O endemoninhado
gadareno (1-20). Thompson em The Land and the Book, entende que Mateus aponta,
como sendo o lugar onde este incidente se deu a aldeia de Chersa ou Gergesa, à
beira do lago.
A província dos
gadarenos (habitantes de Gadara) ao leste do mar da Galiléia, era fora da terra
Santa, e sob o domínio dos gentios. Aprendemos deste milagre de cura:
1) Que espíritos
imundos são capazes de dominar um ser humano. O espiritismo pode oferecer-nos
hoje alguns exemplos de semelhante obsessão.
2)Que uma pessoa sob tal maléfico domínio torna-se
incompatível para a sociedade de gente civilizada.
3) Que tal pessoa fica
sem sossego, sem paz; perigosa, indomável.
4) Que na presença de
Jesus, o homem se sentiu atraído e repelido. Atraído, talvez, pela graça e
compaixão do Salvador, e repelido pela santidade que reprovava a sua impureza.
De Jesus notamos:
1)Que, na presença dos
poderes diabólicos, sendo reprovado por eles, reprovou imediatamente esses
espíritos imundos.
2) Que a sua presença
inspira respeito, até dos perdidos.
3) Que exigiu uma
ampla confissão do nome e estado do possesso (v.9)
4) que, sendo rogado a
retirar-se, foi imediatamente.
5) Que recusou levar
consigo o homem curado, porque este
devia primeiro testemunhar aos seus (v.20)
O Dr. Scroggie dá as
seguintes divisões:
1)Uma criatura
miserável (1-5).
2) Um Salvador
poderoso (6-10).
3)Um pânico entre
porcos (11-13).
4) Uma grande sensação
(14-17).
5) Um servo obediente
(18-20).
Notemos os quatro
pedidos: do endemoninhado (v.10); dos demônios (v.12); dos gadarenos (v.17); do
homem curado (v.18).
“Temos um quadro do
homem curado, ‘assentado, vestido e em perfeito juízo’. Passaram o
desassossego, a veemência, a paixão. A vergonha da sua nudez está coberta, ele
tornou em si mesmo e tem juízo perfeito. Porventura pode haver um juízo
perfeito sem que se venha a Cristo?
“Mas o mundo é um
mundo caído, e Satanás o seu príncipe. Aqui vemos como isto chega a ser. Esses
que rogam a Cristo que se vá, verão o Diabo ficar. O Senhor nos explicou como
uma casa varrida e adornada convida a uma visita dessa natureza. Rogam a
Cristo, cortesmente, que se vá, pois é possível alguém rejeitar ao Senhor com
bons modos; e Ele vai mesmo.
“Mas o homem libertado
tem outros pensamentos. A graça divina tem operado no seu coração, e a
libertação de que ele tem sido objeto é uma grande realidade. Roga permissão
para ficar com Jesus, mas o Senhor tem outros propósitos a seu respeito: “Vai para
a tua casa, para teus parentes, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te
fez, e como teve misericórdia de ti”. Assim o pecador salvo é feito testemunha
da salvação que recebeu no mundo onde Cristo tem sido rejeitado. “E ele foi, e
começou a publicar em Decápolis quão grandes coisas Jesus lhe fizera” (Grant).
A mulher com fluxo de
sangue (21-34). Notemos dela: os anos do seu padecimento; os esforços inúteis
para conseguir uma cura (Lucas, o médico, refere que ela gastara com os
médicos, mas não conta que ela padecera com eles); o esgotamento dos seus
recursos; o desenvolvimento da sua moléstia (v.26); o evangelho que ouviu
(v.27); o esforço que fez; o caráter da sua fé (v.28); a rapidez da sua cura;
seu susto (v.33). Para entender “a orla do seu vestido” consulte-se Números
15.38.
Segundo Levítico
15.19, o contato com a mulher imunda contamina; mas Jesus ao invés de ser
contaminado pelo mal, curou-a.
O Dr. Scroggie marca
as seguintes divisões: sua necessidade (v.25); seus desapontamentos (v.26); sua
esperança (v.27); seu esforço (v.27); seu contato com Cristo (v.28); sua
recompensa (v.29); seu medo (v.33); sua confiança (v.33); sua confissão (v.33);
sua salvação (v.34).
Notemos a diferença
entre a mulher e Jairo. Este um homem, aquela uma mulher; este interessado na
necessidade de outrem, aquela na própria necessidade; este abastado, aquela
pobre; este veio abertamente, aquela secretamente; este pediu a bênção, aquela
tentou furtá-la. Mas ambos obtiveram seu desejo porque Cristo era a sua única
esperança.
A filha de Jairo (35-43).
Entre as lições que este incidente ensina, notemos: a) que uma interrupção pode
ser uma prova de fé. Visto que a menina estava nas últimas, a demora com a
mulher doente deve ter afligido bastante o pai da criança; b) que Jesus, ao
receber a notícia do falecimento da criança, apressou-se a reanimar o pai: “Não
temas! Crê somente!”; c) que o Salvador corresponde à medida da fé do indivíduo;
quem crê que um mero contato trará saúde, prova que assim é (v.28); quem sente
a necessidade da presença do Salvador na sua casa (v.23) terá Cristo ali
consigo; quem conta que uma palavra de Jesus será suficiente (Mt 8.8), prova
que até isto basta.
A palavra “a menina
não está morta, mas dorme” não quer dizer que ela não tinha realmente falecido,
pois Lucas 8.53 dá a certeza disso. Mas para Jesus – e para o crente- a morte é
parecida com um sono, do qual a voz divina acorda o que dorme (At 7.60; 1 Ts
4.13,14).
As palavras “Thalitha
cumi” são da língua aramaica.
Depois de a palavra do
Senhor Jesus ter dado vida à menina, era mister o cuidado dos pais em alimentar
essa vida (v.43). “As palavras provam que a menina tinha agora perfeita saúde,
a ponto de ter apetite. Embora recebesse vida por um poder extraordinário,
devia ser alimentada por meios comuns. O conselho de um pagão sobre outro
assunto é aplicável: ‘nec Deus intersit, nisi dignus vindice nodus inciderit’.
(Quando o poder milagroso de Deus é necessári, que seja procurado; quando não é
preciso, que se empreguem os meios comuns.) Agir de outro modo seria tentar a
Deus” (Treasury).
Podemos notar os
mesmos doze anos da doença e da vida da criança. Por doze anos a mulher ficando
cada vez mais fraca; por doze anos a menina ficando mais robusta, até que lhe
sobreveio uma doença repentina. Então, no momento de extrema necessidade, as
duas encontraram seu recurso suficiente e completo em Cristo.
Na bíblia há somente
sete casos são de crianças. Elias levantou o filho da viúva de Sarepta (1Rs
17.19-24); Eliseu, o filho da mulher sunamita (2 Rs 4.34-37). A maneira de
ressuscitar a criança em cada caso é instrutiva. Elias estendeu três vezes
sobre o menino e pôs a boca sobre a boca dele, os seus olhos sobre os olhos
dele, as suas mãos sobre as mãos dele, e curvou-se sobre ele, transmitindo-lhe
calor à carne.
Quão diferente o
procedimento do Senhor Jesus! “Tomando a mão da menina, disse-lhe Thalitha
cumi”. Ele era maior poderoso do que a morte. Mas em ambos os casos houve
contato.
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