MATEUS
CAPÍTULO 8
Lepra, paralisia e
febre (1-17). Podemos notar que, até o capítulo 8 de Mateus, não lemos nenhum
milagre de Cristo, e então temos sete, um após outro, nos capítulos 8 e 9.
Depois das leis do
reino (caps. 5 a 7) temos aqui as credenciais do rei, em obras milagrosas.
Neste capítulo e até o
9.8, encontramos um grupo de curas milagrosas que servem para ilustrar milagres
semelhantes no mundo espiritual. Vemos que o pecado contamina (1-4), incapacita
(5-13), perturba (14-17), endemoninha (28-34), etc.
Notemos que o contato
com Cristo importava, então, como ainda hoje importa, em bênção para todos. A
dúvida do leproso curado(v.2) era referente a vontade de Cristo. Em Marcos
9.22, a dúvida é do seu poder.
“A oferta do leproso
curado está determinada em Levítico 14. Abrangia um ritual elaborado. Tinha,
como se observa, um sentido típico. Acompanhando até o templo este leproso
favorecido por Cristo, e observando a cerimônia, aprendemos como o pecado pode
ser expiado, o pecador santificado e recebido entre o povo de Deus” (Goodman).
O testemunho do homem
curado devia estar de acordo com a lei de Deus e não com a vontade própria
(v.4).
O centurião crente
(5-13)
1) Antes de estar com
Cristo podemos acreditar que o centurião era:
a) Um homem
disciplinado. Tinha chegado ao grau de capitão no exército romano depois de
alguns anos de disciplina militar. Estava acostumado com a ordem, pontualidade,
obediência, prontidão, vigilância, e a convivência com companheiros igualmente
habilitados.
b) Um homem acostumado
a mandar e ser obedecido.
c) Um homem caridoso,
ao menos para com os empregados.
d) Um homem que
conhecia as limitações dos médicos.
e) Um homem acostumado
a acreditar em poderes sobrenaturais.
Este homem havia muito ou pouco tempo, ouvira falar de
Jesus. Soubera das curas maravilhosas que Ele fazia. Talvez tivesse ouvido
alguma coisa dos seus ensinos. Podia tê-lo visto e ficado impressionado pelo
seu aspecto benévolo.
2) Quando estava com
Jesus o centurião:
a) Mostrou-se
respeitoso: rogou-lhe.
b) Mostrou-se humilde:
disse: “não sou digno”.
c) Mostrou-se
confiado: pediu uma cura imediata.
d) Mostrou-se contente
com pouco: pediu apenas “uma palavra” da boca de Jesus, porque tinha fé que
seria suficiente.
e) Mostrou-se
obediente. Quando Jesus lhe disse “Vai, e como creste te seja feito”, ele foi,
e achou o servo curado.
f) Mostrou-se piedoso:
amava a Israel e fizera uma sinagoga para os judeus seus vizinhos (Lc. 7.5).
Notemos que os judeus disseram “ele é digno” e ele mesmo disse “não sou digno”.
Vemos que Lucas conta
o caso diferentemente: diz que o centurião, em vez de ir ter com Jesus, mandou
alguns anciãos dos judeus com o recado. Depois ele mandou uns amigos, dizendo:
“Senhor, não te incomodes, porque não sou digno de que entres debaixo do meu
telhado” (Lc 7.6).
Podemos acreditar que
ambas as narrativas dizem a verdade. Que depois de mandar os anciãos e amigos o homem mesmo foi ter com
Jesus.
3) Depois de estar com
Jesus:
a) O centurião achou
saúde e satisfação, em lugar de sofrimento e enfermidade.
b) O centurião
valeu-se novamente dos serviços do bem-estimado empregado.
c) O centurião teve
preciosas recordações da entrevista com Jesus, sua simpatia e interesse; sua
voz carinhosa; seu sereno poder; sua palavra autorizada; seu olhar benigno; seu
discernimento e apreciação da fé. E tudo isso ele teria perdido se não tivesse mudado
de propósito e ido pessoalmente ter com Jesus .
d) O centurião tem
servido de exemplo e inspiração a
milhares através dos séculos, que tem imitado a sua fé, que tem recorrido a
Jesus para achar a salvação desejada.
A sogra de Pedro
(14-17) é um exemplo do lema “salvo para servir”.
Fraquezas humanas
(18-34). Os versículos 18-22 ensinam-nos que o caminho de serviço pode ser o
caminho de sacrifício.
Seguir a Cristo
importa ter fé: isto é, ter tanta confiança Nele que desejamos partilhar da sua
sorte, e com Ele ficamos contentes, quaisquer que sejam as consequências.
Neste trecho
descobrimos: 1) Decisão apressada: “Mestre, onde quer que fores, eu te
seguirei” (v.19). Quando a pessoa está emocionada, a carne apressa-se a agir. A
boa semente é recebida com gozo mas, não tendo raiz, murcha. Por isso o Senhor
adverte o discípulo apressado no versículo 20.
2) Obediência adiada.
Aqui temos um caso diferente: “Permite-me que primeiramente...” Para o Cristão,
Cristo deve ser o primeiro de tudo.
3)Pouca fé.
É uma coisa estranha
que a “grande fé” se encontra num gentio (v10) e a “pouca fé” nos discípulos na
companhia do Senhor (v.26). Pouca fé liga-se com grande medo.
4) Obsessão diabólica.
Aqui vemos o pecado na expressão mais terrível. Os endemoninhados, um perigo
para os outros e uma tortura para si
mesmos (v. 28).
Notemos que Mateus
fala de dois endemoninhados, Marcos e Lucas de um. Também em 20.30 há dois
cegos, e nos outros evangelhos é um. É de entender que Marcos e Lucas se
referem em cada caso apenas ao mais destacado.
Neste capítulo
encontramos a frase “Filho do Homem” que Jesus emprega a seu próprio respeito
umas 80 vezes. Não devemos pensar que isso significa “filho de um homem”,
porque Jesus não o era.
Provavelmente é uma
alusão a Daniel 7.13, e também quer frizar o fato de que Jesus participou da
verdadeira humanidade. Jesus nunca falou de si como “filho de israel”.
Parece certo que a
localidade deste milagre foi Gergesa, como diz Mateus e não Gedara, como
traduzido em Marcos e Lucas. O nome do lugar hoje é Kersa ou Gersa. O assunto é
plenamente discutido no “The Land and the Book” p. 371.
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