ROMANOS
CAPÍTULO 12
Consagração e serviço (1-8). Devemos notar uma completa
mudança do assunto neste capítulo. Até aqui tudo tem sido doutrinário; daqui em
diante, tudo é prático. Os capítulos 1 a 11 tratam da verdade cristã, 12 e 16,
da vida cristã. E esta deve ser sempre o resultado daquela.
Notemos com cuidado a exortação dos versículos 1 e 2, sem
nos esquecermos da pequena palavra “pois” que liga a exortação com o capítulo
anterior. Em vista da misericórdia e compaixão de Deus, que acaba de relatar, o
apóstolo faz seu grande apelo por um “sacrifício vivo” do corpo do crente,
empregado sempre em atividades segundo a vontade de Deus.
Vemos aqui o caráter da palavra “culto” inteligente do
crente; não apenas em louvores ou no canto dos hinos, mas na consagração a Deus
de todos os poderes do seu corpo. A palavra culto é a mesma que é traduzida
serviço no capítulo 1.9.
A tradução do versículo 3 é preferível na V.B. visto que em
Almeida é um tanto incompreensível. Aprendemos deste versículo que a medida do
crente não é a do seu conhecimento, nem a da sua inteligência, nem a do seu
sentimento, mas a da sua fé, que é a medida da sua visão do invisível (Hb
11.27).
Embora a Igreja não seja mencionada antes do capítulo 16,
vemos que os versículos 48 se referem ao préstimo de cada crente para a
coletividade cristã.
O espírito santificado (9-21). Os versículos 9-16 ensinam ao
cristão como deve tratar os de dentro: os seus irmãos na fé. Ensinam preciosas
virtudes cristãs: amor não fingido; ódio ao mal; afeição fraternal; humildade
em ceder honra aos outros; energia e favor; regozijo, paciência, dependência (mediante
a oração), hospitalidade, etc. Podemos pensar se estas virtudes aparecem em
nós.
Vemos o crente agora nas suas relações com os de fora: com o
mundo em redor (vv. 17.21); vemos que o crente não é vingativo; que é honesto,
é pacificador, chegando a tratar bem os que querem ser seus inimigos.
No versículo 19 Almeida tem “mas dai lugar à ira de Deus”
mostrando que “de Deus” não está original. A V.B. acrescenta as mesmas palavras,
mas sem o grifo, deixando o leitor pensar que estão no original. E, contudo o
acréscimo pode alterar o sentido: É possível que devamos ler “dai lugar à ira
do adversário”. O acréscimo das palavras “de Deus” dá a entender que devemos
esperar a vingança divina. Mas isso não se coaduna com o espírito cristão, que
não deseja vingança alguma, nem a sua própria nem a de Deus. “O pensamento
simples e natural é o de submissão, do espírito que leva a voltar a outra face
ao adversário” (S.Ridout).
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