MARCOS
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
João
Batista (1-8). O Ministério de João Batista é referido aqui mais resumidamente
do que nos outros evangelhos.
Notemos que
a preparação do caminho do Senhor era espiritual e não material: Corações
arrependidos, onde Cristo podia entrar com bênção. Havia muito poder espiritual
com a pregação, porque sem isso ninguém confessa os seus pecados. João
testificou de Jesus: Há muita pregação que não faz isso.
Há uma
diferença entre o batismo de João, que era o ‘de arrependimento”, e o batismo
cristão “no nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. João, não podendo
apontar uma pessoa para ser o centro da congregação do povo piedoso (Gn 49.10),
levantou o estandarte do arrependimento.
Batismo e
tentação (9-13). A tentação é resumida em dois versículos, mas Marcos
acrescenta uma circunstância: “estava com as feras”. Mateus coloca o serviço
dos anjos depois da tentação.
Foi o
Espírito de Deus que levou Jesus para a tentação, porque Ele havia de sair
vitorioso. Jesus ensinou seus discípulos a orar, “Não nos induzas a tentação”,
porque eles eram fracos e falíveis, e deviam recear toda classe de tentação.
Pregando o
Reino (14-20). Neste trecho notemos o seguinte: Que a pregação de Jesus começou
logo depois de João ter sido encarcerado – O trabalho não precisa parar com a
falta de um obreiro; que o Evangelho anunciado era “do reino de Deus” – o domínio divino da vida
humana é a maior das bem-aventuranças; que para entrar nas bênçãos deste
governo era preciso haver arrependimento e fé; que Jesus necessitava de
cooperadores na grande tarefa da pregação; que os discípulos chamados deixaram
as redes (o interesse material), e outros o pai (os laços de afeição natural);
que para ser pescador de homens é preciso “ir após Ele”.
O trecho
começa com a missão e mensagem de Jesus. Notemos as quatro partes da sua
pregação: 1) O tempo cumprido (Dn 2.44; 9.25; Gl 4.4). 2) O reino está próximo.
3) Arrependimento. 4)Fé no Evangelho.
Os quatro
discípulos chamados eram pescadores, ocupados, obedientes, prósperos. Deixaram
redes, pais, tudo: mas ganharam muito mais homens para Cristo!
“Omite-se
aqui a primeira pregação em Nazaré (Lc 4) que, sendo rejeitada, resultou em
Jesus deixar essa cidade e morar em Cafarnaum, a “ aldeia da consolação”, que,
por algum tempo, correspondeu ao nome” (Grant).
Três curas
milagrosas (21-45). “Os milagres de cura tem três valores: comprovam a vocação
divina de Jesus; revelam o coração de Deus em sua compaixão pelos homens; são
parábolas no mundo físico de sua graça e poder na esfera espiritual” (Goodman).
Essas três
curas, com a do paralítico do capítulo 2, ilustram quatro efeitos do pecado:
permite a ação de Satanás; causa inquietação; contamina; torna a pessoa inútil
para o serviço de Deus.
Notemos que
havia uma oposição permanente entre Cristo e os Demônios. Ele os expelia , às
vezes, sem ser rogado (25). Estes quatro milagres revelam a autoridade (27),
simpatia (31), compaixão (41), e poder (2.10) de Cristo.
Os dois
capítulos descrevem uma viagem circular, saindo de Cafarnaum, pregando por toda
Galiléia (39), e voltando a Cafarnaum.
“A prova da
realidade de um homem e a revelação de seu caráter vêem-se no que ele faz quando é popular (33), como
reage às aclamações da multidão. Que fez Jesus? (35) A única coisa segura a
fazer é retirar-se da turba ao trono, da pregação à oração. Ninguém que não
passa muito tempo com Deus poderá prevalecer muito tempo com os homens. Entre
os versículos 39 e 40 vem o Sermão da Montanha (Mt 5 a 7), uma amostra da
pregação referida em 38 e 39” (Scroggie).
O leproso
(41-45). O leitor deve notar quanto o leproso fez e disse e tudo que Jesus fez
e disse.
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CAPÍTULO 2
O
paralítico (1-12). Depois de uma viagem de evangelização, Jesus está de volta em
Cafarnaum, e “logo se ajuntaram tantos que nem ainda nos lugares junto à porta
cabiam”.
Notemos:
que o paralítico não podia ir procurar a cura; que a bênção que recebeu foi
devida ao empenho de quatro amigos; que menos um desses sabia como poderia
abrir um buraco no telhado da casa; que Jesus apontava o motivo da doença, o
pecado; que Ele tinha poder para perdoar; que Ele lia os corações; que o “leito”
do doente era provavelmente uma espécie de esteira; que os assistentes ficaram
impressionados com o milagre.
Sobre a
construção das casas em Cafarnaum, e como se podia baixar um doente pelo
telhado, podemos consultar “The Land and the Book”, pág. 358. A descrição é
muito longa para se traduzir aqui, mas, em resumo, podemos entender o seguinte:
os telhados das casas eram muito baixos: os caibros tinham uma distância de um
metro de um ao outro; transversalmente aos caibros colocavam-se ramos cobertos
de reboco e barro para proteger tudo do tempo. Não é difícil remover uma parte
dessa coberta, mas a maior dificuldade da narrativa é pensar no incômodo que a
poeira havia de causar às pessoas dentro da casa. Não precisamos supor que os
quatro amigos baixassem o doente até o chão sem auxílio algum do povo lá
dentro.
Várias
coisas interessam-nos neste milagre de cura. Por exemplo:
1) Como
Jesus tratou primeiro da origem da doença: o pecado do homem.
2) Como Ele
podia e quis perdoar os pecados que causaram o mal, e em fazê-lo demonstrou ser
Deus (v.7).
3) A
oposição dos escribas assentados ali, e ao mesmo tempo o discernimento deles
que o perdão de pecados é prerrogativa de Deus.
4) Como
Jesus percebeu os pensamentos íntimos deles (8).
5) Porque
era mais fácil curar que perdoar: para isso tinha que haver uma obra
expiatória; para aquilo, uma manifestação do poder divino.
6) Saúde
restaurada era uma prova de pecado perdoado (10).
O homem
curado, “tomando logo o leito, saiu”. O dr. Scroggie pergunta a seus leitores;
“Vosso leito está debaixo das costas, ou carregado no ombro?”
Levi
(Mateus) é chamado (13-17). Ficamos a imaginar se Mateus seria irmão de Tiago,
outro “filho de Alfeu” (3.18), e qual dos dois teria falado ao outro a respeito
do Mestre.
Vemos o
poder da palavra de Jesus; disse apenas “Segue-me”, e foi transformado toda uma
vida. Quais palavras de Jesus que mais nos têm impressionado?
A primeira
coisa que Levi quis fazer foi apresentar Jesus aos seus amigos, e lembrou-se de
fazê-lo por meio de um jantar. Alguém pode fazer hoje coisa semelhante?
O jejum
(18-22). Hoje, perante o mundo, jejuamos (abstendo-nos de certos gozos lícitos)
porque Cristo está ausente. Reunidos com os crentes, regozijamo-nos porque
Cristo está “no meio”.
Os
versículos 21.22 ensinam que Cristo não propôs remendar o velho judaísmo nem
pôr o “novo vinho” do Evangelho dentro dos antigos ritos e cerimônias. Ele
trouxe um novo ensino, uma nova proclamação – as boas-novas de que a graça de
Deus pode agora manifestar-se em bênçãos para todos que, arrependidos, creem em
Cristo.
Diz o Dr. Scroggie:
“A verdade é que o judaísmo e o cristianismo; a Lei e o Evangelho; o legalismo
e a liberdade espiritual, são incompatíveis. O novo material do Evangelho não
deve ser empregado para remendar o velho vestido da Lei; nem devemos pôr o novo
vinho do cristianismo nos velhos odres do judaísmo (leia-se Gálatas 4.5 e especialmente
5.1). É de lamentar que muitos cristãos vivem na velha dispensação do tempo e
das estações: “não toques, não proves, não manuseies”- confessando a Cristo,
seguem a Moisés. O cristianismo nunca havia de ser um judaísmo remendado. Este
fato é a condenação do ritualismo”.
Jesus,
Senhor do Sábado (23-28). Cristo viu o povo muito apegado ao ritualismo, por
isso ensinou que ritos, cerimônias e dias de guarda não constituem uma lei de
ferro. Em seu serviço podemos trabalhar até num dia de guarda, como também
atender a necessidade do nosso corpo (25).
A essência
do parágrafo está no versículo 27 – O sábado era uma bênção, não uma carga; o
sábado era para o homem, e não o homem para o sábado.
Conforme 1
Samuel 21, o nome do sumo sacerdote era Aquimeleque e não Abiatar (v.8). Esta
diferença tem sido explicada de diversas maneiras pelos expositores. O livro de
Treasury diz que Abiatar era filho de Aquimeleque e que provavelmente pai e
filho levaram os dois nomes, que parece ser certo de 2 Samuel 8.17 e 1 Crônicas
18.16, onde Aquimeleque é evidentemente chamado de Abiathar, enquanto Abiathar
é chamado de Aqimeleque.
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CAPÍTULO 3
Outra vez o
capítulo divide-se em quatro partes, que podemos resumir em quatro palavras:
milagres, escolha, blasfêmia e família.
Uma cura e
muitas curas (1-12). Aprendemos: que mesmo na casa de oração pode haver alguém
imprestável para qualquer serviço; que esse tal, em contato com o Salvador,
pode ser habilitado; que fazer bem é lícito em qualquer ocasião; que corações
endurecidos se encontram numa sinagoga; que o mal, às vezes tem de ser exposto
para ser curado (5); que um espírito imundo pode saber muitas coisas.
“A
necessidade humana é manifestada mais evidentemente no incidente do homem que
tinha a mão mirrada. Os judeus queriam restringir, pela sua interpretação da
lei do sábado, as manifestações do poder divino em prol das misérias de que o
mundo estava cheio. Então a lei era para não fazer o bem? Para deixar a morte
prevalecer, ou para conservar a vida? Os fariseu ficaram obstinadamente
silenciosos. Então Jesus ficou indignado pela dureza dos seus corações, e
invocou o poder divino para testificar contra eles. Os inimigos de Jesus ficam
confundidos, mas não convencidos, e essa inimizade uniu fariseus e herodianos
para o destruírem” (Grant).
A escolha
dos doze (13-18). Aqui temos preciosas indicações do “preparo para o
ministério”, a saber: Ouvir a chamada de Deus e obedecer a ela; estar junto dele num lugar retirado;
sentir-se mandado por Ele a pregar; receber do próprio Jesus todo o
poder para o serviço.
“Jesus
escolhe doze apóstolos, para comunhão: ‘para que estivessem com Ele’, para
serviço: e os mandasse a pregar”(14). Isso é sempre a ordem divina. Nada
adianta sair e pregar se não se tem estado primeiro com Deus. Primeiro solidão,
depois serviço; primeiro aparelhamento, depois empreendimento; primeiro
comunhão, então comissão; primeiro preparação, então pregação. Devemos tomar o
tempo necessário para nos aprontar para
o trabalho; também aprender a servir junto com outros. Imaginemos os Doze em
treinamento por, provavelmente, dois anos! Cristo não quer trabalhar sem nós
outros: por que, então, tentar servir sem Ele?”
A blasfêmia
dos fariseus (20-30). Este trecho revela várias contrariedades, começando com
os próprios parentes de Jesus (21). A contradição aqui atribuída aos escribas é
referida aos fariseus em Mateus e a alguns em Lucas.
A melhor
explicação que temos encontrado da blasfêmia contra o Espírito Santo foi dada
por G. Goodman. ‘É culpado de um pecado eterno’, é como a V.B. traduz este
solene versículo 29. Que significa isto? Como muitos têm sido perturbados e
mesmo alarmados seriamente por esta expressão do Senhor, pensemos a respeito:
1) Não é ela para perturbar a consciência impressionável, pois ter uma
consciência sensível é estar na condição
espiritual diametralmente oposta. O blasfemo aqui referido é uma pessoa cuja
consciência está cauterizada como que por um ferro em brasa. 2) Não se refere a
alguém cair em tentação, a um simples pecado ou pecados; é mais uma atitude de
espírito do que um ato. 3)não significa uma simples palavra irrefletida ou
descuidada, embora blasfema, porque blasfêmias e pecados semelhantes podem ser
perdoados (v.28). 4) Não significa meramente atribuir a obra de Cristo ao poder
de Satanás, como no caso citado. Esse era um sintoma, e não o próprio crime.
Foi porque os escribas fizeram isto que Cristo apontou o perigo em que estavam
(v.30). O pecado eterno é a atitude de quem, propositadamente, e em desafio à
luz e ao conhecimento, rejeita, e não somente rejeita mas persiste em rejeitar
os esforços do Espírito Santo e a graça de Deus oferecida no Evangelho. Tal
estado para quem nele permanece sem arrependimento, exclui o perdão, porque é o
pecado para a morte referido em 1 João 5.16. Isto expressa o que Cristo ensinou
em João 3.18. “Esta é a condenação, que a luz veio ao mundo e os homens amaram
mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más”. Pecar contra a luz é
uma coisa solene e fatal; continuar nessa carreira é perecer finalmente. Em
qualquer tempo que haja um desejo verdadeiro de andar direito e um anelo pela
paz com Deus, há a resposta da graça. “Há perdão contigo, para que sejais
temido”, porque o sangue de Jesus Cristo purifica de todo pecado; somente não
há esperança quando aquele sangue é calcado debaixo dos pés, em desrespeito ao
Espírito da graça (Hb 10.29).
“Pode
alguém hoje cometer o pecado
imperdoável? Isto ao menos é certo: quem pensa tê-lo cometido, certamente não o
fez, porque quem o tiver feito não tem semelhante receio”(Scroggie).
Um
parentesco espiritual (31-35). No versículo 32 devemos ler: “Porque a multidão
estava assentada ao redor dele”(O.5).
Os irmãos e
a mãe de Jesus não manifestam compreensão alguma do seu ministério, e querem
chama-lo para fora. Por isso o Filho de Deus aponta um parentesco mais sublime
e espiritual, com “qualquer que fizer a vontade de Deus”
“Jesus não
veio para destruir as relações terrenas, mas para resguardá-las. Veio também
para mostrar que as relações espirituais são soberanas. Parentesco natural é
passageiro, mas parentesco espiritual é
eterno. Jesus não despreza sua mãe, mas põe em primeiro lugar o seu
Pai”(Bengel).
Quando o
natural e o espiritual rivalizam-se no nosso coração e na nossa vida, é fatal
ceder ao natural. (Leia-se Lucas 9.59-62 e 14.26). É duro ser mal-entendido
pelos parentes, mas a lealdade a Cristo pode tornar isso inevitável (Jo 7.5).
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CAPÍTULO 4
A parábola
do semeador (1-20). Para alguns pensamentos referentes a esta parábola,
consulte-se o comentário de Mateus 13. Marcos acrescenta no versículo 7 as
palavras “e não deu fruto”.
Note-se que
na Bíblia “as aves do céu” quase sempre têm mau significado.
Qual é a
sementeira que Deus tem semeado na vossa alma, e qual o fruto?
Notemos que
o semeador é um: Deus (ou seus servos); a semente é uma: a palavra que declara
Deus revelado em Cristo; mas há um adversário – Satanás (ou seus servos) que
tira (de que modo?) a palavra semeada no coração.
Muitas
vezes no seu ministério o Senhor Jesus repetiu as palavras “Quem tem ouvidos
para ouvir, ouça” (v.9) Esta parábola pode ser chamada a dos ouvintes que não
ouviram. O Filho de Deus é o Semeador, a semente é a Palavra, que, semelhante á
semente, tem vida em si, e, quando as condições são favoráveis, nasce e produz
fruto.
Notemos
três pontos na parábola: 1) As coisas que impedem o ouvir. Estas são o caminho
(desleixo e indiferença), o pedregulho (a mente sem propósito e perseverança),
os espinhos (o amor dos prazeres e outros deleites). Tais ouvintes nunca
realmente ouvem. A verdade não pode fazer nada com eles. No primeiro caso, as
aves consomem a semente; no segundo, o sol queima-a; no terceiro, os espinhos
sufocam-na. 2) O coração que realmente ouve, é chamado de honesto e bom (Lc
8.15). Os tais ouvem a palavra, isto é, com o ouvido da fé, recebem-na (20). 3)
Os resultados são diversos, em proporção à realidade do ouvir; alguns trinta,
outros sessenta e ainda outros cem por um. Esse fruto não é produzido de uma só
vez, mas representa o costume de uma vida inteira. Bem aconselhou-nos o Senhor:
“Atendei ao que ouvis” (v.24, V.B.) e “vede pois como ouvis”(Lc 8.18), pois nem
toda pregação é boa semente, e há diversas espécies de ouvintes (Goodman).
A parábola
da candeia (21-25). Não se encontra em Mateus, mas aqui e em Lucas somente.
Ensina que, tendo sido iluminados pela verdade de Deus, somos responsáveis por
difundir essa luz entre os nossos semelhantes. O alqueire representa os
cuidados e interesses materiais da vida: cama, os confortos. Devemos cuidar que
nosso testemunho não seja impedido por um ou outro (Gray).
A semente
cresceu ocultamente (26-29). O homem (26) não é Cristo, pois nem tudo que se
diz dele é aplicável ao Senhor. Este não dorme, nem acorda; e Ele “sabe como”
(27). Aplica-se, porém, ao servo de Deus que sai levando a preciosa semente.
A semente é
lançada na terra. Os que desejam ceifar precisam semear primeiro (Sl 126.6)
O semeador
não pode fazer mais nada do que isto. Ele dorme de noite e acorda de dia, e não
se aflige pelo resultado de sua sementeira.
A semente
nasce sem ele saber como. Quem poderá explicar o mistério da maneira pela qual
a verdade de Deus opera na mente dos homens?
A obra da
fé passa por determinadas etapas. Não esperamos fruto maduro do recém-nascido.
Primeiro a erva- o primeiro amor, o zelo do principiante, os desejos por bens
espirituais-, depois a espiga – o vigor da juventude espiritual (1 Jo 2.14).
Afinal, o grão cheio- o cristão desenvolvido, a graça madura, a plena
experiência (Goodman).
“Esta
parábola do progresso, manifestação e consumação da vida divina na alma. Uma
vez lançada na terra a semente está fora do campo de ação do semeador. Ele se
foi embora, mas entram em cena influências que operam até que o fruto apareça
por ocasião da ceifa”(Scroggie).
Esta é uma
das parábolas que achamos somente em Marcos. A outra encontra-se em 13-34.
Dormindo
numa tempestade (30-41). Deste incidente aprendemos algumas lições preciosas
referentes ao Senhor Jesus:
1)Seu
exemplo de tranquilidade e paz.
2)Seu
cuidado dos discípulos assustados.
3) Seu
encorajamento, visando estimular a fé.
“O
incidente é também uma parábola. Ainda é noite, e está tempestuoso; a Igreja e
o crente ainda são afligidos pelo mar proceloso do mundo. O divino Mestre está
conosco, embora, às vezes, julguemos que Ele dorme. Ele ainda transforma
grandes tempestades em bonanças, e ainda repreende a nossa incredulidade”(Scroggie).
“Acordam-no,
e à sua repreensão a tormenta acaba, mas porventura eles não perderam alguma
coisa?”
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CAPÍTULO 5
O
endemoninhado gadareno (1-20). Thompson em The Land and the Book, entende que
Mateus aponta, como sendo o lugar onde este incidente se deu a aldeia de Chersa
ou Gergesa, à beira do lago.
A província
dos gadarenos (habitantes de Gadara) ao leste do mar da Galiléia, era fora da
terra Santa, e sob o domínio dos gentios. Aprendemos deste milagre de cura:
1) Que
espíritos imundos são capazes de dominar um ser humano. O espiritismo pode
oferecer-nos hoje alguns exemplos de semelhante obsessão.
2)Que uma
pessoa sob tal maléfico domínio torna-se
incompatível para a sociedade de gente civilizada.
3) Que tal
pessoa fica sem sossego, sem paz; perigosa, indomável.
4) Que na
presença de Jesus, o homem se sentiu atraído e repelido. Atraído, talvez, pela
graça e compaixão do Salvador, e repelido pela santidade que reprovava a sua
impureza.
De Jesus
notamos:
1)Que, na
presença dos poderes diabólicos, sendo reprovado por eles, reprovou
imediatamente esses espíritos imundos.
2) Que a
sua presença inspira respeito, até dos perdidos.
3) Que
exigiu uma ampla confissão do nome e estado do possesso (v.9)
4) que,
sendo rogado a retirar-se, foi imediatamente.
5) Que
recusou levar consigo o homem curado,
porque este devia primeiro testemunhar aos seus (v.20)
O Dr.
Scroggie dá as seguintes divisões:
1)Uma
criatura miserável (1-5).
2) Um
Salvador poderoso (6-10).
3)Um pânico
entre porcos (11-13).
4) Uma
grande sensação (14-17).
5) Um servo
obediente (18-20).
Notemos os
quatro pedidos: do endemoninhado (v.10); dos demônios (v.12); dos gadarenos
(v.17); do homem curado (v.18).
“Temos um
quadro do homem curado, ‘assentado, vestido e em perfeito juízo’. Passaram o desassossego,
a veemência, a paixão. A vergonha da sua nudez está coberta, ele tornou em si
mesmo e tem juízo perfeito. Porventura pode haver um juízo perfeito sem que se
venha a Cristo?
“Mas o
mundo é um mundo caído, e Satanás o seu príncipe. Aqui vemos como isto chega a
ser. Esses que rogam a Cristo que se vá, verão o Diabo ficar. O Senhor nos
explicou como uma casa varrida e adornada convida a uma visita dessa natureza.
Rogam a Cristo, cortesmente, que se vá, pois é possível alguém rejeitar ao
Senhor com bons modos; e Ele vai mesmo.
“Mas o
homem libertado tem outros pensamentos. A graça divina tem operado no seu
coração, e a libertação de que ele tem sido objeto é uma grande realidade. Roga
permissão para ficar com Jesus, mas o Senhor tem outros propósitos a seu
respeito: “Vai para a tua casa, para teus parentes, e anuncia-lhes quão grandes
coisas o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti”. Assim o pecador salvo
é feito testemunha da salvação que recebeu no mundo onde Cristo tem sido rejeitado.
“E ele foi, e começou a publicar em Decápolis quão grandes coisas Jesus lhe
fizera” (Grant).
A mulher
com fluxo de sangue (21-34). Notemos dela: os anos do seu padecimento; os
esforços inúteis para conseguir uma cura (Lucas, o médico, refere que ela
gastara com os médicos, mas não conta que ela padecera com eles); o esgotamento
dos seus recursos; o desenvolvimento da sua moléstia (v.26); o evangelho que
ouviu (v.27); o esforço que fez; o caráter da sua fé (v.28); a rapidez da sua
cura; seu susto (v.33). Para entender “a orla do seu vestido” consulte-se
Números 15.38.
Segundo
Levítico 15.19, o contato com a mulher imunda contamina; mas Jesus ao invés de
ser contaminado pelo mal, curou-a.
O Dr.
Scroggie marca as seguintes divisões: sua necessidade (v.25); seus
desapontamentos (v.26); sua esperança (v.27); seu esforço (v.27); seu contato
com Cristo (v.28); sua recompensa (v.29); seu medo (v.33); sua confiança
(v.33); sua confissão (v.33); sua salvação (v.34).
Notemos a
diferença entre a mulher e Jairo. Este um homem, aquela uma mulher; este
interessado na necessidade de outrem, aquela na própria necessidade; este
abastado, aquela pobre; este veio abertamente, aquela secretamente; este pediu
a bênção, aquela tentou furtá-la. Mas ambos obtiveram seu desejo porque Cristo
era a sua única esperança.
A filha de
Jairo (35-43). Entre as lições que este incidente ensina, notemos: a) que uma
interrupção pode ser uma prova de fé. Visto que a menina estava nas últimas, a
demora com a mulher doente deve ter afligido bastante o pai da criança; b) que
Jesus, ao receber a notícia do falecimento da criança, apressou-se a reanimar o
pai: “Não temas! Crê somente!”; c) que o Salvador corresponde à medida da fé do
indivíduo; quem crê que um mero contato trará saúde, prova que assim é (v.28);
quem sente a necessidade da presença do Salvador na sua casa (v.23) terá Cristo
ali consigo; quem conta que uma palavra de Jesus será suficiente (Mt 8.8),
prova que até isto basta.
A palavra “a
menina não está morta, mas dorme” não quer dizer que ela não tinha realmente
falecido, pois Lucas 8.53 dá a certeza disso. Mas para Jesus – e para o crente-
a morte é parecida com um sono, do qual a voz divina acorda o que dorme (At
7.60; 1 Ts 4.13,14).
As palavras
“Thalitha cumi” são da língua aramaica.
Depois de a
palavra do Senhor Jesus ter dado vida à menina, era mister o cuidado dos pais
em alimentar essa vida (v.43). “As palavras provam que a menina tinha agora
perfeita saúde, a ponto de ter apetite. Embora recebesse vida por um poder
extraordinário, devia ser alimentada por meios comuns. O conselho de um pagão
sobre outro assunto é aplicável: ‘nec Deus intersit, nisi dignus vindice nodus
inciderit’. (Quando o poder milagroso de Deus é necessári, que seja procurado;
quando não é preciso, que se empreguem os meios comuns.) Agir de outro modo
seria tentar a Deus” (Treasury).
Podemos
notar os mesmos doze anos da doença e da vida da criança. Por doze anos a
mulher ficando cada vez mais fraca; por doze anos a menina ficando mais
robusta, até que lhe sobreveio uma doença repentina. Então, no momento de
extrema necessidade, as duas encontraram seu recurso suficiente e completo em
Cristo.
Na bíblia
há somente sete casos são de crianças. Elias levantou o filho da viúva de
Sarepta (1Rs 17.19-24); Eliseu, o filho da mulher sunamita (2 Rs 4.34-37). A
maneira de ressuscitar a criança em cada caso é instrutiva. Elias estendeu três
vezes sobre o menino e pôs a boca sobre a boca dele, os seus olhos sobre os
olhos dele, as suas mãos sobre as mãos dele, e curvou-se sobre ele,
transmitindo-lhe calor à carne.
Quão
diferente o procedimento do Senhor Jesus! “Tomando a mão da menina, disse-lhe
Thalitha cumi”. Ele era maior poderoso do que a morte. Mas em ambos os casos
houve contato.
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CAPÍTULO 6
Um profeta
sem honra (1-6). Jesus volta a Nazaré,
onde fora criado, e onde, com certeza, assistira sempre ao serviço da sinagoga.
Mas agora Ele começa a ensinar ali (v.2) e dá ensinos preciosos, que vemos mais
detalhados em Lucas 4.18-22.
Mas os
ouvintes estranham que um *carpinteiro “se tenha tornado pregador”, e alguns,
em lugar de atender ao ensino, criticavam o ensinador.
* “Operário”,
ou antes, “construtor” parece-nos dar melhor o sentido do grego “carpinteiro”.
A palavra Tekton não se encontra em outra parte do N.T., mas Paulo se chama
archi-tekton (donde vem à palavra arquiteto) em 1 Co 3.10. Tekton empregava-se
frequentemente, mas nem sempre, para oficiais em construções em madeira.
Notemos as várias alusões nos evangelhos à construção de casas (A.C. Deane).
Notemos as
cinco perguntas (vv.2,3). Há também uma incredulidade que resulta de
familiaridade (vv. 3,6); a própria família é, às vezes, quem menos aprecia:
Jesus, rejeitado na cidade percorre as aldeias.
Os irmãos
de Jesus (v.3). Se estes “irmãos” (Mt 12.46; Gl 1.19) eram ou não filhos de
Maria é um ponto muito debatido. Podemos entender que a linguagem favorece a ideia,
e que não é necessário atribuir a Maria uma completa esterilidade depois do
nascimento de seu primeiro filho.
O
romantismo, querendo honrar a virgem, ensina que o casal não tinha filhos, mas,
segundo o ensino do V.T., isso, em Israel, não era tido por honroso (Gn 25,21;
29,31; Dt 33.24; Sl 127.3,4; Lc 1.7).
Podemos
contrastar os poucos enfermos curados do versículo 5 com os muitos curados do
versículo 13.
Os doze
enviados (7-13). Em 3.14 Jesus chama os doze para estarem com Ele, sendo assim,
preparados para se tornarem mensageiros. Ele agora envia-os de dois em dois.
Consideremos algumas vantagens desta associação em serviço: a) Se um tropeçar,
o outro poderá apoiá-lo. b) Podem combinar em oração e assim melhor discernir
qual seja a vontade do Senhor. c) O testemunho de cada um é reforçado pelo
outro. d) Podem encorajar e admoestar um ao outro. e) Podem trocar impressões
da Palavra de Deus. f) Podem estimular um ao outro ao amor e às
boas obras (Hb 10.24).
Mas por
serem dois, precisam: de longanimidade, tolerância, paciência, aptidão para
apreciar o ponto de vista do outro; da humanidade que não insiste na própria
vontade, do amor fraternal que considera o bem do seu irmão.
Notemos que
“três a três” não traz as mesmas vantagens de dois a dois. Pelo contrário, às
vezes acarreta grandes inconvenientes.
Embora “dois
a dois” seja o ideal para o serviço cristão, é preciso, muitas vezes, devido às
circunstancias contrárias, empreender um serviço isolado, ou continuar sozinho
quando desaparece o companheiro.
“Para todo
o programa da missão dos doze, consulte-se Mateus 10.5-42, notando: a esfera da
sua missão; o tema da sua pregação; as suas credenciais; seu aparelhamento; a
sua maneira de chegar às casas, e o seu procedimento nas casas e nas vilas”.
No
versículo 8 leia-se: “nem saco para esmolas” (J.237)e “nem bordão”, e no
versículo 9: “nem alparcas” (O.143).
A morte de
João Batista (14-29). Podemos notar em toda a história e influência maléfica de
mulheres iníquas. “Sob a sua influência os reis têm se tornado ignóbeis, e
déspotas; benignos têm se tornado monstros e assassinos”.
Uma das
lições principais deste incidente é a iniquidade de fazer uma promessa sem a
condição essencial: “Se Deus quiser”.
O crente é
um ‘servo de Jesus Cristo’ (1Co 7.22) e o escravo não dispõe de nada, nem de si
mesmo (em casamento, por exemplo) sem consultar a vontade de seu Senhor.
No
versículo 14 leia-se; “por isto estas maravilhas são feitas por ele” (O.98). No
versículo 20 “e guardava {em memória} muitas coisas que ouvira dele, e de boa
mente o ouvia” (O.155).
No versículo
27, em vez de “executar” (como em Alm.) leia-se “soldado da sua guarda” (como
na V.B.)
“Herodes
sabia mais do que quis fazer (v.20) e nisto era semelhante a muitos outros. É
uma tragédia ter ideias nobres e costumes baixos; sublimes pensamentos e
hábitos degradantes. Porventura a sua vida é uma unidade sublime ou uma
patética contradição?” (Scroggie).
A primeira
multiplicação dos pães (30-44). Uma lição deste trecho é a necessidade de
descanso e tranquilidade. Jesus (v.31) considerou esta necessidade, e
providenciou. Contudo, parece que o descanso foi logo interrompido (v.33).
Outra lição
é que o pouco pode ter muito valor, com a bênção de Deus. Que alimento
espiritual temos nós que podemos repartir com nossos semelhantes?
Supõe-se
geralmente que o versículo 44 significa “em cem filas, com cinquenta pessoas em
cada uma”. Isto combina com Lucas 9.14,15. Assim a contagem seria fácil e 50 X
100 dá 5000.
“Notemos
alguns pontos neste milagre: a) O versículo 36 mostra a simpatia dos discípulos
e também a sua falta de fé. Eles sentiam a necessidade do povo, mas nunca
pensaram em supri-la; e quando Jesus propôs-lhe que fizessem, perceberam
somente dificuldades (37). Quão facilmente levantamos dificuldades! b) Jesus serve-se sempre dos meios disponíveis
(v.38). c) Em todo o serviço do Mestre havia método (39,40): “Fazei tudo com
decência e ordem”. d) Jesus pediu a bênção divina sobre a refeição (41).
Notemos que Ele tomou o alimento, levantou os olhos, deu graças, quebrou o pão
e o distribuiu. É possível que umas 20000 pessoas tenham sido alimentadas
milagrosamente nessa ocasião”.
Jesus anda
sobre o mar (45-52). Tanto o capítulo 4 como o capítulo 6 relatam um incidente
marítimo:
Os discípulos
embarcados, e uma tempestade no pequeno mar da Galiléia. (Veja-se no mapa)
Na primeira
vez Jesus estava com eles na barca, e na segunda, estavam sozinhos, e Ele, no
alto, orando.
O primeiro
incidente pode representar os tempos passados; o segundo, o período atual.
Jesus agora está lá no alto, intercedendo, mas a fé do verdadeiro discípulo considera-o
sempre presente, e superior às ondas da tribulação.
“Este
incidente é história, parábola e profecia. Nosso Senhor lá do alto, orando por
nós, vê como são contrários os ventos, e, na vigília que termina a noite, Ele
virá a nós, e nos levará à praia. Renovado pela oração da montanha, Jesus volta
ao seu trabalho na planície (53-56) e os que o tocam são sarados”.
Notemos o
empenho de Jesus em servir às necessidades físicas do povo (vv.53-56). Notemos
também como todos os necessitados se sentiam atraídos a Ele, e em seguida
provaram que “Cristo Salva”.
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CAPÍTULO 7
O
mandamento de Deus e as tradições dos homens (1-23). Aprendemos deste trecho:
que o cristianismo é uma religião espiritual e não formal; que a verdadeira
contaminação é do mal sai do coração, não do alimento que entra pela boca.
É fácil
haver uma religiosidade exterior que faz muita questão de ritos e cerimônias,
da distribuição do cálice do Senhor em um ou mais copos, da atitude do corpo em
oração, mas que não se preocupa com o estado do coração.
Podemos ter
quase a certeza de que, na medido em que alguém se preocupa com coisas
materiais, deixa de apreciar os valores espirituais. Alguns chegam a ponto de
excomungar os crentes mais espirituais, uma vez que estes não usam os mesmos
ritos e cerimônias.
Podemos
considerar quatro pontos:
1) Qual foi
a tradição dos anciãos.
2) Qual foi
o costume dos discípulos.
3) Como os
fariseus comentaram o caso.
4) Como
Jesus vindicou seus discípulos.
(Matthew
Henry).
Notemos que
grande parte da religião dos fariseus consistia em censurar os outros. Vieram
de Jerusalém, uma viagem de muitas léguas, não para aprender, mas para
criticar.
A
explicação dos versículos 1-4 mostra que Marcos não escreveu para os judeus,
que já sabiam seus próprios costumes.
“Que seja
um corbã (uma oferta dedicada a Deus v.11), assim permitindo a um filho mau
alegar que seus bens eram dedicados a Deus, e por isso não disponíveis para
sustentar seus velhos pais.
O fim do
versículo 19 tem sido muito discutido pelos instruídos. Alguns preferem a
tradução como na V.B. “isto disse, purificando todos os alimentos”, mas não é
certo que deve ser traduzido assim “Isto disse” não estão no grego.
“O Senhor
explica que o processo de comer, ainda que sem a cerimônia de lavar as mãos, à
qual os fariseus davam tanta importância, não contamina o homem. Embora algumas
partículas de impurezas fossem ingeridas, tudo seria purgado na ordem natural,
e o homem não ficaria pior” (Goodman).
“Marcos
salienta mais que Mateus a escrupulosidade religiosa que se preocupa com o
exterior, as lavagens, cerimoniais de mãos, copos, vasilhas, leitos – uma coisa
enfadonha e sem proveito espiritual. Deus, pela pena de Isaías (29-13), havia
caracterizado isso como mero externalismo sem coração. Mandamentos humanos
pretendendo autoridade divina – uma coisa tão essencialmente oca que o Senhor a
denuncia como Hipocrisia” (Grant).
A mulher
cananéia (24-30), Tiro era uma cidade de gentios, e a mulher era estrangeira.
Neste incidente consideremos:
1)A menina
sujeita a um poder diabólico, sofrendo um mal que os médicos não sabiam curar;
figura de moças de hoje que não se submetem a vontade de Deus.
2) A mãe da
menina, provavelmente viúva, empenhada pelo bem da filha, e persuadida a
recorrer a Cristo.
3) O
Salvador da menina, aparentemente indiferente ao mal, parecendo menos misericordioso
que os discípulos, mas querendo desenvolver a fé da mulher e instruí-la a
contar plenamente com a sua misericórdia.
4) A cura
da menina. Vemo-la agora, em vez de aflita, tranquila; em vez de exaltada e
irritada, cheia de gratidão; em vez de sentir o poder do maligno na sua vida,
experimenta o poder e a graça de Cristo.
A cura do
surdo e gago (31-37). É relatada somente por Marcos. Podemos achar nos
benefícios que Cristo trouxe ao corpo dos doentes figuras das bênçãos que Ele
quer trazer ao nosso espírito. Quem é espiritualmente surdo ou gago? Quem
escuta bem a voz de Deus e fala claramente com Ele?
Notemos neste milagre: a localidade. Decápolis (“dez
cidades”) fora da Terra Santa, entre os gentios; o empenho dos amigos que
trouxeram o surdo a Cristo; o pedido dos amigos; o silêncio do doente; numa
semelhança com a cura do cego em 8.23, Jesus usa um processo em vez de simples
palavras.
Jesus toma
o homem à parte da multidão: a preocupação com a gente em redor pode, às vezes,
impedir o recebimento da bênção divina.
Não nos
esqueçamos de que Jesus levantou os olhos ao Céu, como que confessando que o
ato de misericórdia que ia praticar era de acordo com a vontade divina. Ele
suspirou, pensando, talvez, nos milhares que não procurariam a sua graça – ou
talvez sabendo que o homem podia deixar de usar da melhor maneira a bênção
recebida.
O que Jesus
fez devia ter explicado ao doente (que não podia ouvir) o sentido da sua oração
silenciosa, com os olhos levantados ao Céu. Assim ensinou ao doente que o
benefício suplicado havia de vir dos céus.
“E
ordenou-lhes que a ninguém dissessem”(v.36). Por que? Quando nada, Jesus não
ambicionava publicidade; mas as maravilhas que fez não podiam ser escondidas:
“Quanto mais lho proibia, tanto mais o divulgava”.
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CAPÍTULO 8
A segunda
multiplicação de pães (1-9). Podemos notar que a primeira é narrada por todos
os quatro evangelistas; a segunda só por Mateus e Marcos. Marcos acrescenta as
palavras “alguns deles vieram de longe” (v.3).
“Note-se,
entre outras coisas: que Jesus quis ocupar seus discípulos com as necessidades
materiais do povo; que Ele sentia ‘compaixão’ pela multidão faminta; que seus
discípulos pouco tinham aprendido com o milagre anterior, embora fosse no mesmo
lugar e nas mesmas condições; que Jesus nos deu o exemplo de dar graças antes
de comer (o apóstolo Paulo fez a mesma coisa, na presença de descrentes – At 27.35);
que o alimento era suficiente para todos comerem bem (v.8)
“Decápolis
era a região que ficava ao sul e sudeste do lago de Tiberíades, e continha as
dez cidades que deram o nome ao distrito (Decápolis significa dez cidades)”.
“Depois de
alimentados os 5000, levantaram-se doze cestos de pedaços, e depois dos 4000,
sete cestos. A palavra traduzida ‘cestos’ não é a mesma. Os 4000 deixaram sete ‘spuridas’
e os 5000 doze ‘Kofinon’. Estes eram cestos de mão, aqueles (os sete) grandes
balaios suficientes para conter um homem. Paulo foi arriado pelo muro em um
deles (At 9.25)”.
Duas vezes
Jesus alimentou a multidão e ambas as vezes em circunstâncias semelhantes e da
mesma maneira. Em ambas as narrativas há gente com fome, um lugar deserto,
discípulos perplexos, mantimentos escassos, a ordem de sentarem-se, ações de
graças, festa, sobra, e despedida. O contraste é entre um dia e três dias, 5000
e 4000, cinco pães e dois peixes, sete pães e alguns peixes, doze cestos e sete
balaios.
“Quão pouco
progresso os discípulos tinham feito no entendimento! As poderosas intervenções
dos tempos passados fogem-lhes à memória. Cada nova dificuldade parece-lhes
invencível; cada nova necessidade os leva a supor que as maravilhas da graça
divina se esgotaram (Trench). Porventura somos também assim? Ou a nossa passada
experiência de Deus ajuda-nos a enfrentar as novas situações com coragem e
confiança? Posso acreditar que Cristo tenha visto nestes dois milagres uma
figura da iminente paixão. Ele era o pão partido para satisfazer a fome do
mundo. O leitor já tomou parte na festa?” (Scroggie).
Pedindo
sinais. As partes de Dalmanuta (10-21). Supõe-se que Dalmanuta era uma vila a
leste do mar da Galiléia e perto de Magdala.
Devemos
comparar este trecho com Mateus 16.1-4 para saber que Jesus se referia aos
sinais dos tempos em resposta ao pedido malicioso dos fariseus. O fermento dos
fariseus e de Herodes (15). Há males progressivos que permeiam tudo em redor.
Por isso Jesus emprega a figura do fermento: um princípio ativo que, em pouco
tempo, leveda toda a massa.
O fermento
dos fariseus era a hipocrisia: uma religiosidade exterior e inútil. O dos
herodianos era o mundanismo; a política. O dos Saduceus (Mt 16.6). a
incredulidade e materialismo. Todos os três são males que se alastram,
corrompendo a massa toda.
Neste pequeno
discurso com os discípulos Jesus faz-lhes dez perguntas e obtêm duas respostas.
A cura de
um cego de Betsaida. (22-26). Existe uma dúvida sobre se a Betsaida da Bíblia é
a mesma Betsaida- Júlias ao norte do mar da Galiléia, ou outro lugar do mesmo
nome a leste (perto deste lago), de Corazim e Cafarnaum (Mt 11.21,23; Jo
12.21).
Este
milagre é narrado só por Marcos. É uma das poucas curas demoradas que Jesus
fez. O primeiro contato do Homem com Cristo não teve resultado completo.
Conosco pode dar-se coisa semelhante.
Devemos
notar o empenho, a simpatia e o trabalho de Jesus com este cego, tomando-o pela
mão e levando-o para fora da aldeia. Tantas vezes Ele curava com uma palavra,
mas agora se ocupa com um serviço prolongado.
Podemos
entendes que Deus dispõe de tempo para atender às nossas necessidades.
“Vemos
Cristo acomodando o ‘posso’ do seu poder à debilidade da fé do cego... Foi
curado lentamente porque creu lentamente. A sua fé era condição da sua cura, e
a medida dessa fé determinava a medida da sua restauração”(Maclaren).
“Aqui são
narrados sete atos do Senhor. 1) Tomou o cego pela mão, isso para levá-lo fora
da aldeia. Podemos aprender disto que, para sermos verdadeiros iluminados,
devemos submeter-nos a ser guiados. Por seu Espírito, Cristo nos guiará em toda
a verdade. 2) Levou-o para fora da vila, como se tivesse dito “saí do meio
deles e apartai-vos, e não toqueis coisa imunda (2Co 6.17). A separação é
necessária para que haja gozo espiritual. 3) Cuspiu nos seus olhos. Tem havido
várias explicações disto. Talvez fosse “como processo medicinal, não eficaz em
si, mas feito eficaz por energia divina”(Weiss). Vemos o emprego do cuspe em (Marcos
7.33 e João 9.6-14).
Impôs-lhes
as mãos, um símbolo de comunhão e comunicação de saúde e poder, aqui um ato de
compaixão divina. 5) Perguntou se via alguma coisa, mas o homem enxergava mal
ainda. 6) Impôs-lhe as mãos outra vez. 7)Mandou-o levantar os olhos” (Goodman).
No
versículo 26 leia-se “Não entres na aldeia, nem o digas a ninguém na aldeia”.
(C.C. 273).
A confissão
de Pedro (27-33). Já consideramos este incidente no nosso estudo de Mateus 16.
Observamos Jesus ocupado em despertar a compreensão dos discípulos a respeito
dele mesmo. Para um judeu piedoso o reconhecimento de Jesus como messias
prometido era de suma importância. Alguém pode interrogar a qualquer um de nós
sobre o que Jesus significa para nós, e como responderíamos? Este incidente é
relatado mais detalhadamente em Mateus 16.13-23.
Jesus
prediz a sua morte (31). Para os discípulos parecia tão incompreensível que
Pedro o repreendeu. Devemos notar que Jesus faz a predição da sua morte depois
de convencer os discípulos da divindade dele. Se tivessem conservado na sua
memória essa sublime verdade, não teriam ficados tão desanimados pela sua
morte.
Neste
trecho temos: 1) A confissão. 2) A repreensão. 3) A advertência.
1) A
confissão. Antes de ouvirmos a confissão de Pedro vamos notar alguns pareceres
errados referentes a Cristo, pareceres que lhe atribuem algum bem, mas não
acertam com a verdade.
Que dizem
hoje de Cristo? Um homem bom, exemplo perfeito, mártir inocente, mas a verdade
é outra: Ele é o Salvador único e divino. A confissão de Pedro importava em:
a)
cumprimento de profecia (Dt 18.15, etc.);
b)
propósito divino (Cristo significa ungido);
c) verdade
reservada (v.30);
d) a
esperança do mundo.
2) A
repreensão. Pedro que repreende, é repreendido. Notemos em Pedro:
a) pouca
prudência;
b) falta de
discernimento;
c) coragem
mal-empregada;
d) falta de
respeito.
3 A
advertência de Jesus aos discípulos ensina-lhes:
a) o que é
necessário para seguir a Cristo;
b) que o
amor de Deus deve ser o supremo motivo;
c) Que
perder a vida pode ser lucro, e ganhar o mundo, prejuízo;
d) que o
homem pode “resgatar” a sua alma (psyche: vida ou alma);
e) que
envergonhar-se agora de Cristo terá consequências tristes no porvir.
Levando a
própria cruz (34-38). Para entendermos o ensino de Jesus a respeito devemos
notar que esse ensino segue a predição da sua morte. É como se dissesse: “Este
mundo não somente matará a mim, mas vós também não deveis esperar outra sorte,
se fordes fiéis em seguir meu exemplo e ensino”. (Veja-se porém sobre Mateus
16.24-28).
“Negar-se a
si mesmo”. Quando Pedro negou seu Senhor, ele disse: “Não conheço esse homem”.
Quem puder falar assim a seu próprio respeito sabe o que significa negar-se a
si mesmo. É muito natural pensar: “O que, então, será de mim?” É muito
espiritual pensar; “Como servirá isso à vontade do meu Senhor?”.
Notemos que
a palavra grega psyche nos versículos 35-37, traduzida por Almeida duas vezes “vida”
e duas vezes “alma”, é sempre “vida” na V.B.
Devemos
pensar o que significa “perder” a nossa vida. Uma vida perdida é uma vida não
aproveitada com vantagem. Uma vida preocupada com vícios, prazeres, interesses
materiais, e glórias humanas, é perdida.
Contudo, o
mundo julga “perdida” (35) uma vida dedicada a Deus.
O Senhor Jesus
considera o caso de alguém ganhar “o mundo todo” – ter infinito lucro material –
e contudo não ter uma vida abundante, transbordando da bênção divina.
A mais real
satisfação na vida não está em adquirir, mas em criar, e, contudo, vemos a
maioria empenhada em adquirir – um empenho que nunca satisfaz.
Não é
possível reaver uma vida perdida (v.37).
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CAPÍTULO 9
A
transfiguração (2-13). Visto termos considerado este sublime incidente em nosso
estudo de Mateus 17, podemos agora ocupar-nos com algumas perguntas: Por que
subir um monte? Por que Jesus levou os três? Por que não todos? Que aprendemos
do fato da transfiguração? Qual o assunto da conversa dos dois com Jesus? Acha
parecida a proposta de Pedro com o ideal monástico? De quem falou a voz que se
ouviu da nuvem? Quem ocupou a visão dos discípulos no versículo 8?
Notemos:
que no versículo 10 os discípulos estranharam a frase “Ressureição dentre os
mortos”. Eles criam numa ressureição geral dos mortos no último dia, mas alguém
ressurgiu “de entre” os mortos (V.B.) era para eles uma ideia nova.
Quanto à alusão
a Elias (v.11) veja-se sobre Mateus 17.11.
Referentemente
a este trecho, o Dr. Goodman escreve: “O Senhor, que até aqui fora visto e
conhecido pelos seus discípulos “na forma de servo”, agora tem por bem dar a
três deles uma manifestação da sua inerente glória como Filho de Deus, tanto
quanto era possível fazê-lo aos olhos humanos”.
“O objetivo
foi, sem dúvida: 1) Ensinar-lhes por visão ocular quem era Jesus – Deus manifesto
em carne. 2) Encorajá-los diante da perspectiva da sua crucificação e morte. 3)
Antecipar a glória que mais tarde seria revelada no seu reino. 4) Receber do
Céu o atestado divino ‘Este é meu filho amado: a Ele ouvi”. 5) Estabelecer nas
mentes dos discípulos a sua preeminência sobre Moisés ( a Lei) e Elias (os
Profetas)”.
Que tremendo
acontecimento: Os três discípulos acharam-se, de repente, na presença dos dois
maiores vultos na História de Israel! Para eles, Jesus era o companheiro e
mestre, sempre presente, mas Moisés e Elias eram eminências, santos respeitados
durante séculos. É provável que somente mais tarde tenham compreendido ser
Jesus ainda maior do que os patriarcas e profetas, porque era o homem-Deus.
No fim do
versículo 12 leia-se: “Ele deve padecer muito e ser aviltado”. (O. 56).
O poder da
fé e da oração (14-32). Notemos no presente caso: que mesmo num adolescente
pode manifestar-se um espírito maligno; que os discípulos sem a experiência
sublime da montanha careciam de poder para atender à necessidade do vale; que o
pai fez muito bem em levar a Jesus o menino acometido; que o Salvador percebia
a prevalecente falta de fé; que Jesus interrogou o pai sobre o caso, e assim
manifestou o seu interesse; que o pai achava possível haver falta de poder em
Cristo, mas este ensinou-lhe que uma falta de fé era o defeito do pai; que,
afinal, o pai ganhou ânimo para confiar em Jesus, embora confessando a sua
pouca fé; que Jesus, tendo curado o menino, tomou-o pela mão, como fizera com o
cego de 8.23; que alguns serviços importantes precisam de uma importante
dedicação a Deus em oração.
O maior no
reino (33-37). Mateus 18 e Lucas 9também trata deste incidente, Lucas, muito
resumidamente. Devemos sempre desejar estar em comunhão com o Senhor; pensar
nas coisas que o preocupam; mas aqui vemos Jesus pensando na cruz, e os
discípulos no reino.
Receber,
servir um menino no nome de Cristo, é igual a receber a Ele mesmo e a quem o
enviou. Também ofender ou prejudicar uma criança é ofender a Cristo?
“Que é
grandeza? É coisa mui diversa de orgulho, egoísmo, ostentação. Consiste em ser
nobre, e a nobreza inclui algumas qualidades raras, como seja a humanidade, a
abnegação, o sacrifício, a consideração dos outros. Se queremos ver uma lista
das qualidades da verdadeira grandeza, podemos encontrá-la nas bem-aventuranças
(Mt 5.1-12), ou nos frutos do Espírito (Gl 5.22); e o retrato completo de um
grande homem encontra-se em 1 Coríntios 13, 1-8. Incidentemente, é um retrato
de Cristo” (Goodman).
Essa discussão
sobre “quem era o maior” mostra que Pedro não era reconhecido como Tal.
Distintivos
de um cristão (38-50): Humildade de criança; o espírito de tolerância para com
alguns que “Não nos seguem”; o empenho de remover escândalos e tropeços; o propósito
de reprovar em si tudo que ofende. A pessoa piedosa é exigente consigo e
tolerante para com os outros.
Evitemos
falsa ambição (33-37)
Evitemos
uma intolerância carnal (38-41).
Evitemos um
exemplo pernicioso (42-50).
“No vale de
Geena (vv. 42,43), ao sul de Jerusalém, havia fogo continuamente, dia e noite,
para destruir o lixo e a imundícia da cidade. Por isso nosso Senhor fala do
lugar ‘onde o bicho não morre’ nos montes de corrupção à espera de serem
queimados, e do ‘fogo que nunca se apaga’ nas fornalhas perpetuamente acesas
para os consumir” (Neil).
“Cada um
será salgado com fogo” (v.49) devemos assim entender, à luz de 1 Coríntios
3.13-15. Toda a obra será provada e sua realidade verificada por fogo
refinador. Nada de falso, de espúrio, subsistirá perante aquele cujos olhos são
como chamas de fogo! “E cada sacrifício salgado com sal faz-nos pensar do ‘sal
do concerto’ que se misturava com todo o sacrifício levítico (Lv 2.13). O sal
tipifica verdade e sinceridade que devem caracterizar todo o nosso trato para
com Deus” (Goodman).
No fim do
versículo 50 leia-se “Tende sal em vós mesmos, e passai isso a outros” (O. 11)
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CAPÍTULO 10
O divórcio
(1-12). Notamos neste trecho a diferença entre o ideal e aquilo que
efetivamente se dá. O ideal é que todo matrimônio seja “o que Deus ajuntou”. O
que acontece é que, muitas vezes, nem uma parte nem outra, ao contratar o
matrimônio, faz caso da vontade de Deus. A legislação mosaica considerava o
efetivo. A Lei de Cristo considera o ideal.
Notemos que
o casado deixa seus pais: não continua morando com eles.
Jesus e os
meninos (13-16). Os Evangelhos falam muito de crianças. Também têm alguma coisa
a dizer dos moços. Impressiona-nos ver os discípulos tão fora da comunhão com o
Mestre. Dar-se-á a mesma coisa hoje conosco?
“Receber o
reino como menino” pode significar ser humilde, dependente, confiado, submisso,
esperançoso.
Pensamos
que as mães haviam de dizer que o Profeta de Nazaré, que tomou as crianças nos
braços, era “muito simpático”.
F.W. Grant comenta
que a bênção foi maior do que se esperava: pediram-lhe que “tocasse” os
meninos, e Ele, “tomando-os nos seus braços, e impondo-lhes as mãos, os
abençoou”.
O moço rico
(17-31). Notemos as diferenças nos relatórios deste incidente em Mateus, Marcos
e Lucas. Mateus relata que foi um moço que veio ter com Jesus, a fim de interroga-lo
sobre a vida “eterna”. Marcos frisa mais a sua urgência e humildade; ele corre
e se ajoelha; mas Marcos nem ao menos faz menção de que era moço. Lucas nota a
dignidade de quem assim se dirigiu a Jesus, e o chama “um certo príncipe”.
Jesus
atende aos moços, anima os humildes e responde acertadamente aos príncipes.
O
missionário Stanley Jones, da índia, relata que uma noite, bem tarde, foi
procurado por dois rapazes hindus, malvestidos e sujos, que o interrogaram a
respeito do cristianismo. Apesar de cansado e com sono, deu-lhes uma longa
explicação. Voltaram na noite seguinte, asseados e ricamente trajados, pedindo
desculpa por terem-no enganado na noite anterior, mas dizendo que queriam
verificar se ele dispensaria a mesma atenção a rapazes pobres como ricos.
Pensemos no
versículo 21 “Jesus, olhando para ele, o amou”. Podemos estudar os olhares de
Jesus, e também ponderar por que amou esse moço. Seria por alguma coisa que
discerniu nele, ou por alguma possibilidade que lhe atribuía?
Mui
dedicadamente Jesus instrui o moço a ser prudente na escolha das suas palavras:
“Bom Mestre” (como “prezado irmão”) era um modo de falar, talvez sem muita
significação. Jesus adverte o moço de que bondade absoluta é uma qualidade essencialmente
divina.
No nosso
estudo deste incidente podemos considerar:
1) O que o
moço tinha.
2) O que o
moço desejava.
3) O que o
moço carecia.
4) O ensino
que Jesus ligou ao incidente.
1) O que o
moço tinha. Riqueza, bom caráter, conhecimento da Lei, desejo de aprender,
aspiração por uma vida melhor e mais abundante, humildade, interesse em Jesus.
Mas
evidentemente: Não estava satisfeito. Ele aspirava a uma vida melhor. É bem
triste quando uma pessoa acha tudo quanto deseja nas coisas agradáveis deste
mundo.
2) O que o
moço desejava. Devemos entender que seu desejo não era a perpetuidade da mesma
vida que gozava naquela ocasião, nem de chegar a uma velhice.
O moço
começava a perceber a existência de uma vida de vantagens espirituais, maiores
que a sua riqueza podia comprar, e a acreditar que Jesus possuía o segredo
dela.
E Ele de
fato o tinha, pois descreve essa vida em João 17.3 como: “O conhecimento do Pai
e do Filho”, ou, como podemos dizer, “uma vida de intimidade com Deus, a vida
eterna”.
Jesus
apontou-lhe os mandamentos que se referem mais precisamente à vida prática, e
descobriu que o moço estava na persuasão de que tinha guardado todos!
No
versículo 21 Jesus é mais explícito, e ensina-lhe a desembaraçar-se das suas
riquezas, beneficiar os pobres, e andar na companhia do Salvador que o quis dar
ao seu povo.
3) O que o
moço carecia: experiência de que é mais bem- aventurado dar do que receber;
experiência de uma vida em que Deus é o único recurso do seu povo – a “vida dos
séculos” [a vida eterna]; experiência de intimidade com Jesus, sem a qual a
vida mais sublime não pode ser conhecida; experiência de sofrimento por amor do
Evangelho, que pode desenvolver no crente maior apreciação de uma vida de
santidade e amor fraternal.
4) O ensino
que Jesus ligou ao incidente: a) Que a riqueza material costuma servir de
embaraço à vida espiritual. b) Que tudo é possível para Deus. c) Que há um
Galardão futuro para quem segue a Cristo, e uma recompensa atual em cêntuplo
(v.30) para quem “deixa” alguma coisa por amor a Cristo.
É evidente
pelo versículo 30 que neste discurso Jesus está pensando no aspecto futuro da “vida
eterna”. Devemos entender que seu aspecto presente é igualmente importante (1
Jo 1. 1-4).
Consulte-se
também Mateus 19 sobre o mesmo incidente.
A cruz e a
coroa (32-45). Devemos notar esta última subida a Jerusalém. Jesus vai adiante,
preocupado, e o povo seguindo, maravilhado e atemorizado. Então, talvez parando
um pouco, Jesus revela os pensamentos que o preocupam: traição, condenação,
escárnio, açoites, morte – e ressurreição.
E no meio
destes pensamentos solenes vem o pedido egoísta de Tiago e João!
Pedem como
dádiva o que somente pode ser concedido como Galardão. Será que se julgavam
competentes para preencher o lugar?
Nós, às
vezes, pedimos mais do que podemos receber.
No
versículo 32 leia-se: “E ele estava comovido, e seguiam-no atemorizados” (O. 151).
Do precioso
versículo 45 aprendemos o espírito de Cristo, e o espírito que deve
caracterizar todos os seus.
Bartimeu, o
cego (46-52). Lucas também relata a milagrosa cura dele (sem mencionar seu
nome), e Mateus fala dele e de um seu companheiro (talvez menos conhecido) que
também recebeu a vista.
A cegueira
vem de três maneiras:
a) Alguns
nascem cegos (Jo cap.9).
b) Alguns
têm sido cegados (dois Co 4.4).
c) Alguns
se cegam a si mesmos (MT 13.15) (Goodman).
Vemos no
doente: aflição, desejo, fé, apelo, persistência, obediência, confissão,
salvação.
Na multidão
vemos: indiferença, intolerância, incredulidade, falta de cortesia.
Em Jesus
encontramos: atenção, interesse, compaixão, simpatia e poder divino.
Jesus disse
ao homem curado: “Vai, a tua fé te salvou”, e o homem viu e o seguiu. Acontece
assim conosco?
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CAPÍTULO 11
A entrada
triunfal em Jerusalém é referida por todos os quatro evangelistas. É somente
Marcos que fala de o jumentinho estar “preso fora da porta entre dois caminhos”.
“Este
pormenor, que parece insignificante, ajuda-nos a concordar que, deste capítulo
em diante, Marcos presenciava os acontecimentos”. “Uma parte muito grande do
evangelho de Marcos é dedicada à narrativa da Paixão. Ao registrar o ministério
de três anos, Marcos dedica a terça parte da sua narrativa aos acontecimentos
de uma semana... O contraste entre a brevidade do relatório dos acontecimentos
anteriores e os detalhados pormenores da semana Santa é notável. Entende-se,
porém, se aceitamos a tradição antiga, que para esta parte o escritor podia
servir-se da sua própria observação’.
“Por que
relata ele o incidente do ‘certo moço’ – isto é, um jovem que ele podia ter
mencionado pelo nome – que fugiu nu no jardim do Getsêmane? Em si, parece não
ter importância, mas sua narrativa se torna inteligível se, como a tradição
afirma, era ele mesmo o moço referido”(Deane).
O leitor
dos evangelhos muitas vezes contempla o Senhor enfrentando seus inimigos,
repelindo inimizades, expondo hipocrisias; outras vezes o vê fazendo obras
milagrosas de benevolência: uma vez o contempla , na solidão de um alto monte,
em comunhão com os Santos e o Pai. Neste trecho, entretanto vemo-lo, em ocasião
única, alvo do entusiasmo popular. A história teria ficado prejudicada se
tivesse faltado isto. Porventura será o incidente uma figura de futuras
demonstrações durante o Milênio?
“A figueira
seca (12-14) pode muito bem representar a nação de Israel: a) na sua situação
destacada – vista de longe; b) no seu aspecto prometedor – tendo folhas; c)na
sua falta de fruto – nada senão folhas; d) na sua completa reprovação,
profetizada neste incidente, e realizada no ano 70 d.C., quando Jerusalém foi
destruída”. (Scroggie)
“Jesus bem
podia procurar fruto dessa árvore, embora um tanto antes do tempo, por motivo
da abundância das folhas. Os figos muitas vezes vêm junto com as folhas, ou
mesmo antes delas” (Thompson).
“O fruto é
a essência da vida cristã. ‘Nisto é glorificado meu pai que deis muito fruto’.
Os frutos desejados são:
1) Frutos
dignos de arrependimento (Mt 3.8).
2) Frutos
numa vida convertida (Mc 4.8).
3) Frutos
para santificação (Rm 6.22).
4) Frutos
em boas obras (Cl 1.10)” (Goodman).
A segunda
purificação do Templo (15-18). Neste incidente, como no primeiro (Jo 2.13-25),
descobrem-se no Senhor Jesus: indignação, energia, poder, força moral, domínio
sobre o mal, amor pela santidade da casa de Deus, ódio pela ladroeira
religiosa, e um procedimento que, incidentemente, cumpriu uma palavra profética
(Sl 69,9).
E em nós,
quantas destas qualidades se manifestam?
Fé e oração
(19-26). “Vemos aqui a linguagem figurada de Jesus na ilustração que Ele usa da
montanha e o mar. Deixando a figura material, “não há dúvida de que a
verdadeira fé em Deus remove todo obstáculo e toda a dificuldade do caminho de
uma vida piedosa e obediente. Não é questão de extravagâncias ou de sinais e
maravilhas, mas o cumprimento dos desejos que um homem tem quando ele anda com Deus. As condições são: a) Que não
duvide no seu coração (23). A confiança em Deus é estável. Compreende a sua
vontade e deseja somente a vontade divina. Procura a glória de Deus e não o
agrado próprio. b) Uma fé em que aquilo que diz se fará: isto é, ele crê
piamente que a vontade de Deus se fará. É somente isto que deseja, e sabe que assim
será. c) Perdoar (Ef 4.32). A fé recebe
graça, e manifesta graça. Senão, é uma fé falsa. Um cristão professo que não
perdoa é mais outro exemplo de uma figueira sem frutos”(Goodman).
Com que
autoridade?(27-33). Notemos neste trecho: a continuada inimizade dos chefes
religiosos; que eles reconheceram ter Jesus agido com autoridade na purificação
do templo; que a pergunta dos sacerdotes não merecia uma resposta direta; que
Jesus respondeu com outra pergunta; quis tocar-lhes na consciência.
Os chefes religiosos
julgaram que Jesus, não sendo da classe deles, não tinha o direito de agir.
Vemos um espírito parecido até nos discípulos no capítulo 9.38, e pode dar-se
uma coisa semelhante conosco.
“Santidade,
justiça e misericórdia podem arder com um brilho extraordinário, inspirando um
ensino sublime, operando milagres de beneficência, mas para tais chefes
religiosos isso não era nada; antes queriam ver um atestado da sinagoga,
conferindo ao seu possuidor os direitos de autoridade”( Bernier).
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CAPÍTULO 12
Os
lavradores malvados (1-9). Ainda é terça-feira da Semana Santa. Nosso Senhor
tem feito calar os fariseus, escribas e anciãos (11.27-33), e agora diz uma
parábola contra eles: até duas parábolas.
A nação
judaica é comparada a três árvores: à vinha (Is 5.1-7; Sl 80.8-16), à oliveira,
e à figueira. “Antigamente a nação era como uma vinha frutífera, depois uma
figueira estéril, e mais tarde será uma oliveira florescente” (Scroggie).
Podemos
notar o seguinte:
1) Ensinos
desta parábola.
2) Sua
significação para Israel.
3) Sua
significação para nós.
1) Alguns
ensinos desta parábola são:
a) Que Deus
prepara as circunstâncias do seu povo, de maneira tal que esse possa dar fruto.
Notemos que o homem plantou, cercou, fundou e edificou antes de arrendar a
vinha.
b) Que Ele
conta com algum resultado que lhe seja aceitável.
c) Que Ele
espera haver da parte dos lavradores um reconhecimento de responsabilidade, e
um esforço adequado no serviço.
d) Que há
uma tendência da natureza humana pecaminosa para: 1) tomar para seu próprio
gozo aquilo que pertence ao dono; 2) perseguir os que vêm lembrar do dever; 3)
pensar que por meios violentos pode-se tomar posse e fazer aquilo que é apenas
arrendado.
e) Que,
afinal, haverá um castigo para os malvados.
f) Que
outros entrarão na posse da herança violada.
2) Sua
significação para Israel foi reconhecida, ao menos em parte: “Entendiam que
contra eles dizia esta parábola”.
Notemos:
a) Que a
vinha tinha gozado de privilégios e proteção especial – plantada em uma terra
que manava leite e mel, cercada de providências divinas, instruída e admoestada
por profetas.
b) Que Israel
não deu fruto aceitável a Deus.
c) Que
Israel perseguiu os profetas.
d) Que, por
isso, Israel está sob a reprovação de Deus.
3) Sua
significação para nós é:
a) Que Deus
nos tem cercado de cuidados, privilégios, oportunidades, e responsabilidades, a
fim de darmos fruto para a sua glória.
b) Que Ele
manda seus servos exortar-nos a esse respeito.
c) Que é
possível maltratarmos os servos do Senhor, ou, talvez, apenas desprezarmos as
suas mensagens.
d) Que os
privilégios e as oportunidades que não se aproveitam podem ser dado a outros.
A segunda
parábola (10-12) é de uma pedra reprovada pelos edificadores. Qual é o lugar
que damos a Cristo na construção da nossa vida, nosso caráter?
Vemos
nessas duas parábolas as qualidades notáveis que Jesus assume: 1) coloca-se em
plano superior aos profetas; 2) alega ser o único e amado Filho do Pai; 3)
diz-se herdeiro; 4) refere-se como a pedra que os edificadores rejeitaram (Sl
118.22).
Acerca do
tributo (13-17). Apareceram agora os herodianos e fariseus contra Cristo, e
empregam astúcia, julgando poderem comprometê-lo, qualquer que seja a sua resposta.
Pedem uma
resposta sim ou não, mas há muitas perguntas que não podem ser respondidas
sabiamente por uma única palavra.
Notemos que
os inimigos de Jesus, querendo apanhá-lo, testemunharam quatro coisas
verdadeiras a seu respeito: a) que era verdadeiro; b) que não tinha medo dos
homens; c) que não olhava a aparência dos homens; d) que ensinava o caminho de
Deus.
A resposta
de Jesus é notável por sua brevidade, compreensão, justiça e sabedoria. Todos
os Homens devem alguma coisa à sociedade e ao que representa ordem social.
Temos deveres cívicos e religiosos, e não devemos esquivar daqueles sob
pretexto destes, a não ser que sejam evidentemente incompatíveis (Rm 13 –
Scroggie).
Os saduceus
e a ressureição (18-27). Um após outro, os inimigos de Jesus se apresentam.
Agora é a vez dos saduceus, querendo negar a ressurreição.
Jesus os
acusa positivamente de “ignorância: “não sabeis as Escrituras”; e irreligião: “nem
o poder de Deus”.
Na sua
resposta, Jesus ensina grandes verdades: Que há outra vida; que haverá uma
ressurreição do corpo; que as relações sociais da terra não persistirão no
mundo que vem; que existem os seres denominados anjos; que esses não vivem
socialmente como nós; que Abraão, Isaque e Jacó ainda vivem para Deus. Estes
saduceus ignoravam tanto a verdade divina como o poder divino (Scroggie).
O primeiro
[principal] dos mandamentos (28-34). Afinal um escriba (um fariseu, Doutor da
Lei), vendo os fariseus emudecidos, quer experimentar o Mestre, e pergunta qual
o primeiro de todos os mandamentos.
Jesus é
paciente com todos, sinceros ou insinceros, e discerne valores espirituais
mesmo onde pode haver insinceridade. Ele diz que o escriba não está longe do
reino, talvez porque: a) ele começava a
pensar seriamente na religião; b) já dava mais valor no espírito do que à
letra; c) desejava agir de acordo com a luz recebida; d) era moral,
circunspecto e puro (Deividson).
A censura
dos escribas (38-40) – tão resumida aqui, ocupa todo um capítulo de Mateus
(23). Marcos relata poucas das palavras, mas são pesadas.
A oferta da
viúva (41-44): a) Quem deu? Uma viúva, e pobre. b) O que deu? Duas moedas, podendo,
como é evidente ter guardado uma ou ambas para si. c) onde deu? No Templo de
Deus. d) Para que a dádiva? Para o sustento do culto divino. e) O espírito da
dádiva – um espírito de verdadeira piedade e devoção. f) O reconhecimento da
dádiva – Jesus viu, avaliou, aprovou e louvou o que foi dado. g) As lições da
dádiva – que o valor do dom depende dos recursos do ofertante; que a aflição
não precisa impedir a liberalidade; que podemos aprender uns dos outros a
generosidade; que devemos dar como se fosse perante os olhos do Mestre
(Martin).
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CAPÍTULO 13
O sermão
profético: o princípio das dores (1-13).
Visto que
este sermão é repetido em Mateus e parcialmente em Lucas, não devemos repetir
as mesmas explicações. Contudo podemos acrescentar alguns pensamentos
adicionais.
Apenas dois
pequenos trechos, registrados por Marcos, não estão nos outros evangelhos: “mas
olhai por vós mesmos”(v.9): e “importa que o Evangelho se pregue primeiro entre
todas as gentes”. “Quando, pois vos conduzirem para vos entregarem” (vv.10,11).
Continua
ainda a ser terça-feira da Semana Santa. Jesus sai do templo e nunca mais volta
lá. No começo deste discurso, o Senhor prediz: a) a destruição do templo; b)
que seguirão guerras; c) que o povo de Deus será odiado; d) que nada há de
impedir o processo do Evangelho.
“Dois
julgamentos são referidos aqui, um mais próximo e outro mais remoto. Um
refere-se à destruição de Jerusalém, uns quarenta anos mais tarde, em 70 d.C. e
outro ao fim do período. Estes dois são claramente distinguidos em Lucas, o de
70 d.C. encontra-se em Lucas 21.12-24. (Notem-se as palavras “antes de todas
estas coisas”, 12 e “até”, 24, e o acontecimento do fim em 21.5-11 e 25-36). A
distinção entre estes julgamentos é muito importante” ( Scroggie).
A Grande
Tribulação (14-23). Para entender “A abominação da desolação” veja-se Mateus
24.15. Podemos notar o seguinte:
As coisas
não melhoram com o decorrer dos tempos, antes as trevas ficam mais espessas e
as tribulações aumentam.
A pregação
do Evangelho não resulta na conversão do mundo. É publicado como testemunho,
para o recolhimento dos escolhidos. O triunfo de Cristo não se dá mediante um
processo gradual, mas pela sua segunda vinda, primeiro para buscar seus
remidos, e depois em poder e glória após grandes tribulações e solenes juízos.
A vinda do
Filho do Homem (24- 37). “Que a vinda do Senhor se aproxima é evidenciado por
sete grandes sinais: a) um mundo perturbado (8); b) Israel disperso (18); c)um
cristianismo apóstata (22); d) um paganismo evangelizado (10); e) uma igreja esperançosa (29); f) uma criação gemendo (Rm 8.22); g) um novo
desejo pela santidade (1 Jo 3.3)” (Goodman).
Podemos
notar que as palavras “nem o Filho” do versículo 32 não se encontram em Mateus
nem em Lucas.
O versículo
32 tem sido muito discutido pelos eruditos, e alguns comentaristas abalizados
não gostam de toma-lo ao pé da letra, receando que contradiga a doutrina da
onisciência de Deus. Mas a este respeito pergunta G.H. Lang: “Porventura
podemos acreditar que as afirmações divinas se expressam em linguagem cujo
sentido literal contenha um erro fundamental”? Parece-nos que a afirmação de
que Deus não pode livrar a sua memória de tal ou tal informação, presume que
nossa inteligência finita tem uma compreensão mais completa dos processos e
possibilidades da operação interior da Mente Infinita do que é de fato o caso.
A
consciência como capacidade é eternamente essencial à divindade, mas porventura
é o recordar cada fato separado também essencial? Será Deus menos divino por
poder honrar o sangue de Jesus seu Filho, a ponto de banir para sempre da sua
memória certos fatos do passado: por exemplo, os meus pecados?”
Quando
lemos que o menino Jesus crescia em sabedoria, porventura devemos entender que
Ele não precisava frequentar a escola porque desde a nascença sabia mais que os
professores?
Em Marcos o
sermão profético conclui com uma exortação a trabalhar, orar e vigiar, e isso
tem aplicação não só para os discípulos, mas a nós também (v.37).
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CAPÍTULO 14
Este
capítulo corresponde a Mateus 26. Entende-se que a quarta feira da Semana Santa
foi passada tranquilamente em Betânia, e é referida nos versículos 1-11.
O vaso de
unguento (3.9). Aprendemos de João 12.1-9 que quem ungiu o Senhor foi Maria,
irmã de Lázaro, e que o queixoso do versículo 4 era Judas. Deste tocante
incidente aprendemos: a) que alguns, ao menos, não somente admiravam as obras
maravilhosas de Jesus, mas sentiam um ardente desejo de servi-lo; b) que servir
seu Senhor, Maria não fez questão de pensar que alguns acham que o dinheiro
gasto com o Senhor é mal- empregado; d) que Jesus discerniu o motivo de Maria,
apreciou a sua devoção, e faz questão de justificar publicamente o seu ato;
e)que é lícito socorrer os pobres sempre que se queira; f) que Maria fez o
possível: “fez o que podia”, g) que Jesus atribuiu uma significação profética
ao ato de Maria; h) que seu ato devia ser relatado em todo o mundo.
Simão, o
leproso (v.3). No aramaico as palavras para “leproso”e “negociante de louça”
tem as mesmas consoantes, e provavelmente devemos ler aqui “negociante de louça”
(O.96).
O preço da
traição (10,11). Vemos aqui um contraste enorme entre Judas e Maria, Ele,
querendo ganhar dinheiro às custas de Jesus, ela querendo gastar com seu amado
Senhor. Qual dessas características é a nossa?
A última
páscoa e a Santa Ceia (12-26).Agora é a quinta-feira da Semana Santa. Há cinco
passagens que relatam a Santa Ceia: Mateus, Marcos, Lucas, 1 Coríntios capítulo
10 e capítulo 11. Convém verificar o que se diz em cada passagem a respeito do
pão e do cálice.
Notemos no
versículo 24 a expressão “o sangue do Novo Testamento’ ou Novo Pacto. A Bíblia
é dividida em duas partes: O velho concerto ou Aliança e o Novo; mas em toda a
escritura podemos descobrir oito alianças ou pactos entre Deus e os homens,
sendo as condições marcadas por Ele, a saber:
1) A
aliança do Éden (Gn 1.26-29) para o homem na inocência.
2) A
aliança com Adão (Gn 3.14-19) para o homem caído, com promessa da Redentor.
3) A
aliança com Noé (Gn 9.1) estabelecendo o princípio do governo Humano.
4) A
aliança com Abraão (Gn 15.18), que inicia a nação de Israel e confirma a
promessa da redenção.
5) O
concerto mosaico (Êx 19.25), que coloca a todos debaixo de condenação, “porque
todos pecaram”.
6) O
concerto com Israel na Terra.
7) O
concerto dravídico (2 Sm 7.8-17) estabelecendo a perpetuidade da família de
Davi, cumprido em Cristo (Mt 1.1; Lc 1.31-33; Rm 1.3).
8) O Novo
Concerto baseado no sacrifício de Cristo, que assegura a eterna
bem-aventurança, sob o concerto abraâmico (Gl 3.13-29) de todos em Cristo
(Scofield).
“Impressiona-nos
o reconhecimento do essencial que a brevidade de Marcos acentua. Ao contar-nos
a história dessa tarde memorável. Lucas ocupa 24 versículos e João cinco
capítulos, porém Marcos concentra tudo em nove versículos (17-25). Ele se
limita aos dois fatos principais: a declaração da traição e a instituição da
Ceia. Parece-nos, pela narrativa de João, que entre os dois acontecimentos
Judas saiu, de maneira que não estava presente na Ceia”(Scroggie).
Pedro é
avisado (27-31). Este trecho é quase idêntico a Mateus 26.31-35. Marcos apenas
apresenta as palavras “que hoje”, que o galo cantou “duas vezes” e que Pedro
respondeu “veementemente”.
Notemos a
diferença entre Judas e que traiu e Pedro que negou. Judas, um homem iníquo,
motivado pelo sórdido desejo de lucro; Pedro, confiado em si, ignorando a
própria fraqueza, em um acesso de “cautela” mundana, acha mais prudente negar.
Somente
quem tem gozado de certa intimidade pode “trair”.
Jesus no
Getsêmane (32-42). Marcos pouco acrescenta ao que temos lido em Mateus, salvo
no versículo 36: “Pai, todas as coisas te são possíveis” , e no versículo 41 a
palavra “apexei” traduzida basta, mas que, referindo-se a Judas, provavelmente
significa que ele já aceitou o dinheiro.
Descobrimos
no Senhor Jesus: o desejo da companhia humana ( tão insuficiente e inadequada!)
a angústia provocada pela perspectiva de ser “feito pecado”, com o consequente
desamparo de Deus, a imperiosa necessidade de oração; uma completa submissão à
vontade divina; uma compreensão da fraqueza dos discípulos; o desejo de repetir
a sua oração ( v.39); um perfeito conhecimento do que ia acontecer.
Notemos
aqui, no que diz respeito a Cristo: Seu isolamento (35). Primeiro o deixou os
oito; depois os três. Toda a verdadeira grandeza é solitária, e toda a profunda
tristeza é também solitária. Mesmo no meio da multidão, Cristo teria sido
isolado, mas nunca tão solitário como debaixo das oliveiras do jardim. E todos
os que o seguem de perto terão de experimentar a solidão.
Sua
submissão (36). “Não seja o que eu quero, mas o que tu queres”. Não havemos de
pensar que aqui havia duas vontades, pois a vontade de Jesus era sempre fazer a
vontade do Pai, mas por estas palavras somos levados a entrar na esfera dos
seus motivos. Ele não se sacrificaria por ser sua própria vontade assim fazer,
mas porque era a vontade do Pai.
Seu
desapontamento (37-41). “Não pudestes vigiar ... uma hora?” As palavras foram
dirigidas a Pedro, mas tinham a sua aplicação aos três. As palavras que seguem
podem ser uma interrogação: “Quereis dormir agora e descansar?” (41). Nesta
hora funesta Jesus desejava simpatia, a simpatia dos que vigiam, mas não a
obteve. Contudo vemos:
A sua
consideração (38) (dos discípulos). “Reconheceu o cansaço deles. ‘Ele conhece a
nossa estrutura ; lembra-se de que somos pó’ (Sl 103.14)” (Scroggie).
Neste
versículo devemos ler “ para que não falheis na provação” (O.56).
Jesus é
preso (43-52). Marcos caracteristicamente, acrescenta a palavra “logo” no
versículo 43, e só ele viu os escribas junto com os sacerdotes e anciãos. No
resto, o relatório dele é muito semelhante aos dos outros evangelistas.
Vemos Pedro
lutando (47), fugindo (50), e seguindo (54), mas “de longe”, o que é sempre
perigoso.
Os fatos
são: a) a chegada de Judas e seus companheiros; b) a traição; c) a prisão de
Jesus; d) a fuga dos discípulos.
Notemos:
Que Judas se vendeu de corpo e alma aos inimigos de Jesus; que os adversários
vieram com muita gente e bem armados; que o beijo de Judas foi o cúmulo da
hipocrisia; que a mal - pensada defesa com a espada agravou seriamente a
situação; que a pessoa mais calma e serena foi Jesus; que Ele percebeu em tudo
o cumprimento das profecias; que os discípulos, tendo dormido em vez de orar,
não puderam enfrentar a situação – fugiram.
É
geralmente entendido que o moço que, acordado pelo alvoroço, tinha saído da
cama e da casa envolvido apenas em um lençol, e, sendo agarrado, fugiu sem seu
lençol, era o próprio Marcos.
“Quando nos
aventuramos na senda da fé sem termos, verdadeiramente fé para esse caminho, é
provável fugirmos nus e envergonhados” (Darby).
F.W. Grant
vê um possível sentido alegórico no incidente do moço envolto num “sindon”: um
lençol ou mortalha (Mt 27.59, etc.). Como os soldados ficaram apenas com o
lençol (porque a pessoa escapou), assim sacerdotes e povo, Herodes e Pilatos,
ficaram com os lençóis que foram abandonados no sepulcro, enquanto a pessoa não
ficou ali. “E isto pode ser uma parábola para todos os seus seguidores, para
quem, deveras, o corpo, qual envoltório, é semelhante a uma mortalha, na qual
habita uma vida que a morte não pode tocar”.
Jesus
perante o Sinédrio (53-65). Este tribunal religioso, composto de todos os
principais dos sacerdotes, os anciçaos e os escribas, formava um conjunto
temível. Querendo dar ao processo um aspecto legal, “buscavam algum testemunho
contra Jesus”, mas nada conseguiram senão testemunhas falsas que não combinavam
entre si.
Notamos a
interrogação direta do sumo sacerdote: “És tu o Cristo, o filho do Deus Vivo?”
e a resposta igualmente positiva. Está mostrando o endurecimento espiritual que
chama a confissão da verdade de
blasfêmia.
Pedro Nega
a Jesus (66-72). A queda de Pedro não foi repentina. Vemo-lo primeiro dormindo
em vez de orar, depois lutando em vez de submeter-se; então seguindo de longe;
mais tarde sentado com os inimigos em
vez de estar ao lado do seu Senhor; procurando a própria comodidade –
aquecendo-se em um momento crítico; finalmente negando seu Senhor em vez de o
confessar. No fim do versículo 70 devemos acrescentar as palavras “a tua fala é
semelhante” (C.C. 119).
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CAPÍTULO 15
Jesus
perante Pilatos (1-20) Pilatos faz cinco perguntas: 1) És tu o Rei dos Judeus?
2) Nada respondes? 3) Quereis que vos solte o Rei dos judeus? 4) Que quereis,
pois, que faça daquele a quem chamais Rei dos judeus? 5) Pois que mal fez?
“Pilatos
era, sem dúvida, um homem de capacidade, mas perante a suprema prova, que lhe
deu uma suprema oportunidade, fracassou. Viu o verdadeiro caminho, mas o
abandonou, sabia o que fazer, mas não o fez. Mostrou-se indeciso e quis agradar
a todos, fazer bem e mal ao mesmo tempo e, nesta tentativa, quem devia ter
julgado ficou mais condenado” (Scroggie).
Vemos neste
trecho a escolha de Barrabás e não Cristo. Às vezes um grande criminoso
consegue cativar a imaginação popular e, em vez de exigir que seja justiçado, o
povo quer ver solto o ladrão! Mas estranhamos deveras a perversidade de quem
preferiu um criminoso a um Salvador!
“Marcos diz
que “vestiam-no de púrpura” (v.17), enquanto Mateus fala de “uma capa de
escarlata”; mas, como Lang explica, a capa militar escarlata foi empregada para
representar a manta imperial, e por isso é chamada em sentido simbólico de “púrpura”
(Gray).
Somente em
Marcos lemos as palavras “e cuspiram nele, e, postos de joelhos, o adoraram”(v.19);
os gentios, assim, em escárnio, renderam a homenagem que Israel devia ter
prestado sinceramente.
A
crucificação (21-41). Marcos fala mais detalhadamente do que os outros
evangelistas a respeito de Simão, o cirineu. “Há milhões hoje que dariam tudo o
que têm, e a própria vida, pelo privilégio de fazer o que Simão fez obrigado.
Não podemos agora levar a cruz de Cristo, mas devemos resolutamente levar a
nossa própria cruz (Mt 16.24)” (Scroggie).
Inconscientemente,
os inimigos proferem uma grande verdade: “Salvou os outros, e não pode salvar a
si mesmo” (v.31).
“Também os
que com Ele estavam crucificados, o injuriaram” (v.32) mas, um pouco mais
tarde, um deles mostrou-se arrependido (Lc 23.40,41).
Tal conversão
repentina, presumida mas nunca declarada, parece estranha. Bullinger (J.
345-348), ocupa quase três páginas com a prova de que havia quatro crucificados
com Cristo, dois malfeitores, que foram levados junto com Ele (Lucas), e depois
dois ladrões (Mateus e Marcos) que chegaram mais tarde, depois da distribuição
dos vestidos: “Então foram crucificados com Ele dois salteadores” (Mt 27.38,
V.B.) Este parecer merece ser investigado cuidadosamente antes de ser
rejeitado. Nosso espaço não permite apresentar todas as provas.
É confirmado
por uma tradução ao pé da letra por João 19.18, “com Ele outros, dois deste
lado e dois daquele”.
O nome
Gólgota é o único aplicado pelos evangelistas ao lugar da crucificação. A
palavra calvário nunca se lê no original. Vem na versão latina.
Três horas
são mencionadas: terceira, sexta e nona, isto é: 9 horas, meio-dia, e 15 horas
do nosso horário.
Muitos
fatos narrados neste trecho merecem nossa reverente meditação: o do cirineu; a
crucificação; a distribuição dos vestidos; “a acusação”; a “blasfêmia” dos que
passavam; a palavra “salva-te a ti mesmo”; as trevas; a queixa do desamparo; o
vinho (v.23) e o vinagre (v.36); o falecimento. Em cada um destes atos o leitor
estudioso achará muito em que pensar.
O véu
rasgado (v. 38). O véu fazia separação entre o lugar santo e o santíssimo lugar
do templo (Hb 9.3). Muitos pensam que a significação do véu rasgado é para Deus
sair e abençoar, em virtude da obra consumada, e o crente poder entrar
confiadamente como adorador redimido (Hb 10.19-22).
Rasgado de
alto a baixo em sinal de ser ato divino, pois os homens o teriam rasgado de
baixo para cima.
O centurião
(v.39), sobressaltado, e presenciando sinais sobrenaturais, chegou a exclamar: “verdadeiramente
este homem era Filho de um Deus”. Não podemos entretanto basear-nos nesta
declaração para afirmar que ele era um crente, um convertido. Era muito natural
que ele atribuísse esse fato maravilhoso a alguma divindade.
Vemos no
versículo 40 as mulheres olhando de longe, mas antes estiveram bem próximo à
cruz (Jo 19.35).
A sepultura
de Jesus (42-47). Combinando tudo que se diz nos quatro evangelhos a respeito
de José de Arimatéia sabemos que ele era
rico, senador honrado, homem bom e justo, discípulo secreto e medroso, sem
compromisso na sentença iníqua do Sinédrio, mas corajoso para pedir o corpo e
sepultá-lo.
Simão levou
a cruz de Cristo, José levou o corpo. Nada disso foi feito pelos apóstolos, mas
por pessoas anteriormente desconhecidas. Haverá, porventura inúmeros crentes,
desconhecidos ainda, que seriam capazes de arriscar tudo por Cristo? Haverá
crentes notáveis que fugiriam com os doze? Vossa lealdade a Cristo prova nosso
valor, e vossa lealdade é provada nos dias e horas de crise.
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CAPÍTULO 16
A
ressurreição (1-8). Embora Marcos relate muito resumidamente a ressurreição,
ele narra alguns fatos que outros omitem: o propósito das três mulheres de
embalsamarem o corpo (v.1); a conversa referente à pedra (v.3,4); a visão do
mancebo sentado no sepulcro, à direita (v.5); as palavras “e Pedro” no
versículo 7; as mulheres “possuídas de temor e assombro” (v.8), em Mateus é “temor
e grande alegria”; e “nada diziam a ninguém, porque temiam” (v.8) enquanto Mateus
tem “correram a anuncia-lo aos seus discípulos”.
( Alguns
entendem ter havido duas visitas das mulheres)
Marcos 16.9
salienta que Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena “da qual tinha expulsado
sete demônios” (Lc 8.2).
O trecho
9-20 deste capítulo [ apesar de comentários em contrário], é citado por
escritores dos séculos segundo e terceiro, isso é uma prova de que a igreja o
aceitou.
Um sepulcro
(v.3,4) nesses tempos era, muitas vezes, um túnel curto escavado no barranco de
pedra, um tanto parecido com as minas de água que, às vezes se fazem no Brasil.
Era costume tapar a entrada com uma grande pedra redonda, muito maior que uma
pedra de moinho, e tão pesada que uma mulher não podia removê-la.
Não podemos
adivinhar quem era o “mancebo” do versículo 5, por isso não vale a pena
imaginar sobre o fato. Muitos entendem que era um anjo, nesse caso, é uma
interessante indicação do aspecto dos anjos.
A grande
comissão (5-20) apresentada aqui é um pouco diferente da de Mateus. É mais
expressamente uma comissão para evangelizar toda criatura. Não se diz qual o
assunto deste Evangelho, mas nós entendemos que é Cristo, a única esperança de
toda criatura.
Uma
tradução literal do versículo 16 seria “o [indivíduo] crente e batizado será
salvo, e o descrente será condenado”. A linguagem ajuda-nos a perceber o grande
alcance da palavra “salvar” na Bíblia, abrangendo o presente e o porvir.
Ninguém nos dirá que um mero rito, praticado uma vez, contribuirá para a nossa
eterna salvação do pecado, mas presentemente o crente que vive de acordo com o
significado do seu batismo prova que, em alguns sentidos, esse batismo que o
associou a Cristo e seu povo, salva-o de muitas coisas neste mundo que não são
de Deus (1 Pe 3.21).
A Bíblia Explicada - S.E. McNair (4ª edição, Rio de Janeiro,1983, CPAD
CAPÍTULO 1
APRESENTAÇÃO DO EVANGELHO DE MARCOS
A Bíblia Explicada - S.E. McNair (4ª edição, Rio de Janeiro,1983, CPAD
APRESENTAÇÃO
Marcos,
também chamado João, era filho de uma das Marias do N.T e sobrinho de Barnabé.
Era associado com os apóstolos e é mencionado nos escritos de Paulo e de Lucas
(At 12.12,25; 13.13; 15.37,39; Cl 4.10; 2 Tm 4.11; Fm 24).
A data de
Marcos tem sido calculada entre 57 a 63 d.C
Tema. O
escopo e propósito do livro são evidentes pelo seu conteúdo. Nele Jesus é visto
como o poderoso obreiro, mais do que como ensinador. É o evangelho do servo de
Jeová, o “Renovo” (Zc 3.8); como Mateus, é o Evangelho do “Renovo... de Davi”
(Jr 33.15).
A qualidade
de servo de Deus no Filho manifesto em carne é sempre evidente. O versículo
chave é 10.45. A palavra característica é “imediatamente”, a expressão adequada
para um servo. Não há genealogia, pois quem cuidaria de apresentar a genealogia
de um servo? O caráter distintivo do Cristo em Marcos é aquele que Paulo
apresenta em Filipenses 2.5-8.
Mas este
humilde Servo, que abandonou a forma de Deus (Fp 2.6) e foi achado na forma de
homem, era, contudo, “o Deus poderoso” (Is 9.6), como o próprio Marcos declara
(1.1), e por esta razão obras poderosas acompanharam seu ministério,
comprovando-o. Como convém a um evangelho de serviço, Marcos destaca mais as
ações do que as palavras.
O melhor
preparo do coração para o estudo de Marcos é a leitura (Com oração) de Isaías
42.1-21; 50.4-11; 52.13 a 53.12; Zacarias 3.8; Filipenses 2.5-8.
Marcos tem
cinco divisões principais: 1) A manifestação do Filho-Servo (1.1-12). 2) O
Filho-Servo provado (1.12,13). 3) O Filho-Servo agindo (1.14 a 13.37). 4) O
Filho- Servo obediente até a morte (14.1 a 15.47). 5)O ministério do
Filho-Servo em ressureição, exaltado e com toda a autoridade (16.1-20)
(Scofield).
INTRODUÇÃO
(1.1-13).
a) A
proclamação (1-8)
b) A
preparação de Jesus (9-13).
1. O servo
divino da Galiléia (1.14 a 9.50).
1.1 Jesus
luta com os agentes e as atividades do mal (1.14 a 3.6).
1.2 Jesus
separa os crentes dos descrentes (3.7 a 6.6).
1.3 Jesus
opera milagres entre o povo (6.7 a 8.26).
1.4. Jesus
instrui seus discípulos em vista da Cruz (8.27 a 9.50)
2. O Servo
divino, da Galiléia a Jerusalém (cap. 10.1-52).
2.1 O
ministério na Peréia (1-31).
2.2 Última
viagem a Jerusalém (11.1 a 15.47).
3. O servo
divino em Jerusalém (11.1 a 15.47).
3.1 Domingo
(11.1-11). A entrada triunfal na cidade
3.2
Segunda-feira (11.12-19). A figueira amaldiçoada e o templo amaldiçoado.
3.3
Terça-feira (11.20 a 13.37). A final controvérsia e a grande predição.
3.4
Quarta-feira (14.1-11). A conspiração e pacto para prender Jesus.
3.5
Quinta-feira (14.12-52). A páscoa, o Getsêmane e a traição.
3.6
Sexta-feira (14-53 a 15.47). A condenação e a crucificação.
CONCLUSÃO
(16.1-20)
a) A
ressureição de Jesus (1.9).
b) A
manifestação de Jesus (9-20)- (Scroggie).
A MENSAGEM
DE MARCOS
Jesus
Cristo se nos apresenta no Evangelho de Marcos como Servo humilde, fazendo a
vontade do Pai. As primeiras palavras ensinam-nos que as qualidades de servo e
filho são inseparáveis. Não é mediante o serviço que nos tornamos filhos, mas
pela adoção de filhos que chegamos a ser servos (Ml 3.17; Mt 21,28; Mc 1,1).
Uma revista
do conteúdo deste Evangelho mostra que todo o seu pensamento difere do de
Mateus. Ali se estabeleceu o trono; e o Rei, sentado sobre ele, pronunciou os
seus decretos e dominou seus súditos; aqui se vê o servo ungido andando entre
os homens, passando de um lugar a outro, descansando mas incansável, cumprindo
seu ministério. A narrativa de Marcos é rápida, enérgica, realista, pitoresca,
dramática e caracterizada por transições repentinas.
As omissões
são muitas e significativas, visando salientar Jesus como o Servo.
Por
exemplo, em Marcos o título “Senhor” nunca é empregado pelos discípulos, e
ocorre apenas 17 vezes neste Evangelho, comparado com 72 vezes em Mateus, 101
em Lucas e 108 em João. (Compare –se Mateus 8.2 com Marcos 1.40; Mateus 26.22
com Marcos 14.19; Mateus 8.25 com Marcos 4.38.)
Ainda mais,
notamos que aqui não há nenhuma referência à preexistência de Cristo, como em
João; nenhuma genealogia, nem nascimento milagroso; nenhuma adoração dos magos;
nenhum sermão da montanha; nenhuma denúncia da nação ou juízo das nações;
nenhuma sentença contra Jerusalém. Estes e outros pontos semelhantes não teriam
cabimento na descrição do Servo humilde, e por isso omitem-se. Mas o aspecto refletido
aqui não é somente negativo, é positivo também. Assim a atenção é chamada para
as ações, as palavras para o aspecto de Cristo, como convém ao perfeito Servo.
Em Marcos
chama-se especial atenção aos retiros de Jesus. Ele retirou-se a um lugar
solitário, depois das primeiras curas (1.35); a lugares desertos depois da
purificação do leproso (1.45); ao lago, depois de ter curado o homem que tinha
a mão ressicada (3.7); às aldeias, depois da sua rejeição em Nazaré (6.6); a um
lugar deserto, depois do assassínio de João Batista (6. 30-32); aos arredores
de Tiro e Sidom, depois da oposição dos fariseus (7.24); à vizinhança de
Cesaréia de Filipos, depois da cura de um cego (8.27); ao monte Hermon, após a
primeira declaração aberta de sua paixão (9.2); a Betânia, depois da entrada
triunfal (11.19), e ainda mais uma vez após o discurso sobre as coisas do fim
(14.3). O parágrafo adicional sobre a ascensão é como que a história da sua
última retirada (16.19).
É evidente
o sentido disto. Quem muito serve, precisa estar muito com Deus, e os períodos
de retiro e descanso espiritual serão mais frequentes e mais necessários à
medida que o nosso serviço se torne mais verdadeiramente sacrificial: Somente à
medida que permanecermos no esconderijo do Altíssimo poderemos ter um coração
tranquilo, preparado para o serviço.
Mas junto a
esta lição aprendemos outra, talvez mais difícil de entender, a saber, que
devemos estar à disposição dos outros, e que nossos próprios retiros precisam
ficar sujeitos às necessidades dos homens. Na vida do verdadeiro Servo isso é
muito evidente (Scroggie).
‘Não
sabemos se Marcos viu ou ouviu, pessoalmente, alguma vez o Senhor, embora
alguns têm pensado que ele descreve a si mesmo no capítulo 14.51,52. Ele parece
ter relatado principalmente o que ouviu Pedro. Justiniano Mártir (100- 165 d.C.)
cita o seu evangelho sob o título ‘Recordações de Pedro’, e Irineu (130-202
d.C.) diz que ele era discípulo e intérprete de Pedro, e escreveu o que este pregara
“(Goodman)”.
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