terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

MATEUS CAPÍTULO 13


Podemos discernir neste  capítulo um novo começo. Jesus, rejeitado por Israel (Jo 1.11), e tido por desvairado pela própria família (Mt 12.46; Mc 3.21), toma o caráter de um semeador que, não encontrando os frutos que procura, semeia, e espera uma colheita futura.


Comentário de Scofield:
No fim do capítulo 12 Jesus está dentro da casa; no começo do 13 ( mas no mesmo dia) já saiu e chegou á beira-mar. No versículo 36 Ele volta para casa.
Jesus apresenta sete parábolas: quatro á multidão, publicamente na praia, e três aos discípulos, particularmente, em casa. Todas apresentam aspectos do reino; quatro têm aspecto exterior e as outras três um aspecto mais íntimo.
As duas primeiras têm a particularidade, de serem explicadas pelo próprio Jesus. Por isso não existe dúvida sobre à sua interpretação.
Parábola do semeador (1-9). Notemos:
a) Sementeira abundante, sem economias; até mesmo cai alguma semente.
b) Terreno de uma só qualidade – Não devemos imaginar diferentes terras no mesmo campo, mas terreno em diferentes condições: Terra pisada pelo muito trânsito; terra rasa e escassa, devido ao lagedo de pedra  que lhe fica por baixo; Terra previamente ocupada, com espinhos, etc,; Terra bom, preparada para a semente: capinada, arada, regada.
c) A semente é sempre a “palavra do reino” e hoje é o Evangelho da graça de Deus. O dr. Campbell Morgan, e, mais recentemente, Alexandre Frazer, têm chamado atenção pra o caso que “a boa semente são os filhos do reino”: pessoas, não as verdades do evangelho. Pensam que isto deve-se entender na parábola do semeador tanto como na do trigo e joio. Que fruto tem esta sementeira produzido em nós? O evangelista é hoje o semeador, semeando alguma coisa de Deus revelado em Cristo, e esperando ver os frutos: alguma coisa do caráter de Cristo nos seus ouvintes.
Recentemente um expositos notou que em Mateus a “semente” é a palavra grega “sperma”, ou semente humana, e a interpretação se encontra no versículo 38, “a boa semente são os filhos do reino”. Em Lucas 8 a “semente” é a palavra grega “sporos”, ou a semente vegetal, e a interpretação está no versículo 11, “a semente é a palavra de Deus”.
Ensinando por parábolas (10-17). A linguagem é figurada, ocultando o sentido aos indiferentes e ilustrando-o para os sinceros.
Um mistério (segredo, v.11) é uma verdade outrora escondida mas agora divinamente revelada.
Comentário de Goodman:
O reino dos céus é esse reino que há de ser estabelecido na terra.
O Senhor Jesus alega três motivos por que Ele falou em parábolas.
1) “Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado”(11). Um mistério é um segredo de Deus que não pode ser conhecido a não ser mediante uma revelação. Mesmo quando revelado é muitas vezes incompreensível como, po exemplo, o grande mistério da piedade (1 Tm 3.16); mas a fé regozija-se no fato revelado, sem compreender como pode ser ( Mt 11.25). Quem são esses “vós” que ouvem a revelação ? Certamente são aqueles que o buscam (Mt 7.8; Rm 2.7), e o temem (SL 25.14), e que querem fazer a sua vontade (Jo 7.17). Ele não lança as suas pérolas aos porcos.
2)Porque “aos que têm dar-se-á”(12). Esta lei natural encontra-se também no mundo espiritual. O forte aumenta suas forças; o sábio, sabedoria; o rico, a riqueza; enquanto os outros, por falta de uso e exercício, perdem o que têm. Assim, quem ouve e observa a Palavra de Deus, cresce, enquanto o preguiçoso deseja e nada tem. Ele é preguiçoso demais para quebrar a casca (a parábola) e por isso não alcança a noz (verdade).
3) “Para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam” (13-16). O Senhor aqui cita Isaías 6.9,10. O profeta foi mandado declarar uma cegueira judicial sobre a geração pecaminosa do seu tempo. Assim o Senhor adverte a geração má do seu tempo que, devido à dureza dos seus corações, Deus lhes cegará os olhos.
Comentário de Scroggie:
Parábola do trigo e joio (24-30 e 36-43). Na primeira parábola a semente era só de uma espécie, ma havia diferença nas condições do terreno. Agora o campo – o mundo- é um só, mas há mistura de sementes.
A boa semente não é, aqui, a palavra do Evangelho, mas o que o Evangelho produz: “os filhos do reino”(v.38). Estes são semeados entre os homens, e Satanás semeia justamente o “joio”.
O ensino é que não podemos tirar o joio do mundo, embora muitas perseguições religiosas no passado tentassem fazê-lo. Mas na igreja pode haver uma disciplina purificada.
Desta parábola aprendemos que, quando Cristo age, Satanás opera também; que um dos seus modos prediletos de agir é pela imitação; que ele opera ocultamente, e nós devemos agir cautelosamente (29); que no fim tudo será acertado.
Comentário de Gray:
Parábolas da mostarda e do fermento (31-35). A figura da semente ensina o rápido e anormal crescimento da cristandade. As aves do céu simbolizam descrentes de diversas classes que, por motivos de interesse, abraçam o cristianismo e acham abrigo nos seus ramos. (Compare Daniel 4.20,22 e Apocalipse 18.2)
“O fermento representa um princípio de corrupção, operando sutilmente. A figura do fermento é empregada sempre com sentido ruim (Gn 19.3; Mt 16.11,12; Mc 8.15; 1Co 5.6-8, etc) O ensino da parábola é que o Evangelho será misturado com o ensino falso, que aumentará até o fim”.
“A mais pequena de todas as sementes”(v.32). Tomadas ao pé da letra, estas palavras podem parecer erradas, pois há muitas sementes menores que a mostarda, algumas, como as dos fetos, tão pequenas que só podem ser vistas através do microscópio! Mas nosso Salvador falava como galileu aos camponeses da Galiléia, e suas palavras, conforme todos os ouvintes entenderiam, contêm a figura de elipse ou omissão, significando simplesmente ‘ que é a menor de todas as sementes’ (usadas por vós na agricultura)” (Neil).
Parábolas do tesouro escondido, da pérola e da rede (44-58). Estas foram ditas aos discípulos em casa, e dão um aspecto mais íntimo, menos evidente, do reino. O campo é o mundo (v.38) que o homem (Cristo) comprou com seu sangue (2 Pe 2.1).
A pérola simboliza a igreja, que o negociante (Cristo) comprou (Ef 5.25-33). “Um hino diz ‘Achei a pérola de grande preço’, querendo dizer Cristo, mas isso pode não ser a significação, a não ser que a salvação seja pelas obras. Que significam, pois estas duas  parábolas? Suponhamos que o tesouro  dá o aspecto plural e a pérola o aspecto singular da mesma coisa, representando um os cristãos e a outra, a Igreja, e sendo Cristo em ambos os casos. Certamente Ele sacrificou tudo por amor da Igreja. Ele comprou o mundo para possuir a igreja; o preço foi o seu sangue. Esta interpretação apresenta menor número de dificuldades” (Scroggie).
“A rede não é o evangelho mas é uma figura do que acontecerá no fim, depois do arrebatamento da Igreja” (Gabelein).

Propostas emendas de tradução. No versículo 32 leia-se “é maior que as hortaliças”. No versículo 36 “tendo despedido” como A. e não “tendo deixado” como na V.B.(R 195). Nos versículos 39 e 40 ler “fim da época” em vez de “fim do mundo”.

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