quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

MARCOS CAPÍTULO 3

Outra vez o capítulo divide-se em quatro partes, que podemos resumir em quatro palavras: milagres, escolha, blasfêmia e família.
Uma cura e muitas curas (1-12). Aprendemos: que mesmo na casa de oração pode haver alguém imprestável para qualquer serviço; que esse tal, em contato com o Salvador, pode ser habilitado; que fazer bem é lícito em qualquer ocasião; que corações endurecidos se encontram numa sinagoga; que o mal, às vezes tem de ser exposto para ser curado (5); que um espírito imundo pode saber muitas coisas.
“A necessidade humana é manifestada mais evidentemente no incidente do homem que tinha a mão mirrada. Os judeus queriam restringir, pela sua interpretação da lei do sábado, as manifestações do poder divino em prol das misérias de que o mundo estava cheio. Então a lei era para não fazer o bem? Para deixar a morte prevalecer, ou para conservar a vida? Os fariseu ficaram obstinadamente silenciosos. Então Jesus ficou indignado pela dureza dos seus corações, e invocou o poder divino para testificar contra eles. Os inimigos de Jesus ficam confundidos, mas não convencidos, e essa inimizade uniu fariseus e herodianos para o destruírem” (Grant).
A escolha dos doze (13-18). Aqui temos preciosas indicações do “preparo para o ministério”, a saber: Ouvir a chamada de Deus e obedecer  a ela; estar junto dele num lugar retirado; sentir-se  mandado por  Ele a pregar; receber do próprio Jesus todo o poder para o serviço.
“Jesus escolhe doze apóstolos, para comunhão: ‘para que estivessem com Ele’, para serviço: e os mandasse a pregar”(14). Isso é sempre a ordem divina. Nada adianta sair e pregar se não se tem estado primeiro com Deus. Primeiro solidão, depois serviço; primeiro aparelhamento, depois empreendimento; primeiro comunhão, então comissão; primeiro preparação, então pregação. Devemos tomar o tempo necessário para nos aprontar  para o trabalho; também aprender a servir junto com outros. Imaginemos os Doze em treinamento por, provavelmente, dois anos! Cristo não quer trabalhar sem nós outros: por que, então, tentar servir sem Ele?”
A blasfêmia dos fariseus (20-30). Este trecho revela várias contrariedades, começando com os próprios parentes de Jesus (21). A contradição aqui atribuída aos escribas é referida aos fariseus em Mateus e a alguns em Lucas.
A melhor explicação que temos encontrado da blasfêmia contra o Espírito Santo foi dada por G. Goodman. ‘É culpado de um pecado eterno’, é como a V.B. traduz este solene versículo 29. Que significa isto? Como muitos têm sido perturbados e mesmo alarmados seriamente por esta expressão do Senhor, pensemos a respeito: 1) Não é ela para perturbar a consciência impressionável, pois ter uma consciência sensível é estar  na condição espiritual diametralmente oposta. O blasfemo aqui referido é uma pessoa cuja consciência está cauterizada como que por um ferro em brasa. 2) Não se refere a alguém cair em tentação, a um simples pecado ou pecados; é mais uma atitude de espírito do que um ato. 3)não significa uma simples palavra irrefletida ou descuidada, embora blasfema, porque blasfêmias e pecados semelhantes podem ser perdoados (v.28). 4) Não significa meramente atribuir a obra de Cristo ao poder de Satanás, como no caso citado. Esse era um sintoma, e não o próprio crime. Foi porque os escribas fizeram isto que Cristo apontou o perigo em que estavam (v.30). O pecado eterno é a atitude de quem, propositadamente, e em desafio à luz e ao conhecimento, rejeita, e não somente rejeita mas persiste em rejeitar os esforços do Espírito Santo e a graça de Deus oferecida no Evangelho. Tal estado para quem nele permanece sem arrependimento, exclui o perdão, porque é o pecado para a morte referido em 1 João 5.16. Isto expressa o que Cristo ensinou em João 3.18. “Esta é a condenação, que a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más”. Pecar contra a luz é uma coisa solene e fatal; continuar nessa carreira é perecer finalmente. Em qualquer tempo que haja um desejo verdadeiro de andar direito e um anelo pela paz com Deus, há a resposta da graça. “Há perdão contigo, para que sejais temido”, porque o sangue de Jesus Cristo purifica de todo pecado; somente não há esperança quando aquele sangue é calcado debaixo dos pés, em desrespeito ao Espírito da graça (Hb 10.29).
“Pode alguém hoje  cometer o pecado imperdoável? Isto ao menos é certo: quem pensa tê-lo cometido, certamente não o fez, porque quem o tiver feito não tem semelhante receio”(Scroggie).
Um parentesco espiritual (31-35). No versículo 32 devemos ler: “Porque a multidão estava assentada ao redor dele”(O.5).
Os irmãos e a mãe de Jesus não manifestam compreensão alguma do seu ministério, e querem chama-lo para fora. Por isso o Filho de Deus aponta um parentesco mais sublime e espiritual, com “qualquer que fizer a vontade de Deus”
“Jesus não veio para destruir as relações terrenas, mas para resguardá-las. Veio também para mostrar que as relações espirituais são soberanas. Parentesco natural é passageiro, mas parentesco  espiritual é eterno. Jesus não despreza sua mãe, mas põe em primeiro lugar o seu Pai”(Bengel).
Quando o natural e o espiritual rivalizam-se no nosso coração e na nossa vida, é fatal ceder ao natural. (Leia-se Lucas 9.59-62 e 14.26). É duro ser mal-entendido pelos parentes, mas a lealdade a Cristo pode tornar isso inevitável (Jo 7.5).











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