quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

MATEUS CAPÍTULO 27


Ainda outra explicação  devemos ao Dr. Bullinger: “A profecia foi primeira falada por Jeremias e depois escrita por Zacarias”.


O suicídio de Judas (1-10) “Comparando Mateus com Atos 1.16-19, parece que depois de judas se enforcar, seu corpo caiu. A citação atribuída a Jeremias é bem parecida com Zacarias 11.12,13. Isto tem sido explicado pelo fato de que o volume dos livros proféticos era geralmente conhecido pelo nome do primeiro, e no cânon judaico o primeiro era Jeremias. Outra explicação é que o nome do profeta foi acrescentado (erradamente) por alguns copistas do manuscrito original, pois vários manuscritos omitem ‘Jeremias’ depois da palavra profeta” (Treasury).
O que vemos em Judas é antes remorso do que um verdadeiro arrependimento. Um homem totalmente endurecido nem remorso teria sentido. Ofender um seu  semelhante menos santo e menos amável, não teria ocasionado comoção tão profunda.
No caso de Judas vemos o perigo de uma familiaridade com o que é espiritual e divino, sem haver constante exercício espiritual. Acontece o mesmo hoje. Facilmente se costuma cantar hinos sublimes sem prestar atenção ao seu sentido. O pregador repete tantas vezes o Evangelho que não se sente mais comovido por ele. O crente afirma que “tem a vida eterna” sem sentir o verdadeiro significado de expressão tão sublime.
“Claramente é a agonia do remorso que vemos em Judas, e não o arrependimento verdadeiro. Ele não pôde ficar com o dinheiro que ganhara, o qual, mesmo no parecer dos sacerdotes, estava manchado de sangue.”
Até mesmo aos ouvidos deles Judas grita a confissão do seu pecado em ter traído sangue inocente: não grita sangue santo ou justo, e ainda menos o Santo e o Justo.  A glória do Filho de Deus não o preocupa. Nada de chegar-se àquele em cuja companhia por tanto tempo tinha andado – não havia nenhum reconhecimento de qualquer recurso a que pudesse recorrer. Enfim, não há nada de fé, e por isso nada de arrependimento. Ele atira as moedas no santuário – a parte do templo reservada aos sacerdotes – ‘e foi se enforcar’. Em tudo isso vemos o contrário da fé. Quantas vezes ele teria visto as obras maravilhosas que testificaram que ‘o Filho do homem tem poder sobre a terra para perdoar os pecados’, mas parece não se lembrar de nada disso, ou não pode acreditar na divina misericórdia  para consigo, e por isso se atira na ruína irrevogável” (Grant).
“Que carreira e que fim! Alguns maus homens tornam-se bons, e alguns bons tornam-se maus, mas aqui um homem mau permanece mau até o fim. A sua confissão e remorso  não importam em arrependimento no sentido evangélico. O arrependimento de Pedro resultou em Santificação; o remorso de Judas em suicídio. Judas não somente vendeu o Mestre, mas a si mesmo. Que preço tem a sua alma, leitor? Alguns vendem a alma por dinheiro facilmente adquirido, outros pelos prazeres do mundo, mas Judas nada lucrou” (Scroggie).
Jesus perante Pilatos (11-31). Cristo é a grande “pedra de toque” do universo. Em contato com Ele todos se revelam. Os chefes religiosos do judaísmo descobriram o seu ódio pelo Sumo Bem; Pilatos descobriu sua fraqueza e indecisão, a sua incapacidade de exercer a justiça; o povo revela a sua preferência por um malfeitor; a esposa de Pilatos revela uma justa apreciação da inocência de Jesus; os soldados revelam seu indiferentismo e crueldade. E nós, que mostramos? Admiração? Gratidão? Obediência?
Lucas 23.2 ensina-nos as três acusações dos judeus contra Jesus perante Pilatos: 1) pervertendo a nossa nação; 2) proibindo dar tributo a César; 3) dizendo ser Rei.
“Aqui relatam-se a quarta e a sexta fase do processo de Jesus; seu primeiro e segundo comparecimento perante Pilatos. Entre os versículos 14 e 15 vem a quinta fase, o comparecimento perante Herodes (Lc 23.8-18). No Relatório do primeiro comparecimento perante Pilatos (11-14) a coisa mais notável é o seu silêncio. Ele respondeu ao governador que agia judicialmente, mas não aos sumos sacerdotes e anciãos cujo procedimento todo era ilegal. Há ocasiões quando a única resposta consoante com a dignidade e honra é o silêncio. Falar com certa gente é rebaixar-se (Scroggie).
Barrabás ou Cristo?(20-26). Barrabás tem o sentido ‘filho do pai’ (Jo 8.44), assassino desde o princípio; e o outro, ‘Filho de Deus’. Que contraste entre esse notável preso chamado Barrabás, que tinha feito insurreição e cometido homicídio (Mc 15.7), e o Santo de Deus – esse homem justo – com quem a mulher de Pilatos sonhara (v.19)! O povo teve de escolher entre os dois, um para ser solto e outro para ser morto. A mesma escolha é nossa hoje!
A crucificação (32-56). Notemos a extrema barbaridade desses tempos em que a crucificação era um suplício frequente, especialmente com castigo de escravos. “Os cidadãos romanos eram isentos desta pena, em virtude de leis especiais”(Davis).
O incidente de Simão, o cirineu (ou “lavrador”, O.129) é relatado por três dos evangelistas, mas omitido por João.
“A cruz de Cristo é o ponto central de toda a história: o universo gira em torno dessa cruz. Esta tragédia é o maior dos trunfos; esse fracasso, o maior dos sucessos. Das trevas vem vindo eterna luz; Jesus foi desamparado para que fôssemos amparados; Ele foi ferido para que fôssemos sarados. Se Ele se tivesse salvado, não teria podido salvar-nos. Se Ele tivesse fugido da cruz, nós pra lá teríamos de ir. Se Ele não tivesse morrido na cruz, Barrabás teria morrido nela” (Scroggie).
É preciso notar que o título na cruz (37) escrito em três línguas diferentes (e mais completamente em uma do que nas outras) contém a acusação de ter desafiado a autoridade romana.
Jesus nunca falou em ser desamparado pelo Pai, mas sendo “feito pecado” por nós, sentiu-se abandonado por Deus (46).
E quem dirá o agrado que, como Pai, achou Em Ti, Teu Deus, quando Ele a Ti desamparou?
O véu rasgado logo após a consumação da obra expiatória, não era obra humana, pois os homens o teriam rasgado de baixo para cima; nem foi propriamente para nós podermos entrar, mas sim para Deus poder sair em bênção para a humanidade (v.51).
O estranho incidente nos versículos 52,53 relatado somente por Mateus. Diz o dr. Goodman: “Este acontecimento deu-se depois da ressureição, mas é ligado com a morte do Senhor, sendo a lição, evidentemente, que somente na base do sangue derramado podem os santos saírem do sepulcro”.
Não podemos afirmar que o capitão romano e os soldados foram convertidos nesse momento tremendo, mas foram convidados (como o carcereiro de Filipe antes de ser crente) e, espantados, disseram que Jesus era “Filho de Deus”(v.54).
E as mulheres, de longe, presenciavam tudo! (vv.55,56).

A sepultura de Jesus (57-66) também correspondia com a voz profética (Is 53.9, V.B.). Vemos amor e ódio em atividades com respeito ao corpo de Jesus. Devemos notar que a guarda foi posta pelos chefes religiosos e não por Pilatos.

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