MATEUS
CAPÍTULO 5
O sermão da montanha: o
manifesto do Rei (1-16), no qual se nos diz quem são os súditos do reino, quais
as suas verdades fundamentais, e como se entra nele. (Lucas também registra
este sermão, mas dos 107 versículos citados por Mateus ele menciona apenas 30.)
Os súditos do reino,
seu caráter e sua influência (3-16).
Caráter e influência são intimamente ligados, pois a influência não pode
ser melhor que o seu caráter. O que somos é sempre mais importante do que o que
fazemos. Características daqueles que podem ser súditos do reino: Humildade(3),
simpatia(4), mansidão(5), retidão(6), misericórdia(7), pureza(8),
tranquilidade(9), lealdade(10-12). Estas não são qualidades que os homens
teriam escolhido.
A palavra
“bem-aventurado” repete-se nove vezes. Não quer dizer precisamente “feliz”, mas
antes útil, prestável, bem sucedido na vida espiritual.
Podemos tomar estas
“bem-aventuranças” como quadro do progresso espiritual de uma alma:
Versículo 3 – O
humilde de Espírito (VB) talvez nem sempre fosse assim antes de ter
conhecimento de Cristo, mas, tendo-se comparado com Ele, perdeu o seu orgulho
próprio, reconheceu o seu pecado, e arrependeu-se.
Versículo 4 - Vai mais
além: chora o mal, e então experimenta as consolações do Evangelho de Cristo.
Versículo 5 - Vemo-lo
depois revestido de Cristo, e “manso e humilde de coração”. Cresce em graça e
no conhecimento de Deus.
Versículo 6 - Progride
ainda na vida espiritual. Aprecia os valores verdadeiros: ambiciona, não
prazeres, riquezas, comodidades, mas justiça na sua própria vida e em redor de
si.
Versículo 7- Ainda
mais: pratica o bem, é misericordioso, é altruísta como era Cristo.
Versículo 8 - No
íntimo de sua vida, ele é puro em desejo, pensamentos e palavras.
Versículo 9 - Além
disso, é ativo em promover a harmonia entre os seus semelhantes, não olhando
apenas os interesses próprios, mas cuidando os interesses de Deus.
Versículo 10 – E mesmo
quando mal-entendido, perseguido pelos maus, ele não deixa de ser bem-
aventurado; e se a perseguição chegar ao extremo e ele for morto, conta que o
resultado será uma “melhor ressureição” ( Hb 11.35), a qual será a consumação
da bem-aventurança.
“O Rei anunciou a
proximidade do seu reino, e agora pronuncia suas leis. Estas tem dupla
aplicação: futuramente: depois do reino estabelecido; e agora, de algum modo,
ao cristão da atualidade” (Gray).
Antes de enunciar os
preceitos do reino, Jesus aponta os que poderão gozar do seu governo. “Bem
-aventurado” não é o mesmo que “feliz”, como o versículo 4 nos mostra. Significa
ser enriquecido por Deus, e esse enriquecimento é no caráter, não nas
possessões. É “o que sou”, e não “o que tenho”, que me torna verdadeiramente
enriquecido ou bem-aventurado (Goodman).
Os pobres de espírito
são os que, em vez de reagir quando o “eu” é ofendido, ocupam-se mais com a
honra do Rei. Os que choram, os que lamentam, não tanto os prejuízos pessoais,
mas a perversidade que há no mundo. Os mansos, os que, em vez de ofenderem-se,
sabem responder brandamente. Os que amam a justiça e a praticam são os que
praticam a misericórdia em obras de caridade. Os puros, os que podem esperar
mais clara compreensão de Deus. Os pacificadores, os que sabem acalmara as
contendas.
Os perseguidos e
injuriados por amor de Cristo, são os que nada têm aqui, mas esperam um futuro
galardão.
Vemos nos versículos
13-16 que os crentes são semelhantes ao
“sal”, à “luz”, e a uma “cidade”. O sal conserva da corrupção, e a luz descobre
e manifesta; uma cidade é um centro de cooperação, harmonia, e governo, e,
colocada sobre um monte é bem visível.
Sal que perde seu
valor. “Um negociante de Sidom, havendo obtido do governo o monopólio de sal,
trouxe uma quantidade imensa dos pântanos de Chipre, e alugou sessenta e cinco
casas na aldeia de June para armazenar o sal. Estas casas não tinham assoalho,
e em poucos anos o sal depositado no chão perdeu seu sabor. Vi uma grande
quantidade atirada á rua e pisada pelos homens. Semelhantes armazéns são comuns
na palestina desde tempos remotos” ( The Land and the Book).
Cristo e o velho
testamento (17-30). Ele veio dar cumprimento e atualidade às sombras e às
figuras do V.T. Também veio para dar uma interpretação mais espiritual aos
preceitos da Lei, como vemos, por exemplo no versículo 28.
Versículo 20. A nossa
justiça deve exceder a dos escribas e fariseus no seguinte:
1 –
Não sendo somente uma prática exterior, mas nascendo no coração.
2 –
Não sendo para obter honra dos homens, mas para servir a Deus.
3 –
Não sendo limitada por nossos gostos, mas obedecendo toda a vontade de Deus.
4 –
Não sendo apenas ocasional, mas sim hábito, regra da nossa vida (Goodman).
Nos versículos 21.22, “réu de juízo” refere-se
a um tribunal inferior em cada cidade, de 23 membros, que punia os criminosos
por estrangulação ou decapitação. “Réu do sinédrio” refere-se ao tribunal
superior dos anciãos, que aplicava pena de apedrejamento.
É preciso não “espiritualizar” o versículo 25,
fazendo o “adversário” uma figura de Deus! É mais prudente tomar as palavras ao
pé da letra, com a sua evidente aplicação às experiências desta vida.
Os versículos 29,30 empregam a linguagem
energética do Oriente, que como é evidente, não se deve entender ao pé da
letra, porque todos compreendem que o culpado não é o olho ou a mão, mas o
coração perverso que desejou tal pecado.
A base das boas relações sociais (27-48). Neste
trecho certos males são reprovados : Adultério (27-30); divórcio (31-32);
imprecações (33-37); represálias (38-42); ódio (43-48).
O trecho contém também ensino sobre a conduta
cristã, e descreve:
1) O caráter da conduta do crente – É submisso
(39); é bondoso (40); é altruísta (40); é prestável, e empresta, embora evite
tomar emprestado, para nada dever a ninguém (Rm 13.8); é beneficente, não
somente aos bons mas também aos maus, e diz bem até aos maldizentes; é dado à
oração, pedindo pelos amigos e inimigos, desejando a sua felicidade espiritual.
2) O padrão de vida do crente é “ como faz
também o vosso Pai” (v.45).
3) A recompensa da conduta do crente será
principalmente em ter a aprovação de Deus, também sentirá a íntima satisfação
em ter procedido bem- a aprovação da própria consciência, e, ainda mais, pode
ver o fruto imediato na apreciação que seus vizinhos hão de manifestar.
Sobre a recompensa devemos estudar com cuidado
Lucas 6.35,38. É sempre verdade que “com a medida que medirdes, também vos
medirão”.
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