ROMANOS
CAPÍTULO 3
Este trecho é uma espécie de parênteses em que o apóstolo
considera as vantagens de Israel (vv.18). Ele discursa sobre a incredulidade de
Israel e a fidelidade de Deus; entre a mentira dos homens e a verdade de Deus;
entre a injustiça humana e a justiça divina; e entende que, por meio do
contraste, as qualidades divinas são realçadas.
A conclusão do argumento (9-20). Aqui o apóstolo continua o
argumento de 2.17-29 e afirma que os israelitas (ele se inclui) longe de serem
mais excelentes que os gentios, são ainda mais culpados. E, assim, havendo no
capítulo 1 tapado a boca do pagão, e no capítulo 2 a do filósofo, agora faz
silenciar o judeu, "para que a boca esteja fechada, e todo o mundo seja
condenável diante de Deus". Paulo conclui com a observação de que a Lei
nunca pode justificar o pecador.
Não devemos entender que este trecho seja um relato completo
de cada indivíduo no mundo. É
expressamente limitado àqueles "debaixo da lei" (v.19), e é
citado para provar que Israel, apesar do seu alto privilégio de possuir
"os oráculos de Deus", era capaz de praticar as maiores infâmias.
A justificação pela fé (21-31). Este trecho merece o mais
cuidadoso estudo. Contém toda a doutrina fundamental do Evangelho. Quando o
mundo está com a boca fechada, condenável (mas não condenado) perante Deus,
então é que Deus revela uma justiça divina para os homens, visto que ficou
provado que os homens não têm uma justiça humana com que se apresentarem
perante Deus. Desta justiça que não é oferecida notamos:
1) É inteiramente gratuita, não sendo paga por nós com
merecimento, promessas, esforços ou qualquer outra coisa.
2) É pela redenção que há em Cristo Jesus. Não é apenas um
indulto. Não é revelação da antiga dívida, mas baseia-se na plena liquidação
dessa dívida.
3) É pela fé no valor do sangue derramado (22,25); fé que
reconhece uma necessidade urgente, compreende a expiação consumada, e aceita
uma oferta soberana.
4) A fé permite a Deus ser justo em justificar o crente,
visto que o pecado não é tolerado, mas expurgado.
5) É uma justiça que exclui toda a jactância, por ser
inteiramente de Deus e do seu Cristo. Alguns versículos merecem explicação mais
particular:
"Todos... ficaram aquém da glória de Deus" (v.23).
A criatura humana foi feita para glorificar seu Criador em tudo; mas todos, até
os mais santos, ficam aquém desse sublime ideal."
"Deus propôs a Cristo como propiciação, ou
propiciatório"(v.25). O propiciatório era a tampa da arca do concerto, e o
lugar de encontro entre um Deus santo e um povo pecador e propenso ao pecado
(Êx 25.22), porque ali fora espargido o "sangue que nos faz
expiação".
No propósito de Deus, Cristo é o verdadeiro propiciatório,
do qual a tampa da arca era apenas a sombra.
O versículo 30 ensina que a única justificação para o judeu
ou gentio há de ser pela mesma fé na obra redentora de Cristo.
Este versículo tem sido traduzido: "Pois Deus é um só
[para todos os homens] que justifica pela fé a circuncisão; e por meio da fé, a
incircuncisão" (C.H. 507).
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