (que não podem andar para ela); e os cegos
(que não podem vê-la) (Goodman)
Três semelhanças da
vida cristã (25-35) ocupam a nossa atenção neste trecho: 1) é semelhante à
construção de uma torre; 2) é semelhante a uma guerra; 3) é semelhante ao sal.
Por isso os cristãos devem ser um testemunho, devem combater o mal, devem
conservar da corrupção a massa. (Consulte-se a nota sobre Mateus 5.13).
" Condições do
discipulado. Este grande assunto é desenvolvido aqui por meio de declaração,
aplicação e ilustração. Olhemos primeiro para a declaração (26,27). Duas
condições do discipulado são afirmadas: a alma precisa deixar (26) e seguir
(27), e deixar para seguir, pois não se segue verdadeiramente a Cristo onde não
houver disposição e propósito para, se for preciso, abandonar tudo o
mais."
Disto temos uma dupla
ilustração (28-32). Primeiro a torre não acabada; segundo a guerra não travada.
Estas ilustrações apresentam os dois aspectos da vida dos discípulos: interior
e exterior, particular e pública; construção e luta.
Supõe-se um caso. Na
primeira nota-se um bom começo, o trágico fracasso, a fulminante censura; na
segunda, o enérgico desafio, o repentino colapso, e a vergonhosa transigência.
Então propõe-se um curso
a seguir. Primeiro pensar no custo de edificar ou batalhar, e então dizer se
pode mesmo começar a construir ou a lutar. o fariseu confiava que podia; o
publicano tinha certeza que não podia.
Depois uma conclusão é
sugerida. O homem não tem em si recurso para o trabalho interior ou a guerra
exterior. Isto é o primeiro fato. O segundo é que todo recurso está em Cristo,
que é Mestre Construtor e o poderoso Conquistador.
Segue-se a aplicação
(33-35): que em tudo Ele seja o primeiro" (Scroggie).
No versículo 26 em vez
de ' a sua própria vida' leia-se ' a si mesmo' (O. 77).
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CAPÍTULO 15
Este capítulo contém
três parábolas de três perdidos: a ovelha perdida, a moeda perdida e o filho
perdido.
Também fala de três
regozijos: do pastor, da mulher e do pai.
Aprendemos uma lição
de valores - a ovelha, uma criatura sem inteligência, valia mais do que
imaginava; a moeda, um objeto sem vida, tinha importância aos olhos da sua
possuidora; o filho, que desprezara o pai, descobriu que era amado sem merecer.
Por que esta parábola
está dividida em três partes? Está assim dividida porque não podia ser uma só,
ou mesmo duas, e apresentar toda a verdade. Vemos isto estudando a condição, a
experiência e a redenção do perdido.
1) A condição do
perdido. Aprendemos: da ovelha, que todos estamos perdidos por nossa própria
ação; da moeda, que somos sem vida espiritual por natureza, e que, por
natureza, somos "mortos em delitos e pecados"; do filho, que estamos
perdidos por escolha.
2) A experiência do
perdido. Na primeira história pensamos na miséria do perdido; na segunda, na
sua insensibilidade; na terceira, no seu remorso.
3) O resgate do
perdido. Mais um motivo para ser a parábola dividida em três partes, é para
revelar a Trindade. Na primeira parte o Filho redime; na segunda, o Espírito,
opera e restaura; na terceira, o Pai recebe (Scroggie).
O pregador do
Evangelho deve notar o que falta nesta parábola do "perdido e
achado". Nada se diz sobre a base do perdão: o sangue derramado; uma obra
redentora consumada; a justiça divina satisfeita.
Devemos estudar não
somente o caso do filho pródigo, mas também o do filho mais velho (vv.11-22).
Vemos: que ele, apesar de estar sempre em casa com o pai, era, moralmente, mais
afastado do que o moço fugitivo; que não tinha coração para apreciar a graça que
espera, anela, recebe, e abençoa o pródigo, e se regozija com a sua volta; que
queria gozar com seus amigos e não com seu pai; que estava demasiadamente
preocupado com a sua bondade própria; que nada tinha do amor que tudo espera -
até mesmo a restauração de um pródigo perdido; que o pai, embora magoado pela
sua indiferença, tratou-o com muita bondade.
O Dr. Guthrie usa as
seguintes divisões:
1) A conduta do
pródigo.
2) A mudança de
pensamento do pródigo.
3) A miséria do
pródigo: perecendo de fome.
4) A crença do
pródigo: que com meu pai havia abundância, até para os criados.
5) A resolução do
pródigo.
No pai notamos:
1) Como recebeu o
filho.
2) Como tratou o
pródigo.
3) Como se regozijou
com a volta do pródigo.
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CAPÍTULO 16
O mordomo infiel
(1-13) tem sido a mais discutida de todas as personagens das parábolas. Para
orientar a nossa interpretação, devemos notar o seguinte:
Ele não foi louvado
por Deus, mas pelo seu patrão. Mostrou-se prudente e prevenido com respeito ao
porvir. Nesse particular é que ele serve de lição às pessoas mais honestas.
O Dr. Bullinger
oferece uma tradução diferente do versículo 9: "E eu, porventura,
digo-vos: Fazei amigos pelas riquezas da injustiça, para que, quando
necessitardes [ou "quando elas acabarem"] vos recebam nos
tabernáculos eternos?"[não!] (J.56, O.56, T.285).
O Dr. Scroggie diz:
"Muito podemos aprender com os homens deste mundo. As realidades do
pecador são bem positivas: Cama, alimento, dinheiro; crendo em tais coisas, ele
vive para elas. Será que o crente crê no que é eterno como o descrente crê nas
coisas presentes? Este mordomo cuidou do seu futuro. Tinha sido infiel, e
preparou-se para o que ia acontecer. E a nós têm sido confiadas maiores
riquezas por um Senhor. Não teremos de dar contas?Bênção futura pode resultar
do bom emprego das oportunidades atuais. (v.9). Há pequenas provas de grandes
princípios (vv. 10-12). Nossa fidelidade em coisas pequenas revela nosso
caráter, e a fidelidade é filha da realidade (v.13)".
O dr, Goodman escreve:
"Nosso Senhor condena o mordomo como injusto (v.8), mas note-se este
ensino: Se um homem injusto emprega dinheiro para providenciar o futuro, muito
mais devem ser os filhos da luz igualmente prevenidos. Porventura os maus devem
ser mais prudentes que os bons?
"Neste princípio
o Senhor apresenta quatro lições: 1) Fazer amigos por meio das riquezas da
injustiça (o dinheiro); fazer bem com elas; ganhar com elas gratidão e amor.
Algum dia, na vossa necessidade, aqueles que assim foram servidos vos receberão
em "tabernáculos eternos", isto é, no seu permanente amor e gratidão.
2) A fidelidade no mínimo resultaria na fidelidade em tudo. 3) No caso de não
sermos fieis no uso do dinheiro que chamamos nosso, como podemos esperar que
Deus nos dê as riquezas verdadeiras (v.11)? O dinheiro é o nível mais baixo da
riqueza; o mais elevado é o caráter: ser encarregado do Evangelho; ser
designado dispenseiro da multiforme graça de Deus.(1 Co 4.1; 1 Pe 4.10).Deus
escolhe seus dispenseiros da maior riqueza entre aqueles que o servem
fielmente. 4) Não podemos servir a dois senhores".
A palavra grega
"mammonas"traduzida Mamon (v.13), é o nome de uma divindade siríaca,
deus das riquezas.
Diz F.W. Grant:
"O mordomo chama os devedores do seu senhor para verificar a situação de
cada um, e cancela uma parte da dívida de cada um, coisa que como Edersheim
observa, estava no seu direito, embora o tenha feito por um motivo injusto.
Podia ter feito isso por misericórdia e até interesse do seu senhor, mas fê-lo
pelo seu próprio interesse. (Van Oosterzee imagina que a diferença cancelada
fosse um acréscimo que o próprio mordomo havia exigido, e que, com o
cancelamento, ele acertou as respectivas contas entre os devedores e o dono,
ganhando ainda a gratidão daqueles. Conclui que era o excesso que exigira, que
dispensou, assim ele ajustou as contas com o patrão, ao mesmo tempo que ganhou
crédito com os devedores. Mas isto muito que é suposição; e não parece que ele
esperava endireitar a conta. A sabedoria com que ele tirou partido daquilo que
tinha nas mãos, é evidente".
É triste ler que os
fariseus avarentos zombaram deste ensino precioso, em vez de o praticarem (vv
14-18). E hoje muitos que não são fariseus ocupam-se com curiosas especulações
referentes ao mordomo infiel, em vez de obedecerem aos quatro ensinos evidentes
( apontados pelo Dr. Goodman) que os mais símplices podem entender.
Podemos perceber a
figura de elipse: "Todo homem [que tenha propósitos e energia espirituais]
forceja por entrar nele" (v.16).
O rico e Lázaro
(19-31). Esta narrativa não é declarada uma parábola, e é interessante ter sido
mencionada o nome do pobre mendigo, o que não era de se esperar no caso de uma
parábola.
Visto que a palavra
grega "kai" tem dois sentidos: e e também, tem-se sugerido uma
tradução alternativa do versículo 22: " morreu também o rico, e foi
sepultado também no Hades". Mas, ainda assim, embora ambos estivessem no
Hades ( o lugar, ou talvez o estado, dos mortos) havia uma diferença, uma
distância, e um "grande abismo"entre os dois.
"No rico
descobrimos certos defeitos de caráter que podem explicar seu destino final.
Era egoísta, gastou sua riqueza consigo. Era guloso, e devemos entender que por
isso era moralmente degenerado.
Era vaidoso, o que
demonstrava pelo vestuário. Era (talvez) sem compaixão para com os pobres e
necessitados, mas devemos notar que não era criminoso". Entre outras
coisas, o trecho ensina a importância de atender ao ensino de "Moisés e os
profetas", isto é, às sagradas Escrituras.
"Os gozos do céu
são espirituais, e ali não há prazeres para os que não têm o temor de Deus ou o
desejo de obedecer; e por isso aquele que, por uma longa vida de egoísmo e de
esquecimento de Deus, tem endurecido a sua alma, com isso tem posto um grande
abismo entre si mesmo e o Céu" (Goodman).
"Estou
atormentado nesta chama" (v.24). "É do tormento da sua alma que ele
se queixa, portanto, trata-se de um fogo que arde na alma. Tal fogo é a ira de
Deus., sofrida por uma consciência acusadora, um coração que se condena. Para o
corpo nada há mais terrível do que ser atormentado pelo fogo: por isso as
misérias das almas iníquas condenadas são representadas por esta figura"
(Mattew Henry).
Talvez haja interesse
para o leitor saber da recente teoria que, quando Jesus disse esta parábola aos
seus inimigos, os fariseus ( a quem era inútil ensinar verdades divinas porque
não queriam obedecer a elas - Jo 7-17), Ele falou ironicamente, levando à sua
legítima conclusão os ensinos deles sobre o "seio de Abraão", e a
doutrina que quem era infeliz neste mundo naturalmente havia de ser
recompensado futuramente no outro. Jesus então desenvolve esta doutrina,
dizendo que, nesse caso, quem era abastado neste mundo (como eram os avarentos
fariseus) devia sofrer a privação de todo o bem no porvir.
Essa teoria acha-se
apresentada num tratado de 32 páginas, que não temos espaço para traduzir, mas
ela tem a probabilidade suficiente para nos ensinar a sermos prudentes em
aceitar ideias religiosas que não têm base bíblica senão nesta parábola. Por
exemplo: que Jesus chamou o céu de "o seio de Abraão"; que os ricos,
mesmo que não sejam ímpios, irão para o inferno; que os pobres, mesmo que não
sejam piedosos, irão para o Céu; que a sorte de cada um no porvir será o
contrário da sua condição aqui.
Tudo isto pode ser
deduzido da parábola, se havemos de tomá-la como ensino direto; mas não, se for
tomada com ironia, semelhante à parábola de Jotão em Juízes 9.8-15.
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CAPÍTULO 17
Conduta cristã (1-10).
O versículo 2 ensina a nossa responsabilidade para com os companheiros -
podemos ajudá-los ou ser-lhes ocasião de tropeço. Especialmente devemos ter
cuidado de não prejudicar espiritualmente "estes pequenos".
Os versículos 3,4 nos
recordam Mateus 18.15-20, e o versículo 6 faz lembrar Mateus 17.20.
Há três coisas no
versículo 3 que devemos praticar: 1) tomar sentido de nós mesmos- examinar
nosso espírito e procedimento; 2) admoestar o irmão pecaminoso; 3) perdoar ao
irmão arrependido.
Sobre o aumento da fé
(vv.5,6) o Senhor ensina: que a fé se desenvolve pelo crescimento interior, não
exterior; que a mínima fé em Deus e na sua Palavra pode operar maravilhas.
Notemos, porém, que a fé necessita de base: precisa poder alegar uma convicção
fundada na palavra e vontade de Deus.
"A fé vem pelo
ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus". Devemos desconfiar de qualquer
"fé" que tenha outra origem.
Fé como grão de
mostarda. Que há na semente da mostarda que ilustra a fé? Podemos observar:
a) Há vida. A semente
não é como o grão de areia, é uma partícula viva. A fé precisa ser viva.
b) Há poder. O
pequenino rebento rompe a terra, tornando-se em árvore (Mt 13.32). Assim a fé,
embora pequena, pode desenvolver-se a ponto de poder atirar uma montanha no mar
(17.20). ( Leia-se Hebreus 11 acerca dos heróis da fé). Nada é impossível à fé.
c) Pode crescer. A fé
é a confiança em Deus que leva o homem a descansar na sua palavra. Essa
confiança cresce pela experiência.
d) A fé é humilde
(pequena). A fé lança mão do poder de Deus , e nada faz por poder próprio. Por
isso confessa: "Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que
devíamos fazer".
Outra lição deste
trecho refere-se ao serviço (vv.7-10). "O propósito de Cristo não é
ensinar com que espírito Deus trata seus servos, mas ensinar com que espírito
devemos servir a Deus". Não há virtude extraordinária em cumprir o dever
(v.10).
Os dez leprosos
curados (11-19). Este incidente ensina-nos que não é só receber a bênção de
Cristo; tendo recebido, convém, ao menos, dar graças a Deus. É de notar que o
homem grato era um desprezado samaritano. (Para saber a origem dos samaritanos,
consulte-se 2 Reis 17.24-41).
Os dez ilustram a
obediência da fé, que age de acordo com a Palavra de Deus antes de receber a
bênção.
Na purificação destes
dez homens temos algumas lições excelentes:
1) "Pararam de
longe" (12). Seu triste estado o exigia; a Lei ordenava (Lv 13.45,46).
Teriam sido, talvez, apedrejados se tivessem procurado misturar-se com o povo.
Nisto vemos uma figura do nosso estado natural: Somos imundos e estávamos longe
(Ef 2.13).
2) "Levantaram a
voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós" (13). Invocaram o
nome do Senhor, e a Bíblia nos diz que quem assim fizer "será salvo"
(Rm 10.13).
3) O senhor respeitou
a Lei. Não somente Ele mesmo a guardou, mas, mandou os leprosos cumprirem-na
(v.14). Ele mostrou que não viera para a
destruir (Mt 5.17), mas para a fazer gloriosa (Is 42.21).
4) Foi pela obediência
da fé que os leprosos foram sarados. "Indo eles, ficaram limpos".
Aqui temos uma grande lição. "Pois pela graça sois salvos, mediante a
fé". Logo que haja fé, a bênção segue-a.
5) Nem todos os
curados sentiram gratidão ou voltaram para agradecer! Muitos que se dizem
cristãos não frequentam as casas de oração para dar graças a Deus.
6) "Este
estrangeiro" é o título que o Senhor dá ao samaritano. É verdade: Ele
estava "Sem Cristo, separado da comunidade de Israel, estranho aos
concertos da promessa" (Ef 2.12). Outrora éramos assim também, mas agora,
em Cristo, pelo seu sangue chegamos perto.
7) "A tua fé te
salvou". Isto foi dito somente ao que voltou, pois ele tinha a fé genuína
que traz a salvação. Os outros tinham uma fé que ficou satisfeita só com a cura
do corpo" (Goodman).
A vinda do reino
(20-37). Os que fazem a pergunta do versículo 20 são fariseus, mas a respeito é
dirigida aos discípulos (v.22). Notemos que este trecho é parecido com Mateus
24. 36-44.
"Quem estiver no
telhado e as suas alfaias (bens) em casa, não desça a tomá-las"(v.31). O
telhado plano era servido geralmente por uma escada exterior, e quem fugia
apressadamente do telhado não teria tempo para entrar em casa.
Sobre o versículo 37,
diz Scroggie: " O cadáver é a humanidade destituída da vida de Deus, e as
águias (urubus) representam o juízo divino". (Consulte-se sobre Mateus
24.28). "O juízo final ( e também a primeira fase da segunda vinda de
Cristo), será tão discriminador como repentino: um homem tirado da sua cama e
sua esposa deixada; uma mulher tirada do moinho e outra deixada. Perguntam,
"Onde?" e Ele responde que onde estiver o corpo, aí se ajuntarão as
águias. Onde estiver a corrupção, ali o juízo que há de purificar a terra a
descobrirá" (Grant).
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CAPÍTULO 18
Duas parábolas
referentes à oração (1-14). A primeira ensina a não desfalecer; a segunda a não
fingir. A primeira pede vingança; a segunda misericórdia.
O fim do versículo 7
tem sido traduzido diversamente; uns entendem que "eles" são os
"escolhidos", e outros que são os seus inimigos. De acordo com o
primeiro modo de entender, a V.B tem "embora * seja demorado em
defendê-los".
*A palavra grega
"kai", geralmente traduzida também, não parece ter o sentido de
"embora".
Outro tradutor dá:
"E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de ia e de
noite - a ele que é tão longânimo?".
O que a escritura
afirma, e que a experiência confirma, é que deve haver persistência na oração;
que não seja difícil conseguir que Deus atenda, mas, provavelmente, porque nem
sempre podemos receber dignamente a resposta desejada.
No caso do publicano,
vemos um pecador justificado (v.14). Notemos os seguintes pontos: 1) É a
justificação de um pecador. 2) é uma justificação pela graça, pois o homem não
merecia a misericórdia que pediu. 3) É uma justificação por sangue (Rm 5.9),
porque ele estava no templo, vendo o sacrifício do cordeiro, à tarde , e rogou:
"Ó Deus, sê propício [hilastheti] a mim, pecador. 4) Era uma justificação
pela fé (Rm 5.1), porque nenhuma obra justificou alguém. O publicano creu, e
foi-se em paz para casa (Scroggie).
Jesus e os meninos
(15-17). Do versículo 15 até o fim do capítulo, Lucas acompanha de perto a
narrativa de Mateus e Marcos.
É só Lucas que tem as
palavras no versículo 16, "chamando para si os meninos", mas a
narrativa mais completa está em Marcos 10.13-16.
O moço rico (18-30).
Para a explicação deste trecho, consulte-se sobre Marcos 10.
A chave do ensino de
Jesus ao moço está nas palavras: "Vem e segue-me". É somente seguindo
a Jesus que podemos conhecer praticamente a verdadeira vida, a "vida
eterna", em comunhão com os propósitos divinos. E, em certos casos, será
preciso desembaraçar-se de algum empecilho. No caso deste moço, o empecilho era
seu apego aos bens materiais.
Os três evangelhos
sinóticos contam o incidente, mas somente Lucas tem as palavras: "E vendo
Jesus que ele ficara triste" (v.24). Podemos contrastar com este caso o de
um certo doutor da Lei em Lucas 10.25.
A este incidente segue
a parábola dos trabalhadores, contada somente por Mateus.
Jesus anuncia a sua
paixão (31-34). Disto o relatório mais detalhado é o de Marcos. A segunda parte
do versículo está só em Lucas, como também a referência a ser Jesus
"cuspido e açoitado" (vv.31,33), mas somente Mateus fala de
crucificação.
Notemos a significação
das palavras "será entregue aos gentios" (v.32); assim Israel, havia
de manifestar a sua pouca apreciação do Messias prometido!
Jesus fez referência
oitenta e duas vezes a si mesmo como "o Filho do homem". A expressão
ocorre apenas três vezes no restante do N.T (At 7.55,56; Ap 1.13; 14.14).
A expressão
encontra-se também no V.T, especialmente nos livros de Daniel e Ezequiel, ambos
os profetas sendo tratados como "filho do homem" (Dn 8.17, e em
Ezequiel noventa vezes) (Goodman).
O cego de Jericó
(35-43). Alguns entendem que houve dois milagres quase idênticos, um à entrada
de Jericó (Lucas) e outro à saída (Marcos). "Estes dois milagres,
relatados separadamente por Lucas e Marcos, são combinados por Mateus"
(Mimpriss).
Contudo, parece mais
provável que tenha havido somente um, e não podemos saber ao certo se foi antes
ou depois da entrada de Jericó.
As três palavras ditas
ao cego podem ensinar-nos três lições:
1) "Que queres
que te faça?" Deus primeiro faz seu apelo à vontade. Os que não querem,
não recebem.
2) "Vê"- Uma
palavra de poder. A fé que pode receber algo de Deus é uma fé que salva.
3) "A tua fé te
salvou". Isto repete o que é frequentemente ensinado na Escritura: que
Deus honra a fé porque a fé honra a Deus.
Notemos no cego: o seu
estado deplorável (v.35); a sua esperança nascente (vv.36,37); a sua
compreensão da necessidade (vv.38,39); a sua simples fé (v.40); a sua petição
positiva (41,42); a sua cura instantânea (v.43); o seu testemunho público (v.13)
(Scroggie).
Somente Lucas tem as
palavras "glorificando a Deus" (v.43).
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CAPÍTULO 19
Zaqueu o publicano
(1-10). Este trecho, um dos prediletos dos pregadores, tem sido explicado de
muitas maneiras. No guia do pregador tenho três estudos sobre ele.
Entre uma grande
variedade de exposições do trecho que tenho por vários autores, há a seguinte
por esse "príncipe de pregadores". C.H.Spurgeon:
Zaqueu era um homem:
a) exercia um cargo desprezível - um cobrador de impostos; b) mal visto pelas
pessoas de boa fama; c) rico, e sua riqueza era suspeita de ser mal adquirida;
d) excêntrico- ou não teria trepado na árvore; e) bem longe de ser uma pessoa
de consideração.
A esse veio Jesus; e
Ele pode vir a nós, embora sejamos semelhantemente desprezados por muitos, e
por isto dispostos a pensar que Ele nos desprezará também.
1) Consideremos a
necessidade que o Salvador sentiu de visitar a casa de Zaqueu.
Ele sentiu urgente
necessidade de: a) um pecador que aceitasse a sua misericórdia; b) uma pessoa
que ilustrasse a soberania da sua escolha; c) um caráter cuja conversão
engrandeceria sua graça; d) um hospedeiro que o recebesse com cordialidade; e)
um caso que divulgasse a grandeza do seu Evangelho (vv. 9,10).
Havia necessidade de
servir: "Hoje me convém pousar na tua casa"; necessidade de beneficência
em que outros receberiam bênção por meio de Zaqueu.
2) Indaguemos se
semelhantes necessidades existem em nosso caso.
Podemos verificar
isto, respondendo às seguintes perguntas, sugeridas pelo procedimento de
Zaqueu:
a) Queremos nós
recebê-lo hoje? Zaqueu apresentou-se.
b) Recebê-lo-emos cordialmente?
Zaqueu o recebeu com gosto.
c) Recebê-lo-emos
apesar da crítica dos outros? Os assistentes murmuravam.
d) Recebê-lo-emos como
Senhor? Zaqueu disse "Eis, Senhor".
e) Recebê-lo-emos para
pôr nossos bens à sua disposição? (v.18).
3)Entendamos bem o que
essa necessidade importa! Se o Senhor Jesus vem para ficar em nossa casa: a)
precisamos preparar-nos para enfrentar a oposição da família; b) Precisamos
acabar com tudo que não lhe agrada; c) precisamos deixar de admitir quem
entristeça nosso hóspede celestial; d) precisamos permitir-lhe governar nossa
casa sempre e inteiramente; e) precisamos permitir-lhe servir-se de nós como
instrumentos para o progresso do seu reino.
Por que não receber o
Senhor hoje?
Não há nenhuma razão
contrária; há muitos motivos a favor. Ouçamos, atentos, a sua palavra:
"Hoje me convém pousar na tua casa".
F.W. Grant aprecia
Zaqueu por outro prisma:
"O nome significa
"puro" ou "limpo", como as suas palavras o mostram ser.
Devemos entendê-las, certamente, não como aquilo que ia fazer, mas como a
resposta à acusação murmurada contra ele, e que comprometia a Cristo também por
ter ido pousar em casa de um homem pecador. "Um pecador". Zaqueu
podia dizer: "eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens, e se nalguma
coisa tenho defraudado alguém por acusação falsa (grego) - uma coisa que podia
acontecer inadvertidamente - o restituo quadruplicado". Ele fala daquilo
que faz habitualmente, não de uma nova resolução.
"Contudo Zaqueu
não é um mero fariseu sob capa de publicano. Bem podia haver nele algo de
farisaísmo, pois isso pertence à nossa natureza caída; e as palavras de nosso
Senhor, meigas e ternas como são, podem corrigir tal tendência embora Ele não
tivesse falado assim a um verdadeiro fariseu. Para Ele um "filho de Abraão"
devia significar um filho da fé (Jo 8.39), e nesse dia a salvação tinha vindo
àquela casa quando o objeto da fé foi nela recebido. Assim a salvação veio a
Zaqueu, não mediante a pureza da vida que ele podia alegar, mas por aquele que
ele procurara, e que o tinha procurado primeiro, pois "o Filho do homem
veio buscar o que se havia perdido", e um dos tais era Zaqueu.
A parábola das dez minas. (11-27). Esta é
muito parecida com a dos dez talentos em Mateus 25, mas com a diferença de que
em Mateus os servos recebem cinco, dois ou um talentos, e em Lucas cada um
recebe uma mina. Aprendemos desta parábola: 1) que os inimigos de Deus
recusaram o senhorio de Cristo, e odiaram-no; 2) que pode haver quem tome lugar
de servo, porém sem trabalhar; 3) que alguns prestam mais serviço do que os
outros; 4) que a fidelidade nos pequenos serviços de agora resultará no
privilégio de maiores responsabilidades futuramente.
No caso do servo
maligno, notamos: 1) que era covarde, como ele mesmo disse (v.21); 2) que
ignorava o caráter do seu senhor, chamando-o "homem rigoroso"; 3) que
era preguiçoso; 4) que ficou sem o que tinha (24)- (Goodman).
No versículo 20
leia-se: 'E veio o último, dizendo" (O.134).
A entrada triunfal em
Jerusalém (24-44) é relatada pelos quatro evangelistas, porém mais
resumidamente por João. É somente Lucas que recorda a resposta dos dois
discípulos ao dono do Jumento: "O Senhor o há de mister" (v.34), e os
versículos 39 a 44.
Notemos:
1) Jesus escolheu, por
humildade , um jumentinho, e não um cavalo - animal de guerra- para sua
montaria.
2) Seus discípulos, na
falta de arreios, tiveram a feliz lembrança de ceder cada um seu vestido para
forrar o lombo do animal. E nós, que temos gastado com Jesus?
3) Havia já uma
multidão de discípulos (v.37) e não somente os doze apóstolos.
4) Havia, como sempre,
pessoas que criticavam esta manifestação de entusiasmo.
5) Jesus recusou-se a
repreender o regozijo dos discípulos.
6) Longe de se
regozijar; afligiu-se ao pensar na sorte de Jerusalém e seus filhos.
O versículo42 deve ser
"Oxalá que tu conhecesses também..." (O.31).
A profecia dos
versículos 43,44 foi cumprida 40 anos mais tarde, quando Tito destruiu
Jerusalém.
A segunda purificação
do Templo (45-48) é relatada, com pouca diferença, pelos evangelhos sinóticos.
Só Lucas tem as palavras "e todos os dias ensinava no templo" (v.47).
No versículo 46 há uma
alusão a Isaías 56.7 e a Jeremias 7.11.
Nos versículos 47,48
notemos as diferentes pessoas referidas: a) Jesus ensinando publicamente no
templo até o fim; b) sacerdotes e escribas, cheios de ódio religioso, querendo
matá-lo; c) o povo "suspenso quando o ouvia" (Fig.); d) e nós,
escutamos e obedecemos ao ensino do Salvador?
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CAPÍTULO 20
O batismo de João
(1-3). Este trecho é dado com pouca diferença pelos três evangelhos sinóticos.
Somente Lucas emprega a palavra "sobrevieram", quando fala na chegada
dos principais sacerdotes, como se as suas interrogações fossem uma espécie de
assalto. É terça-feira da semana da paixão.
A pergunta "com
que autoridade?" refere-se, provavelmente, à purificação do templo.
Os sacerdotes
tinham-se em conta de ensinadores autorizados, e queriam combater esse
"pregador sem ordenação". Hoje pode-se dar uma coisa semelhante.
Os lavradores maus (9-18).
Esta parábola é contada pelos três evangelistas quase em palavras idênticas. É
só Lucas que fala de sacerdotes e escribas (v.19).
Os servos eram os
profetas enviados, de vez em quando, a Israel rebelde. Notemos como o Senhor
aqui afirma ser Ele o Filho de Deus (vv. 13-15). Os versículos 14 e 15
cumpriram-se três dias depois.
A pedra reprovada. No
começo da época atual, Israel caiu sobre a pedra, Cristo, e foi quebrado. No
fim desta época a pedra - Cristo- cairá sobre o poder dos gentios e os esmagará
(Dn 2.44) (Scroggie).
Tributo para César
(19-26). Mateus põe aqui a parábola das bodas (Mt 22.1-14), e depois os três
evangelistas relatam a interrogação sobre o tributo.
Somente Lucas explica
o verdadeiro motivo da cilada dos inimigos: para "entregá-lo à jurisdição
e poder do presidente".
"Jesus não ensina
aqui que não se pode servir a Deus quando se serve ao Estado, nem que seja
impossível servir-se o Estado quando se serve a Deus. Ele não ensina que o
sagrado e o secular são incompatíveis. Nossos deveres cristãos e civis não
devem chocar-se; temos obrigações perante a lei divina e perante a lei
humana" (Scroggie).
A questão da
ressurreição (27-40). Este trecho está em todos os evangelhos sinóticos em
linguagem quase idêntica. Algumas partes dos versículos 35,36,39,40, só temos
em Lucas.
Aprendemos aqui: 1)
Que há uma vida futura pela ressurreição; 2) Que nem todos serão dignos de
desfrutá-la (35); 3) Que na vida além não há casamento nem morte; 4) Que os
ressurgidos são iguais aos anjos, sendo filhos de Deus. (Consulte-se também em
Mateus 22.23-33).
Notemos que a
Escritura nunca diz que os iníquos vivem no mundo além. Existir é uma coisa;
viver é outra.
Notemos que no
versículo 35 devemos ler "ressurreição de entre os mortos".
As verdades que o
Senhor trouxe à luz na sua resposta são as seguintes:
1) Todos os mortos
vivem para Deus (38). Em nenhuma parte das Escrituras se fala da morte como
sendo uma cessação da existência. "Aos homens está ordenado morrerem uma
vez, vindo depois disso o juízo" (Hb 9.27). Há um "depois" em
cada caso.
2) Abraão, Isaque e
Jacó, todos morreram, mas Deus ainda se chama seu Deus (37), e Ele não é Deus
dos mortos, mas dos vivos.
3) Na ressurreição não
há casamento (35-36).
4) Os que alcançam o
mundo vindouro, isto é, os regenerados, os únicos que podem herdá-lo (1 Co
15.50) por fé em Cristo, são iguais aos anjos (36) na sua condição bem-
aventurada.
Jesus interroga seus
adversários (41-47). Vemos em Mateus que Jesus dirigiu a sua pergunta aos
fariseus, começando com "Que pensais vós de Cristo?".
O argumento é: Como
podia Davi falar do Messias como sendo ao mesmo tempo seu filho e seu Senhor?
Podia somente porque esse "filho de Davi" era também o Filho de Deus.
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CAPÍTULO 21
A oferta da viúva
(1-4) não é narrada por Mateus, mas só por Marcos e Lucas, e por Marcos com um
pouco mais de detalhes.
O nome da viúva pobre
não está registrado na terra, mas sem dúvida está escrito no céu. Sua fama tem
sido ecoada através do mundo, e seu exemplo tem trazido mais ao tesouro do que
qualquer rico jamais deu.Ela deu mais do que pensava nesse dia, pois deu um
exemplo, e em verdade deu "mais do que todos" (v.3). Este incidente
tocante e simples tem-se tornado o maior exemplo da contribuição. Colhamos as
lições principais:
a) O valor de nossas
ofertas não é contado pela quantia.
b) Ao dar, o motivo e
não o material, é o que mais importa.
c) A viúva podia ter
achado uma desculpa para não dar, mas ela não procurava desculpa.
d) Dádivas pequenas
não são desprezíveis.
e) Nossas dádivas
podem ganhar a aprovação do Mestre (Goodman).
Jesus conta de modo
diferente dos homens em geral, considerando não tanto a importância
contribuída, mas a soma retida. Ela nada guardou para si,portanto, de acordo
com o seu conceito de Cristo, aquela viúva dera mais do que todos. Pois os
outros deram a sua abundância, mas retiveram muito, enquanto ela contribuiu com
tudo o que tinha para o seu sustento (Grant).
"Como é que Jesus
estima o valor das dádivas? Certamente não pela sua quantia, mas antes:
1) Pelo espírito com
que a dádiva é feita. Devemos dar: a) secretamente (Mt 6.3,4); b)
voluntariamente (1 Tm 6.18),porque o que se der contra a vontade será dado por
algum motivo errado; c) alegremente (2 Co 9.7); d) liberalmente (Rm 12.8).
2) Pela proporção que
a dádiva representa em relação às possibilidades do ofertante. O que seria
verdadeiro sacrifício para um, pode ser uma ninharia para outro.
3) Pela sabedoria e
amor manifestados pela dádiva. Muita da nossa beneficência é prejudicial. Devia
haver bastante oração sobre como devemos oferecer nossas dádivas. Dar todos os
nossos bens aos pobres sem haver amor, nada vale (1 Co 13.3).
O sermão profético
(5-36), apresentado por mais extenso em Mateus 24, contém alguns pormenores
narrados somente em Lucas, como, por exemplo: os sinais no céu do versículo 11;
a "boca e sabedoria" do versículo 15; "não perecerá nem um
cabelo da vossa cabeça" (vv. 18,19); Jerusalém cercada de exércitos no
versículo 20; os dias de vingança do versículo 22, e o importante versículo 24.
"Nos versículos
5-11 e 25-36 temos um resumo de Mateus 24, falando da segunda vinda de Cristo,
mas nos versículos 12-24 temos uma profecia da destruição de Jerusalém, que se
cumpriu em 70 d.C. Notemos o começo do trecho: "Antes de todas estas
coisas" (v.12)".
"Na vossa
paciência possuí as vossas almas" (v.19) significa: Se nestas provações
fordes pacientes, ficareis calmos, e senhores de vossos corações."
"Ponha sua mão
sobre o meu coração", disse um crente perseguido ao seu juiz injusto,
"e depois sobre o seu, e diga-me qual bate mais depressa". Mesmo em
tais circunstâncias, é verdade que "Tu conservarás em paz aquele cuja
mente está firmada em ti" (Is 26.3).
"Jerusalém
cercada de exércitos" (v.20) havia de ser o sinal que sua desolação estava
próxima, e que deviam fugir para as montanhas. Em Mateus 24.15 e Marcos 13.14
isto é referido como sendo "a abominação da desolação".
Entre o primeiro sítio
de Jerusalém por Céstio em 66 d.C. , do assalto final por Tito em 70, os
cristãos, reconhecendo o cumprimento das Palavras do Senhor, obedeceram ao
aviso e fugiram para o terreno montanhoso de Pela. Assim salvaram-se dos
horrores do sítio e da destruição final da cidade (Goodman).
"Outra
particularidade de Lucas se vê neste discurso do monte das Oliveiras (Mt 24.2).
Os versículos 20 e 22 não são dados por Mateus ou Marcos.Toda esta seção em
Lucas 20-24 refere-se ao cerco de Jerusalém por Tito em 70 d.C., mas esse sítio
pode ser uma figura de outro no fim deste período, do qual lemos no V.T.
"Neste cerco
final a cidade não será tomada, mas libertada pela vinda de Cristo (Ap
19.11-21), as referências em Mateus e Marcos são a esse último sítio e não ao
anterior como em Lucas.
Em Lucas o sinal é
Jerusalém cercada de exército (v.20), mas nos outros evangelhos é a abominação
no lugar santo (2 Ts 2.4). Não há nenhuma contradição dos evangelistas, pois
vemos que havia perguntas com respeito ao começo e ao fim da tribulação de
Jerusalém" (Gray).
"Os tempos dos
gentios" (v.24) começaram com o cativeiro de Judá sob Nabucodonosor (2 Cr
36.11-21), e desde então Jerusalém tem
estado sob o domínio gentílico (Scofield).
A segunda vinda de
Cristo (25-36). Alguns entendem que os "sinais", no sol, estrelas,
etc. representam perturbações de governos.
"Como no primeiro
advento havia duas profecias diferentes, uma dizendo que Cristo viria a Belém
(Mq 5.2), e outra Sião (Zc 9.9), e ambas se verificaram, embora com intervalo
de 33 anos, assim a segunda vinda pode ser dividida em duas fases, primeiro
para seu povo (1 Ts 4.16) e depois com seu povo (2 Ts 1.10)"(Scroggie).
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CAPÍTULO 22
Preparando a ceia
pascal (1-13). Chegamos outra vez à última Páscoa e à Santa Ceia, e notamos
como o Senhor Jesus transformou a velha festa tradicional, dando significação
inteiramente nova e cristã.
"Segundo todos os
esboços da semana da Paixão, a quarta-feira é considerada um dia de retiro do
qual não há nada registrado, o que faz presumir que a crucificação se tenha
verificado na sexta-feira. Isto tem sido discutido, sendo possível que fosse
quinta-feira o dia da crucificação, caso este em que o problema dos "três
dias e três noites" no sepulcro ficaria resolvido".
"Por uma
comparação dos quatro evangelhos, fica evidente que Jesus e seus discípulos não
observaram a Páscoa ao mesmo tempo que os judeus, mas vinte e quatro horas mais
cedo" (Scroggie).
Algumas palavras
principais do trecho (14-23):
a) Recordação:
"Fazei isto em memória de mim!" (v.19).
b) Comunhão (1 Co
10.16). Confessamos nosso interesse comum na morte expiatória.
c) Discernimento (1 Co
11.29), porque a fé enxerga a realidade através da figura, e sob a figura o
coração aprecia o fato.
d) Unidade do corpo (1
Co 10.17): "Nós, sendo muitos, somos um".
e) Testemunho (1 Co
11.26), para que todo o mundo saiba a base em que descansa a nossa fé.
f) Antecipação - até
que Ele venha (Goodman).
"Duas festas
uniram-se nesta celebração". Nesse cenáculo deu-se um acontecimento
notável: A festa pascal foi solenemente encerrada (16-18), e a Santa Ceia
instituída com igual solenidade (19,20).
Sobre essa mesa
terminou um período e começou outro; Cristo era o cumprimento de uma ordenança
e a consumação de outra" (Scroggie).
O maior será como o
menor (24-30). Este trecho é um tanto parecido com Mateus 20 e Marcos 10, mas
somente se encontra em Lucas.
Vemos os discípulos
contendendo logo depois da Ceia do Senhor! Aprendemos: que nos momentos mais
solenes a carne tende a manifestar-se; que o reino de Deus não é semelhante a
um governo mundano, mas é contrastado com ele; que a verdadeira grandeza no
reino é servir, como Cristo mostrou pelo seu exemplo; que Jesus apreciou a
companhia dos discípulos nas suas provações; que os apóstolos futuramente
julgarão as doze tribos de Israel.
"Os que têm
autoridade sobre eles são chamados benfeitores" (v.25). "É por este
mesmo título de "benfeitor" (euregetes) que um dos Ptolomeus é
conhecido na história, e era muitas vezes aplicado aos imperadores romanos.
Semelhante lisonja não havia de prevalecer entre os discípulos de Cristo, mas o
maior devia ser como o menor, e o principal tomar o lugar de servo"
(Grant).
Podemos notar que na
Igreja de Deus, quem presta mais serviço é estimado como grande.
Ao que parece, Pedro é
avisado (31-34) três vezes: A primeira, durante a ceia (Jo 13.36,38); a segunda,
também durante a ceia (Lc 22.31-34); a terceira, no caminho para o Getsêmane
(Mc 14.30).
Deste incidente
devemos aprender: que o inimigo procura sempre enfraquecer nossa fidelidade ao
Mestre; que Cristo intercede por nós; que um crente pode não ser
"convertido"; que depois de restaurado pode confortar seus irmãos (2
Co 1.14); que é frequente o crente confiar em si mesmo e negar seu Senhor.
"Se tivesse aceitado
o aviso, Pedro teria podido escapar, não sem aprender a sua lição, mas
aprendendo-a dos lábios do Senhor. Que havia de negá-lo três vezes antes de
cantar o galo podia ter sido aceito por Pedro de tal maneira como uma revelação
da sua fraqueza e seu perigo que o teria salvado da queda. Mas não o fez;
resistiu à meiga voz que o teria abrigado do mal, e assim a profecia se
cumpriu. Mesmo então ficou para ele (quando o orgulho e a força foram
derrubados), o conforto da exortação 'quando te converteres confirma teus
irmãos"' (Grant).
As duas espadas (35-38).
Essa passagem da Escritura é reconhecida como sendo das mais difíceis de
interpretar. O Dr. Goodman acha provável haver aqui a figura de
"metonímia", pela qual coisas espirituais são representadas por
materiais. Assim as palavras seriam lidas: "Depois da minha partida sereis
como o homem que tem de vender seu vestido e comprar uma espada".
Diz outro expositor: "A
palavra do Senhor referente à compra de uma espada não é para tomar ao pé da
letra, ou Ele não teria dito que as duas bastavam. Parece que Ele quis
contrastar a primeira viagem missionária com as condições diferentes no futuro.
Nada lhes faltará; tudo tinha ido bem, mas agora devem esperar o conflito. Ao
mesmo tempo a confiança deles seria nele somente".
Nossa espada não é
arma carnal (2 Co 10.4), mas a Palavra de Deus, que precisamos possuir a
qualquer custo (v.36).
É somente Lucas que
fala da espada.
Jesus no Getsêmane
(39-46). "Nosso Senhor teria saído para o monte das Oliveiras na última
hora da segunda vigília da noite, ou seja, em nosso horário, entre 11 horas e
meia noite. Faltavam dois dias para a lua cheia" (Greswell).
Mateus e Marcos dão o
nome de Getsêmane. Lucas fala apenas de um lugar, João menciona o jardim.
Só Lucas precisa a
distância "cerca de um tiro de pedra", e fala do anjo, e do suor como
gotas de sangue.
Podemos indicar os
seguintes pontos para meditação neste trecho: a oração, a submissão, o cálice,
o anjo, a agonia.
"A palavra
traduzida 'agonia' não tem precisamente seu sentido moderno. Significa: um
conflito violento, como em Filipenses 1.30; Colossenses 2.1; contenda (1 Ts
2.2); combate (2 Tm 4.7); corrida (Hb 12.1). Nosso Senhor estava lutando com as
potestades das trevas, e ficou em angústia, como quem contempla um objeto de
horror: o horror de entrar a sua alma imaculada em contato com o pecado"
(Goodman).
"Como gotas de
sangue" (v.44). As palavras dão a entender que não era literalmente
sangue, mas que o suor era tinto de vermelho e parecia sangue. "Tem sido
geralmente entendido que o suor na testa de Jesus se tornou semelhante a
sangue, um fenômeno chamado na medicina antiga de "haimatodes
hidros": suor sanguinário" ('International Bible Encyclopedia').
Jesus é preso (47-53).
Neste trecho notamos a hipocrisia de Judas; o discernimento do Senhor; a
audácia de Pedro (v.50); o poder milagroso para sarar; e a "hora" dos
inimigos.
Pedro nega a Jesus
(54-62). Devemos achar em perigo quando nossa situação é diversa da de nosso
Senhor. Pedro, comodamente sentado, esquentava-se na companhia dos inimigos de
Jesus. E caiu (v.55).
Quantas vezes a
mentira nasce do medo (v.57)!
No versículo 60
devemos ler: "E Pedro disse: O homem de que falas, não conheço".
Jesus apenas olhou
para Pedro - e não precisava fazer mais! E nós podemos fazer admoestações
silenciosas? Há muitos anos falava eu de um projeto a uma irmã de idade, muito
piedosa. Ela nada disse. Por isso mesmo fiquei pensativo; examinei novamente o
projeto que a havia consultado e abandonei-o.
Jesus perante o Sinédrio
(63-71). Os quatro evangelistas falam do caso, mas Lucas parece notar
especialmente a zombaria e crueldade dos homens. Vemos que Jesus testifica
claramente a verdade de ser Ele o Cristo, e os chefes religiosos denunciam seu testemunho
como blasfêmia.
O chamado "julgamento" de Jesus
processou-se em seis partes: três eclesiásticas e três civis. Tudo se realizou
entre uma e sete horas da manhã da sexta feira-feira (Scroggie).
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CAPÍTULO 23
Perante Pilatos e
Herodes (1-25). Notemos a excessiva malvadez da acusação mentirosa no versículo
2. Contudo, Pilatos não se deixa impressionar, mas diz: "Não acho culpa
alguma neste homem".
As acusações contra
Jesus foram; a) que pervertia o povo pelo seu ensino; b) que proibia dar
tributo a César, o que era pura mentira; c) que dizia que era rei, o que era
verdade, porém seu reino não era material e sim espiritual. d) que era
malfeitor (Jo 18.30), mas Ele 'andou fazendo o bem'; e) que alegara ser Filho
de Deus (Jo 19.7) o que, se não fora verdade, teria sido uma blasfêmia.
Jesus não negou que
era Rei. Sua resposta é dada mais detalhadamente em João 18.33-38,e, depois de
ouvi-la, Pilatos confessou que não achava culpa nele.
Pilatos julgou com
razão que nada disso justificava condenar Jesus a uma morte cruel como era a da
crucificação (v.14), e, ouvindo que Ele era da Galiléia, da jurisdição de
Herodes, e que Herodes estava em Jerusalém, mandou-o a Herodes.
A "roupa
resplandecente" que Herodes mandou vestir em Jesus era, provavelmente
branca, a cor dos hebreus. A palavra grega é "lampran", que significa
brilhante, e aparece em Apocalipse 15.6 e 19.8. Mais tarde, os soldados
vestiram-no de um manto de púrpura, a cor imperial de Roma (Jo 19.2,5).
Ele é rei dos judeus e
rei universal, por isso ambas as cores tinham cabimento.
Notamos que o Senhor respondeu a Pilatos, mas não
disse palavra alguma a Herodes, Herodes e Pilatos, antes inimigos, concordaram
em menosprezar Jesus (v.12).
Em todo este
incidente, percebemos a fraqueza moral de Pilatos, entregando à morte um homem
que ele mesmo reconhecia ser inocente.
As filhas de Jerusalém
(26-32). Tem-se notado que não lemos de nenhuma mulher que fosse inimiga de
Jesus. Vemos um contraste notável entre os homens gritando
"crucifica-o", e as mulheres lamentando e batendo nos peitos.
Jesus repara, e tem
palavras de aviso para elas. É seu discurso final. "Esse que tinha
enxugado muitas lágrimas, agora manda chorar. Ele prediz os sofrimentos que
viriam sobre Israel no ano 70 d.C. durante muitos séculos seguintes e na Grande
Tribulação. Se os Romanos assim tratam a mim, inocente e Santo (o madeiro
verde), qual será a sorte deles, os culpados e falsos (o seco)?"
(Scroggie).
F.W.Grant comenta de
modo um tanto diverso as duas árvores: No meio de uma geração, o fogo de cuja
ira pode arder desta maneira na árvore verde e frutífera, que seria a sorte
desses que eram semelhantes à lenha seca - combustível próprio para o fogo? Não
é a ira divina de que Ele fala (embora a ira divina bem podia entregá-los a
isso), mas é o que eles haviam de infligir uns aos outros. Os sofrimentos
desses encerrados na cidade sitiada são o assunto da conhecida história dos
judeus.
O versículo tem sido
parafraseado assim: "Se fazem estas coisas em mim, frutífero e sempre
verde, imortal porque divino, que farão a vós, sem fruto, e privados de toda
justiça vital?" (Theophylact).
No versículo 32
"outros" é, no grego, "heteros", e não "allos", e
significa outros diferentes e não outros semelhantes.
A crucificação
(33-48). Somente Lucas relata as tocantes palavras: "Pai, perdoa-lhes,
porque não sabem o que fazem". Nós devemos aprender a ter o mesmo espírito
para com os que nos maltratam.
Notemos que o malfeitor
arrependido:
a) Temeu a Deus, e
reprovou o companheiro de infortúnio.
b) Confessou a justiça
do seu castigo.
c) Reconheceu que
Jesus não tinha culpa.
d) Trata Cristo como
Senhor; comparando o título aqui com 1 Coríntios 12.3, achamos notável essa
confissão.
e) Crê nele como rei,
que há de entrar no seu reino: fé admirável;
f) Pede por si mesmo,
e prova a verdade da palavra: "Quem invocar o nome do Senhor será
salvo" (Scroggie).
"Das set palavras
proferidas da cruz, este evangelho menciona três, nenhuma das quais é
encontrada em outra parte. João dá mais três; Mateus e Marcos relatam a sétima.
As três primeiras são palavras que demonstram preocupação pelos outros. As três
que seguem se referem ao seu santo sacrifício, proferidas durante as trevas
sobrenaturais que perduraram até a hora
nona. Destas, a terceira repete as estranhas palavras do Salmo 22.1. A última
palavra, no versículo 46, é "Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito". Notamos que o Senhor mais uma vez emprega a palavra
"Pai". O fato de que aqui clamou estas últimas palavras "com
grande voz" mostra que não morreu extenuado, mas voluntariamente rendeu
seu espírito, como ensina João 10.18.
"O véu do templo
rasgado ensina em figura que o caminho para o santuário foi aberto pelo sangue
de Jesus (Hb 9.8; 10.20).
Diz-se que o véu é a
"sua carne". Foi nesse corpo que Deus lhe preparou (Hb 10.5), que Ele
levou nossos pecados; e o véu rasgado significa a remoção para sempre daquilo
que impedia o pecador de aproximar-se de Deus" ( Goodman).
A sepultura de Jesus
(49-56). Sobre este trecho o leitor pode consultar o que está escrito em Mateus
e Marcos.
O versículo 54 deve
ser: "E era o dia da preparação. e a noite entre sexta-feira e
sábado" (O.35).
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CAPÍTULO 24
A ressurreição (1-12).
As mulheres vêem (e ouvem) "dois varões com vestidos resplandecentes"
(v.4), o que no versículo 23 é chamado "uma visão de anjos". Na
ascensão, dois anjos (os mesmos?) aparecem novamente.
Vemos os seres
celestiais profundamente preocupados com os acontecimentos do domingo da
ressurreição, enquanto os grandes do mundo permaneciam em completa indiferença.
Acaso sucede hoje
alguma coisa semelhante?
Neste trecho vemos: As
mulheres perplexas, atemorizadas. (v.8), e convictas: os apóstolos francamente
incrédulos, mas Pedro disposto a investigar, e admirado com o que viu no
sepulcro.
Os dois discípulos no
caminho de Emaús (13-35). Para um estudo sobre este incidente, pode-se
consultar o "Guia do pregador", 1º ano.
Notemos:
1) O que os dois
discípulos disseram a Jesus; 2) O que Jesus lhes disse; 3) O que disseram um ao
outro; 4) o que disseram aos apóstolos.
Vemos o conflito de
emoções nas suas almas: devoção (19); corações quebrantados (20); esperanças
desmoronadas (21);esperança renovada (21-23); admiração (22); uma convicção
incompleta (24); e tudo isto manifestaram a um desconhecido! (Scroggie).
"Presume-se
geralmente que os dois discípulos eram homens, mas talvez fossem marido e
mulher. Sabemos que um era homem chamado Cleofas, e a outra pessoa pode ter
sido a sua esposa. Conversavam sobre os acontecimentos recentes em Jerusalém e
estavam tristes. Jesus se aproximou e andou com eles, e não o reconheceram.
Notemos:
1) Se falarmos de
Cristo, Ele chegará perto (v.15).
2) Ele nunca está
longe quando o coração do seu povo está triste (17).
3) Ele muitas vezes
está ao nosso lado sem que o reconheçamos (16).
4) Ele escuta pacientemente
as nossas dificuldades, e percebe o nosso amor junto com a nnossa descrença
(21).
5) É bom falar de
Cristo com desconhecidos pelo caminho (19).
6) Precisamos mais do
que o testemunho dos outros: havemos de ver Cristo por nós mesmos (24).
7) Ninguém pode viver
por muito tempo sob uma mera recordação.
8) Precisamos de uma
experiência atual e vital com Cristo.
Os dois discípulos
tinham falado de Cristo; agora Ele fala, e a sua certeza responde à tristeza
deles. O relato das palavras do Senhor é muito resumido, mas devia ter-lhes
falado por muito tempo (27). Caminharam juntos cerca de nove quilômetros.
Quais seriam os
trechos que Ele explicou? Quase com certeza Gênesis 3,15; 22.8; Êxodo 12;
Levítico 16; Números 21.9; Deuteronômio 18.15-18; Isaías 7.14; 9,6; 50,6;
capítulo 53; Miquéias 5.2; Zacarias 9.9; 12.10; 13.7; Malaquias 3.1; 4,2;
Salmos 16.22,23 e 24; e outros. Que estudo bíblico dado a uma congregação de
dois!
De repente o hóspede
se torna hospedeiro. Toma o pão deles e dá-lhos (30). Aqueles que o receberam
receberam-lho dele. Os dois abrem-lhe a casa, e Ele lhes abre os olhos (31).
Uma coisa boa não é
para ser retida egoisticamente. Vão em seguida contá-la aos outros (33). Voltam
a Jerusalém, somente para achar que os onze estavam cheios de gozo, porque
Pedro também vira o Senhor (34).
No versículo 32
devemos ler: "Porventura não era tapado o nosso entendimento quando pelo
caminho nos falava?" (O.105).
Jesus entre os onze
(36-53). Que domingo cheio de experiências! Vemos, afinal, que à tarde do
domingo da ressurreição (Jo 20.9), Jesus se manifestou no meio dos onze
congregados no seu nome. Entendemos que não apareceu mais até o domingo
seguinte (Jo 20.26). Que devemos aprender do fato no meio dos crentes reunidos
no primeiro dia da semana?
O dr. A.T. Robertson
entende haver três manifestações referidas neste trecho do capítulo 24. Uma no
dia da ressurreição (36-43); outra, bem mais tarde, em Jerusalém (44-49), e a
terceira depois de 40 dias no monte das Oliveiras (50-53) - (Scroggie).
Notemos o que Jesus
fez conforme narrado neste trecho:
1) Apresentou-se no
meio dos discípulos, tão perto que podiam tocá-lo.
2) Mandou-os apalpá-lo
e verificar que era Ele mesmo e não um fantasma.
3) Mostrou-lhes as
mãos, pés e lado (40,João 20,20), permitindo-lhes examinar as cicatrizes das
feridas recebidas no Calvário. Convidou Tomé a investigar as feridas para que a
sua mente desconfiada fosse convertida.
4) Comeu perante eles
(43) peixe e favo de mel, provando assim, ser realmente homem.
5) Teve longa conversa
com eles, reproduzindo em parte as exposições dadas no caminho de Emaús.
6) Subiu ao Céu na
presença de todos eles, depois de ordenar-lhes que evangelizassem "todas
as nações" (47).
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CAPÍTULO 25
Desculpe!
Capítulo ainda não digitado.
Salve este blog nos seus Favoritos e retorne que breve estaremos disponibilizando este capítulo.
Estamos postando um capítulo do NT por dia, com previsão de NT completo até março 2014.
A DEUS SEJA A HONRA, A GLÓRIA E O PODER, ETERNAMENTE... AMÉM! GLÓRIA A DEUS.
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CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
A Bíblia Explicada - S.E. McNair (4ª edição, Rio de Janeiro,1983, CPAD
O prefácio
(1-4). Visto ser este o único evangelho com prefácio, vamos considerar um pouco
esta parte. Vemos: a) que Lucas sabia de várias pessoas que tentaram coordenar
em uma só narrativa os incidentes e ensinos que hoje achamos colecionados no
Novo testamento, mas não sabemos se ele incluía Mateus e Marcos nesse número;
b) que a tradição dos fatos e palavras tinha sido transmitida diretamente das
testemunhas oculares; c) que Lucas tinha o cuidado de investigar tudo
minuciosamente desde o começo; * d) que ele escreveu para informar um amigo
seu, por nome Teófilo; e) que este Teófilo tinha já alguma instrução nas
verdades do cristianismo.
*A palavra grega “anothen”, às vezes significa
do começo e outras do alto (Mt 27.51). Aqui, visto que o verbo “investigar” é
ativo, parece necessário aceitar o sentido como sendo do começo, de acordo com
todos os tradutores. O comentador Bengel diz: “’anothen’, de cima (subindo),
isto é, desde o começo dá a entender que Lucas quis fornecer os pormenores que
Marcos omitira”.
Podemos
acreditar que uma providência divina conservou até nossos dias os quatro
evangelhos que temos hoje, e permitiu o desaparecimento de muitas outras
narrações que se tornaram inúteis ou supérfluas.
“Lucas não
alega qualquer autorização do Senhor para escrever seu evangelho. Ele percebe
uma falta que é competente para suprir, e supre-a. Nem pensa ou fala em
escrever para a igreja toda, ou para suprir uma necessidade geral. Escreve para
Teófilo”.
O amor
divino em seu coração leva-o a fazer o que pode para estabelecer na fé uma
pessoa em quem se interessa, e o resultado é uma obra que a igreja toda tem
reconhecido como sendo de Deus e para todos.
“É um lindo
exemplo de quão naturalmente o Espírito de Deus opera, ou pode operar, naquilo
que nós chamamos de inspiração. O instrumento que ele emprega não é mera pena
na mão de outro, mas um homem agindo livremente – pois ‘onde está o espírito,
aí há liberdade’- como se escrevesse somente do seu próprio coração e da sua
própria inteligência. O escritor faz uso de todos os meios ao seu alcance, e os
emprega diligentemente. Não estranhamos descobrir na obra o caráter do obreiro;
aquele que preparou o instrumento, por que há de emprega-lo de acordo com a
qualidade daquilo que Ele preparou? Por que pôr de parte a mente que Ele
forneceu ou as afeições do coração que Ele deu? Esse que alimentou a multidão
com pães e peixes já fornecidos, por que havia de pôr à parte aquilo que o zelo
e o capricho tinha “diligentemente investigado”? (Grant)
Nascimento
de João Batista predito (5-25). “Das 24 turmas de sacerdotes que serviam no
templo, a oitava era de Abias (1 Cr 24.10); e Zacarias, sendo dessa turma,
estava no seu serviço quando o anjo lhe apareceu” (Goodman).
O anjo
Gabriel aparece quatro vezes na Bíblia (v.9): 1) Em Daniel 8.16 ele explica a
visão do bode. 2) Em Daniel 9.21 dá ao profeta entendimento da visão das 70
semanas. 3) Em Lucas 1.11 anuncia o nascimento de João Batista. 4) No versículo
26 é enviado à virgem Maria para predizer o nascimento de Cristo.
Notemos a
descrença de Zacarias e o castigo de mudez com que Deus o marcou, sem, contudo,
desviar-se do seu propósito.
Lucas neste
capítulo cita muitas coisas que não se leem nos outros evangelhos: 1) Visita do
anjo a Zacarias. 2) Visita do anjo a Maria. 3) Visita de Maria a Isabel. 4)
Profecia de Zacarias. 5) Detalhes do nascimento. 6) Apresentação no Templo. 7)
Jesus na festa da páscoa.
Podemos
estudar este trecho da seguinte maneira:
1) Oração e
incredulidade de Zacarias. Seu pedido de um filho era justo, visto que os
filhos são herança do Senhor (Sl 127.3); era piedoso, porque era um desejo que
podia apresentar a Deus em oração; o pedido era repetido, pelo visto, durante
muitos anos; foi desatendido por todo esse tempo; mas, afinal respondido muito
mais abundantemente do que Zacarias pensara. Havia pedido um filho, mas nunca
sonhara em pedir que esse filho fosse “grande diante do Senhor” (v.15).
2) Profecia
e sentença do anjo Gabriel. Predições sobre João Batista:
a) Haveria
alegria com seu nascimento (v.14).
b) Seria grande
diante do Senhor (v.15).
c) Seria
nazireu, não bebendo vinho (v.15).
d) Seria
cheio do Espírito Santo desde a nascença (v.15).
e) Havia de
converter a muitos (v.16).
f) Teria o
espírito e poder de Elias (v.17).
g) Havia de
converter os corações dos pais aos filhos (v.17). Isto pode significar
converter o exclusivismo dos judeus num zelo pela conversão dos gentios, que
são várias vezes chamados “filhos” (Is 60.4,9, etc.).
h)
Converteria os rebeldes à prudência dos justos (v.17).
i) Havia de
preparar um povo bem disposto ao Senhor (v.17).
A sentença
de Gabriel sobre Zacarias foi que este havia de ficar mudo por muito tempo. Mas
quando recuperou a voz, a primeira coisa que fez foi louvar a Deus.
3)
Significação do incidente para nós:
a) O
nascimento de um filho pode ser assunto de muita oração secreta entre casados
b) A
resposta a tal oração pode ser muito mais abundante do que se espera.
c) A visita
de um anjo de Deus pode verificar-se durante o nosso serviço na Casa de Oração.
d) O crente
piedoso não precisa ter medo ao sentir-se na presença de Deus (v.13).
e) Resposta
demorada nem sempre é resposta negativa.
f) Nosso
prazer espiritual pode resultar em agrado para os outros.
g) A
conversão importa numa mudança radical.
h) Deus procura
instrumentos escolhidos e piedosos para efetuar seus propósitos.
Anúncio do
nascimento de Jesus (26-38). Neste trecho descobrimos: uma visão inesperada
(v.27); uma saudação abençoada (v.28); um sobressalto natural (v.29); uma
animação angélica (v.30), uma promessa misteriosa (v.31); uma profecia
extraordinária 9v.32,33); uma dúvida natural (v.34); uma explicação suficiente
(v.35-37); uma submissão piedosa (v.35).
A visita de
Isabel 39-45 era muito natural, depois da revelação do versículo 36. Da sua
prima Maria ouve as palavras: “Bem aventurada a que creu, pois hão de
cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas”.
O cântico
de Maria (45-56) é o transbordo do seu espírito em adoração e louvor a Deus.
Preocupada com a maravilhosa obra de Deus, ela nem ao menos se lembra da
possível (e muito natural) desconfiança de José (Mt 1.19), nem das conversas da
vizinhança.
Neste
cântico notemos: 1) gozo em Deus e reconhecimento da sua graça; 2) Compreensão
da bem-aventurança de ser o instrumento para conseguir a vontade divina; 3)
reconhecimento do poder, misericórdia e benignidade de Deus; 4) Cumprimento de
profecias.
Vemos que
Maria se ausentou da sua prima logo antes de nascer João Batista.
O
nascimento de João Batista (57-66). A alegria profetizada no versículo 14 é
cumprida em parte no versículo 58. Notemos: que nem sempre convém seguir um
costume (v.59) sem consultar a vontade de Deus; que Deus, às vezes, escolhe o
nome de uma pessoa; que Israel quis obedecer ao mandado do anjo no versículo
13; que empregou a sua voz no louvor de Deus; que o povo achou no ocorrido
assunto para muitos pensamentos.
No fim do
versículo 66 leia-se “está com Ele” (O. 36).
O cântico
de Zacarias (67-80). Este cântico dividiu-se em duas partes: versículos 68-75 –
um louvor a Deus; 76-79 – uma profecia dirigida a João. Algumas verdades
referidas são: uma redenção divina; uma salvação poderosa; liberdade dos
inimigos (nossos pecados?); uma manifestação de misericórdia; um perpétuo
serviço livre, em justiça e santidade; o ofício do Batista; um conhecimento de
Salvação; uma luz para guiar nossos pés.
Podemos
estudar a expressão (v.78) traduzida por Almeida “O oriente do alto nos visitou”,
na V.B. “nos visitará a aurora lá do alto”, e por Figueiredo “lá do alto nos
visitou este sol do oriente”.
A figura é
do nascer do sol, que dissipa as trevas da noite e torna tudo radiante com o
brilho de um novo dia; uma figura expressiva da chegada do Salvador ao mundo,
ou a um coração.
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